segunda-feira, 15 de março de 2010

Praça Castro Alves irradiando cultura

Dimitri Ganzelevitch*
Existem coisas que, de tão evidentes, passam sem ninguém notar. Exemplo? A Praça Castro Alves e suas imediações, entrada do centro histórico.
O Glauber Rocha, ex-Guarani, reformado, abriga, com patrocínio do Unibanco, um bem-sucedido conjunto de salas de cinema e uma boa livraria graças à teimosia do jovem cineasta Claudio Marques, após anos de "burro-cracias".
Logo atrás, uma obra de Lina Bo Bardi, verdadeira Bela Adormecida, espera exposições e montagens teatrais.
Em breve, teremos no imóvel que já foi sede de A Tarde, um hotel da cadeia paulista Fasano, cuja reputação de excelência é internacional. Em contrabaixo, a Igreja da Barroquinha, finalmente restaurada sonha uma programação compatível com a importância da reabilitação. Pela Rua da Ajuda, tradicional reduto de antiquários, chegamos ao Museu Afro-brasileiro que acaba de encerrar magnífica exposição sobre o Benin. Perto da Carlos Gomes, estão o excepcional Museu de Arte Sacra e a Caixa Cultural. Incluindo o monumental Mosteiro de São Bento, teremos então um conjunto de relevância única para a cultura soteropolitana.
Que tal uma comissão de responsáveis para uma política coerente e complementar?
Já imaginou o que este conjunto deveria representar para a revitalização do centro histórico? Podemos ter ali um centro de culturas mais importante que o Dragão do Mar de Fortaleza ou até o paulista SESC Pompéia. É só esquecerem divergências políticas e pessoais e proporem à cidade do Salvador uma programação que agregue todas as opções, do erudito ao popular, do acadêmico ao conceitual, passando pela literatura, dança e outros.
A Castro Alves é espaço ideal para feiras de livros, duelos de repentistas, teatro de rua etc. É bem servida de transportes públicos e os engarrafamentos são raros.
Bastam 200 metros para o acesso ao Comércio pelo elevador Lacerda. Muitos ônibus do Campo Grande, Barra, Ondina, Ribeira e Sussuarana param na praça. O vizinho terminal da Barroquinha une Liberdade, cabula e Valéria ao Centro. Não estou propondo uma viagem à lua, mas uma opção possível e barata para dinamizar o centro histórico.
* Marchant e colecionador de artes

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