sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ciclovias implantadas em Londres dobram uso de bicicleta

Apenas um mês após a implantação das ciclovias, já haviam 34% a mais de ciclistas nas ruas londrinas
Uma pesquisa feita pelo Conselho de Transporte de Londres, na Inglaterra, mostrou que os 40 km quilômetros de ciclovias implantados por toda a cidade, em meados de 2010, já estão dando resultado. Segundo o documento, o número de viagens feitas de bike na capital aumentou 70% desde então.
Em algumas regiões o aumentou passou dos 100% durante o horário de pico, diz a pesquisa. Uma enquete feita com os moradores das regiões onde as ciclovias foram construidas revelou um aumento de 34% de novos ciclistas apenas um mês após a inauguração das pistas.
Além disso, um em cada dez ciclistas disse ter aumentado o número de viagens de bike, três em cada dez compraram equipamentos de ciclismo e três quartos dos ciclistas se sentem mais seguros para transitar de bicicleta pela capital inglesa.
Segundo o diretor do Conselho de Transporte, Kulveer Ranger, os resultados reforçam o objetivo da prefeitura em aumentar o uso de bicicletas como meio de transporte. "Esta pesquisa mostra que as pessoas acreditam na importância das ciclovias, isso as torna mais seguras e permite um caminho direto até o centro de Londres”, ressalta Ranger.
Para manter a onda de bikes que vem invadindo as ruas da cidade, a prefeitura pretende investir £116 milhões entre os anos de 2010 e 2011 na infraestrutura ciclística local, em treinamento, promoção e educação.
Até o momento, já foram implantados 40 km de ciclovias, 94 pontos de parada, 46 junções de faixas, 39 espelhos de segurança, além de 2.372 vagas de estacionamento para bikes e 1.362 horas de aulas de ciclismo.
Os planos para o futuro da capital são ainda mais ambiciosos. A prefeitura pretende aumentar em 400% o número de ciclistas na cidade até 2025, em comparação aos índices de 2000, ou seja, 1 milhão de viagens por dia.
A ação faz parte de um projeto batizado de “Revolução das bicicletas” e que visa transformar Londres na capital mundial dos ciclistas. Outras ações, como a implantação de um sistema municipal de aluguel de bicicletas, unidades policiais especiais para ciclistas e 66 mil vagas de estacionamento para bikes, também estão planejadas e devem estar prontas até 2012.
Fonte: EcoD

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Sustentabilidade Urbana - Desafio contemporâneo

Raquel Nunes*
Em toda grande cidade, o meio ambiente foi alterado de forma drástica e violenta. Mananciais de água e reservas subterrâneas foram contaminadas ou destruídas por resíduos da ocupação humana desordenada. Essa dura realidade mostra claramente sua pior face quando vemos cidades com altos índices de poluição ambiental mostrarem o quanto os efeitos dessa poluição são terrivelmente sentidos por nós; através do estúpido aumento do número de fetos nascidos com deformidades e anomalias congênitas das mais diversas. Um exemplo clássico em nosso país foi à cidade de Cubatão, no estado de São Paulo. Durante muitos e muitos anos, Cubatão foi considerada uma das cidades mais poluídas do planeta.
Poluir e degradar os lençóis d’água, as fontes de abastecimento, os rios, o solo e desmatar desenfreadamente encostas e morros ou manter lixões a céu aberto; são alguns dos elementos mais comumente adotados para mostrar como o homem moderno trata o meio ambiente conforme vai se “desenvolvendo”. Através dessas ações, ele consegue apenas enchentes, doenças, deslizamentos que levam a morte e a destruição aos mais expostos ao perigo e uma péssima qualidade de vida geral para sua população.
Aplicar políticas que visem criar a cultura da sustentabilidade e da ecologia urbana nas populações de todas as faixas sociais e, principalmente, nas camadas mais baixas da sociedade; é de fundamental importância para garantir uma melhor condição de vida para todos e dar a esses “menos favorecidos” a oportunidade de aprenderem que a utilização de meios sustentáveis de conviver com o meio ambiente em torno deles pode ser muito mais do que meramente “agir ecologicamente de forma correta”. Pode representar uma grande economia de recursos estatais que podem ser revertidos para suas próprias comunidades; ou representar uma fonte de renda considerável e um manancial de oportunidades de colocação para jovens e adultos desses aglomerados populacionais.
Criar usinas de reciclagem de lixo, aplicar mão-de-obra ociosa dessas comunidades na limpeza de mananciais e de áreas degradadas pode representar um ganho econômico e social de alto impacto nessas comunidades. Criando e fortalecendo a mentalidade da sustentabilidade urbana no trato com o meio ambiente que os cerca. Promovendo um “saber ecológico” ligado à criação de fontes de renda e de aprimoramento pessoal para esses indivíduos.
Assim, a sustentabilidade urbana consiste num dos maiores desafios do homem moderno e seus governantes. Ao mesmo tempo em que devem conviver com populações que se acostumaram a viver em condições degradantes de vida e que acham “natural” que assim seja; devem lutar para criarem novas formas de sensibilizarem essas mesmas populações para a importância de agir com responsabilidade frente ao ambiente em que vivem. E, essas dificuldades, devem-se a um fator muito simples: A miséria e a baixa instrução fazem com que essas pessoas sejam pouco permeáveis a essas “boas novas”. Portanto, a melhor forma de conseguir tocar essas pessoas, é fazê-las compreenderem que poderão ganhar algo agindo de forma sustentável em relação ao meio ambiente em que estão inseridas. Daí, a importância desses programas envolvendo reciclagem de materiais e usinas de processamento de resíduos. Desta forma estaríamos tratando um grande poluidor do meio ambiente o lixo.
*Arquiteta

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

"Para o Bem da Cidade do Salvador" - Ars is Pecunia

Maria da Conceição Paranhos*
Jesus, ao lançar a execração sobre Jerusalém lançava-a simultaneamente sobre a Cidade de Todos os Santos. Nós ainda não sabíamos. Mas estamos aprendendo depressa.
Observe-se o crescente desmonte da estrutura de uma cidade ameaçada diante de nossa impotência, a impotência já crônica do cidadão brasileiro. Devastam nosso passado e se ergue um presente ambíguo, sob o pretexto ralo de um progresso tanto ou mais impreciso quanto é mentirosa a conhecida expressão “para o bem da cidade”.
Ninguém diz nada, como naquele poema atribuído a Maiakowsky cujo autor eu não conheço, mas sei que existe.
Às portas desse silêncio, embuçados no poder, bárbaros vão arrebentando a cidade toda, casa por casa, árvore por árvore, pedra por pedra.
Comento com meu amigo – interlocutor maravilhoso, a diferença brutal da Salvador de hoje para a do tempo em que eu era adolescente. Andávamos numa cidade serena, arborizada, deleitosa, de temperatura grata. Então nos deparávamos com monumentos arquitetônicos, um deslumbre. Nossos monumentos estão sendo abatidos dia após dia, em crimes contra o patrimônio histórico.
Claro. Tudo a serviço do capital, nesse triste sistema econômico-financeiro nos quais nos empurraram desde após a suplantação do mercantilismo em nossa pátria.
Outro dia, minha mãe lembrou a destruição da Igreja da Sé, que não conheci. Para deixar passar o bonde. O bonde também se foi e levou consigo as ruínas de nossa história. O mais pungente é que nos subtraem do que há de melhor na cidade. Não se nos devolvem nada que nos restaure a saudade e a alma.
De modo geral, salvas as exceções, o novo é medíocre e antiecológico, são os carimbos dos que se nos apõem em lugar da beleza.
Fosse eu prefeita dessa cidade (nunca o desejei de fato, mas sonhar com a cidade levanta esses arroubos)!
Meditaria sobre seu passado, consultaria cada um de seus recantos e mistérios. Retiraria o pó dos olhos afogados de tanta coisa feia para enxergar essa monumental cidade.
Medite-se sobre a arquitetura colonial. Beleza e praticidade, prédios com aeração ideal, construídos em favor da luz, pois sabiamente orientados, a deixar fluir as dádivas que nossa natureza privilegiada nos oferece.
Não falo em nome de um passadismo piegas nem nostalgia vã. Nossos antepassados respeitavam a natureza. Compreendiam os trópicos melhor que o capital selvagem a quem não importa o que vai se perder em termos de cultura e bem-estar. É a garra do lucro. Sempre. O lucro fecunda todos os argumentos do mundo. O lucro compra tudo e a tudo prostitui. A cidade que se dane e seus moradores que se lixem. Dinheiro é a única cultura. Ars is pecunia.
Tem gente ganhando muito dinheiro nesse lance.
* Poeta, escritora e professora da Ufba

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Ildásio Tavares

Ele era um louco, o meu amigo Ildásio, mas eu diria, à Shakespeare, no Hamlet: “é loucura, mas tem método”. Diria mais, querendo mais dizê-lo: porém sua loucura tinha mérito.
Pedro Lyra o chamava de “O maluco”.
Maluco, no seu caso, era elogio.
Marcus Accioly
*
Dono de uma agressiva irreverência, Ildásio (como, aliás, todo poeta) não poupava ninguém. Fazendo jus à tradição baiana de Gregório de Matos, ele era um novo “Boca do Inferno”. Não são poucos os que sabem de cor seus epigramas, feitos de improviso, desembuchados (pois não vinham do coração), expelidos, cuspidos por entre os dentes, mas que adquiriam – quando pousados no lápis ou assentados no papel – uma graça de garça que, após o voo vertiginoso, com a flecha do bico apanha o peixe. Basta, como exemplo, a “jóia” sobre um pintor que era poeta e vice-versa: “quando ele pinta é um acinte / aos olhos que fazem greve, / mas, por pior que ele pinte, / pinta melhor do que escreve”. A quadra estralava como um tapa em uma face, e, na outra face, soava a ruidosa risada de Ildásio, como a do personagem – João Urso – de Breno Accioly.
Para dizer de Ildásio, seria necessário escrever livros e foram livros, na vida, o que ele fez e legou. De Somente um canto até Odes brasileiras, de A roda de fogo até O domador de mulheres, foram 42 livros de poesia, ficção, ensaio e o resto. Conheci-o em Sergipe – Aracaju – quando fizemos parte da comissão julgadora de um prêmio de poesia. Publicamos, no Rio, pela mesma editora, de Eduardo e Franco Portella – Tempo Brasileiro –, no mesmo ano de 1978. Ildásio era poeta, romancista, contista, tradutor, pintor, chargista, compositor (parceiro de Vinícius de Moraes), professor universitário, crítico literário e capoeirista do Campo da Pólvora. Certa vez, durante um show de Noite Ilustrada, em Campina Grande, resolveu provar a sua habilidade como capoeirista e começou a derrubar, uma por uma, todas as cadeiras desocupadas. Outra vez, no apartamento de Pedro Lyra – em “Copacanema” – durante uma discussão sobre pintura e poesia, retirou um quadro da parede e o defenestrou do 10º andar.
Quando, perplexo, Pedro indagou: “Se atingisse, na rua, uma criança?” Obteve a resposta inusual: “Sairia em manchete nos jornais: quadro ruim assassina criança”. Ildásio morou nos Estados Unidos, passou pela luta armada, escreveu regularmente nos jornais da Bahia, dizia-se filho de santo e coisas tais. Afinal, como o nome de um dos bares da sua terra, ele era uma espécie de “Ex-tudo”, mas, se fazia tudo com graça, nada fazia de graça, ou seja, sem seriedade.
Falava várias línguas e tinha uma verve que, faltando companhia, poderia conversar um dia inteiro consigo mesmo, diante de um espelho, ou com o papagaio. O seu apartamento e sua casa, em Salvador, viviam de portas abertas para os amigos, mas, para os inimigos, poderiam apontar, por uma das janelas, um cano curto de revólver, ou longo de espingarda. Viajou em derredor do mundo e (quem sabe?) por fora do planeta. Contudo, nas suas crises, em vez de alunissar, aterrissava sempre na Bahia. Conhecíamos as quatro fases, as quatro faces, as quatro frases de Ildásio. Ligava o telefone a qualquer hora da madrugada, com a costumeira frase: “Fala, macho!”
Ildásio Márquez Tavares deixou três filhos, duas filhas e, pelo menos, três ou 30 viúvas (ele também era do ramo). Amigo de Jorge Amado, de Eduardo Portella, de João Ubaldo Ribeiro e de quase todos os baianos – como Caetano e Gil, Bethânia e Gal – ele escolheu três amigos íntimos – e, por eles, também foi escolhido – pela coincidência do mês de janeiro e do signo de aquário: Fernando Mendes Viana (de Brasília) Pedro Lyra (do Ceará – radicado no Rio de Janeiro) e eu (de Pernambuco). Como Os três mosquiteiros – de Alexandre Dumas – éramos quatro, batizados por ele de “Os quatro cavaleiros do apocalixo”. Fernando Mendes Viana se foi.
Ficamos três “cavaleiros do apocalixo”. Ildásio se foi. Restamos dois “cavaleiros do apocalixo”. Se Kierkegaard nos fala de uma única escolha – “que eu possa ter sempre o riso do meu lado”
– eu poderia escolher: que eu possa ter sempre Ildásio do meu lado.
*Marcus Accioly é poeta

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Pensando a Bahia do Futuro

Cotado para permanecer à frente da Secretaria do Planejamento do governo baiano, o economista Alberto Valença (foto), vem coordenando a elaboração do Programa Estratégico - Bahia 2023, iniciado na gestão do ex-secretário e senador eleito Walter Pinheiro.
A elaboração do Plano Bahia 2023 vem sendo feita de forma participativa, a partir do ciclo de debates Pensar a Bahia. Já foram realizadas dez plenárias temáticas, onde foram debatidos os assuntos que terão destaque no Plano, a exemplo da segurança pública, saúde, educação, infraestrutura, territórios de identidade, dentre outros. De acordo com o secretário do Planejamento, as proposições e demandas colhidas durante os debates farão parte do Plano Bahia 2023, que é um documento de planejamento de longo prazo e estabelece as diretrizes para a elaboração dos próximos três Plano Plurianuais (PPAs).
Com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento sustentável do Estado da Bahia, a Secretaria do Planejamento (Seplan) esteve empenhada em diversas ações durante o ano de 2010. Na condução da política econômica e estratégica do Governo do Estado, a Seplan incorporou o ciclo de expansão das economias brasileira e baiana e também da retomada gradual da economia mundial para elaborar o Orçamento de 2011, cujo montante atingiu os R$ 26,6 bilhões, sendo R$ 16 bilhões destinados a área social.
“O ano foi muito positivo para o Estado, com a geração de mais de 108 mil empregos, estimativa de crescimento de 7,5% do PIB, a autorização de obras importantes como a Ferrovia da Integração Oeste-Leste, a entrega dos estudos preliminares do Sistema Viário Oeste e o início da elaboração do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE)”, destaca o secretário do Planejamento, Antônio Alberto Valença, lembrando ainda que houve um incremento de 12,5% no Orçamento 2011 em relação ao exercício anterior.
Em 2010, fruto do trabalho em execução, a Bahia conquistou visibilidade no cenário internacional ao apresentar as oportunidades de investimentos, negócios e parcerias com o Estado nos segmentos de infraestrutura e logística durante missões ao exterior, a exemplo dos Estados Unidos, Espanha, Índia e China. Para o titular da pasta do Planejamento, a carteira de projetos, nas mais diversas áreas, terá um forte impacto transformador na realidade socioeconomica do Estado no horizonte de médio e longo prazo. “Estamos elaborando um plano intitulado Bahia 2023, que apresenta a estratégia do Governo da Bahia para promover as transformações econômicas, sociais e territoriais no Estado nos próximos 13 anos”, destaca Valença.
O documento que será finalizado em 2011 pontua o complexo logístico multimodal Porto Sul, que estará localizado próximo ao município de Ilhéus, como um dos principais projetos do Estado. Além de um porto offshore composto por terminais de exportação de minérios e grãos, o Complexo envolverá um pólo industrial e de serviços dentro de uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE), um aeroporto internacional, o Gasoduto Sudeste-Nordeste (Gasene), conexões com importantes eixos rodoviários nacionais e estaduais, e, principalmente, a integração com a Ferrovia Oeste – Leste.
“A ferrovia será o maior investimento em logística já realizado na Bahia, totalizando 1.490 km em toda a sua extensão, cerca de 1.100 km destes em território baiano, com obras já licitadas num valor de R$ 4,25 bilhões. Somando os investimentos federais e estaduais relacionados ao Complexo, apenas em infraestrutura logística, teremos mais de 8 bilhões de reais. Este será o projeto mais importante e transformador desde de que foi implantado o Complexo Petroquímico de Camaçari”, ressalta o secretário do Planejamento.
Outro projeto de destaque no Plano Bahia 2023 é o Sistema Viário Oeste, que engloba a ponte rodoviária ligando Salvador à Ilha de Itaparica, a duplicação da BA-001 na Ilha de Itaparica, a duplicação da Ponte do Funil e a duplicação das BA´s 001 e 046 entre Nazaré e Santo Antônio de Jesus (entroncamento com a BR-101).
O projeto encontra-se em fase de estudo preliminar e já tem assegurado recursos do Orçamento Geral da União (OGU) para a elaboração de projetos e estudos de viabilidade para o ano de 2011.
Na avaliação do secretário do Planejamento, o Vetor Oeste vem a solucionar um sério gargalo logístico da Bahia, criando uma nova conexão do complexo portuário da Baia de Todos os Santos com as BRs 101, 116 e 242, encurtando a distância entre 100 e 200 quilômetros para os fluxos que vierem do sul e do oeste. “O
Sistema também permitirá a retomada do desenvolvimento de uma região deprimida economicamente, que é o Recôncavo Baiano e a Ilha de Itaparica”, destaca Valença.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Uma Tarifa Justa

Almir Ferreira Santos*
Uma experiência brasileira bem sucedida é Curitiba que se antecipou à crise dos tranportes e do trânsito há aproximadamente 40 anos, quando foi foi concebida uma REDE INTEGRADA DE TRANSPORTES com sete categorias: convencional, expresso, interbairros, linha direta, alimentadores,circular centeo e estudantes englobando 14 municípios da Região Metropolitana
A REDE INTEGRADA DE TRANSPORTES opera com 2.367 ônibus convencionais, 163 ônibus biarticulados com capacidade de 270 passageiros equivalentes a 538 ônibus convencionais totalizando assim uma frota equivalente de 2.895, possibilitando um índice de aproximadamente de 850habitantes/ ônibus.
São sete categorias de serviços cuja programação visual é diferenciada por cores dos ônibus: o expresso é vermelho o convencional amarelo, o interbairros verde, os alimentadores laranja, o ligeirinho cinza, o circular centro branco e os estudantes azul.
Os ônibus são projetados especialmente para cada categoria como o bi-articulado com capacidade de 270 passageiros que trafega nas linhas expressas e utilizam as caneletas segregadas equipadas com detectores que dão prioridade aos ônibus nas intercessões. Nas canaletas só opera uma única linha. Assim os horários são rigorosamente cumpridos.
Compõem cinco grandes corredores: Boqueirão, Norte, Sul, Leste e Oeste.

O ônibus encosta na estação tubo, cuja plataforma está no mesmo nível do piso do ônibus. Por isso o embarque e desembarque são mais rápidos.
São equipados com uma voz fantasma que informa todas as possibilidades de conexão, fechamento das portas, número de portas que serão abertas nos pontos de parada, mensagens educativas e avisos de interesse dos usuários.
O ligeirinho, que opera na Linha Direta, tem um número de paradas reduzido, onde o embarque é feito também através de Estações Tubo, cuja plataforma se situa no mesmo nível do piso do ônibus e o pagamento da tarifa é antecipado. Dessa forma, o embarque e desembarque são quatro vezes mais rápidos do que nos ônibus convencionais.
Um elevador implantado na pista facilita o embarque e desembarque de usuários da cadeira de rodas e carrinho de bebê
A rede integrada engloba 14 municípios da Região Metropolitana, a maioria distantes aproximadamente 40 km do centro de Curitiba: São José dos Pinhais, Pinhais, Colombo, Piraquara e Rio Branco do Sul, Almirante Tamandaré, Fazenda Rio Grande, Campo Largo, Campo Magro, Araucária, Contenda e Itaperuçu. O maior deslocamento é Rio Branco do Sul a Contenda com 70 km de extensão.
As distâncias ente os pontos de parada obedecem a um critério: 400m para os expressos, 300m para os convencionais, 250m pra os alimentadores e 2000m para o ligeirinho. Por isso este último é denominado ligeirinho ou linha direta,
Compõe o sistema de 351 estações-tubo. 72 km de canaletas exclusivas, 5000 pontos de parada, 21 terminais de integração urbanos e 7 metropolitanos
Há ainda o transporte especial feito através do SITES (Sistema de Transporte de Ensino Especial) que transporta 2.600 alunos por dia em 38 linhas e atendem a 36 escolas especializadas
65% dos ônibus em Curitiba têm acessibilidade total para deficientes.
Os chamados madrugueiros garantem um transporte regular durante 24 horas
Os ônibus são limpos, bem conservados, e os motoristas educados têm uma boa postura profissional.
Dessa forma pode-se optar pelo transporte coletivo no dia-a-dia ficando o transporte individual para o lazer, não se perceber que Curitiba tem o dobro da frota de Salvador e lá não se registram os problemas de trafego como em outras grandes cidades.
A tarifa é R$2,20 de segunda a sábado e R$1,00 aos domingos que resulta uma tarifa média ponderada de R$2,03
Uma tarifa justa ! ! !

* Almir Ferreira Santos é engenheiro civil, especialista em logística e transportes

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Meu tipo Inesquecível

Armando Avena*
A antiga Seleções do Reader's Digest tinha uma secção intitulada “Meu Tipo Inesquecível”. Outro dia, sem que nem para quê, fiquei a pensar com meus botões quem seria meu tipo inesquecível. Detive-me apenas nos que já deixaram está dimensão e concluí que meu tipo inesquecível estaria representado nas figuras de Jorge Calmon e de Rômulo Almeida.
Jorge Calmon era um intelectual de escola, um jornalista extremamente dedicado e cioso do seu ofício e seu tipo sóbrio e elegante, tornou-se para mim inesquecível. E não poderia ser de outro modo, afinal foi Jorge quem descobriu em mim a vocação de jornalista ao convidar-me, ainda muito jovem, para escrever uma coluna no jornal A Tarde. E lá se vão quase trinta anos.
Muito tempo depois, quando meus livros e meus amigos Paulo Gaudenzi e Guido Guerra acenaram-me com a imortalidade, foi novamente Jorge que me tomou pelas mãos e me ajudou a entrar no Solar Goés Calmon. Jorge Calmon foi meu tipo inesquecível.
Rômulo Almeida tornou-se meu tipo inesquecível desde que, estagiário na Secretaria de Planejamento, descobri que a economia baiana recente tinha surgido da sua cabeça. Na biblioteca da antiga CPE – Comissão de Planejamento Econômico descobri que a Bahia moderna tinha sido desenhada por Rômulo nas famosas “ Pastas Rosas” e no Plandeb e que, passados muitos anos, a régua e o compasso da economia baiana ainda estavam em suas mãos. Desde então, de várias formas, na academia e na Seplan, intentei dar continuidade ao seu pensamento.
Tempos depois, no início de 1987, ouvi surpreso o governador eleito Waldir Pires dizer que Rômulo Almeida, o primeiro presidente da CPE, havia me indicado para ser o primeiro presidente da nova CPE, que havia sido extinta, e que ele iria recriar. Rômulo já era então meu tipo inesquecível.
E , assim como foram inesquecíveis na minha vida, Jorge Calmon e Rômulo Almeida foram tipos inesquecíveis de várias gerações de baianos e é com a lembrança deles que desejo um feliz 2011 a todos os baianos, especialmente aqueles que acreditam que uma idéia pode mudar o mundo
.
*Armando avena é economista e escritor

domingo, 2 de janeiro de 2011

Salvador tumultuada - II

Angelina Bulcão Nascimento*
Perplexos e revoltados, moradores da rua Morro do Escravo Miguel tomaram conhecimento no dia 30, de que, nos dias 31 e 1º, ficaríamos interditados, só podendo entrar e sair de casa com a ÚLTIMA conta de luz! E tendo que romper uma multidão de foliões. Ninguém poderia passar mal nem receber seus familiares no reveillon e primeiro dia do ano! Como se não bastassem as interdições de entrar e sair em suas casas, no Carnaval, maratonas, corridas de bicicleta, passeatas da Universal com trio elétrico.
E agora os moradores de ondina começam a padecer a construção, no lugar que era destinado a uma Praça, de um Apart Hotel com 101 apartamentos, 9 lojas e um restaurante, o que certamente trará consequencias para o já caótico trânsito de Salvador. Até o momento, não vi ninguém protestar pelo desrespeito de não sermos comunicados com antecedência, de impedirem nosso direito de sair e entrar em nossas residências, e receber nossos amigos e familiares numa data marcante do ano.
Não escutei nem li nenhuma crítica sobre a construção de um edifício, sem garagens suficientes para os 101 apartamentos, e que diminuirá mais ainda a ventilação, já prejudicada com o hotel à beira mar, fincado quase na areia da praia.
No início dos anos 90, quando construiam os prédios desta rua, que ultrapassaram os limites desejáveis, estava em vigor a Lei do Solo que limitava o número de construções, por vários motivos, inclusive relativos qualidade de vida. Ficava, pois, proibido construir à beira do mar! E o terreno defronte deveria ser utilizado para uma praça, coisa rara em nossa cidade, já tão carente de áreas verdes! Pelo visto, a Lei foi para o brejo...
Não falo apenas pelos moradores da rua citada, mas pelos habitantes de Salvador de vários bairros que a todo momento se queixam de problemas semelhantes e lamentam a descaracterização e agressão à uma cidade que está perdendo seus encantos e se transformando numa selva de pedra e palco de carnaval permanente...
Estes tristes fatos fazem lembrar um trecho de um poema que reproduzo abaixo: No caminho com Maiakóvski (fragmento de um poema de Eduardo Alves da Costa):
"....Na primeira noite eles se aproximame roubam uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,matam nosso cão,
E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz,
e, conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada..."
*Angelina Bulcão Nascimento é jornalista e escritora.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Salvador tumultuada

João Carlos Teixeira Gomes*
Em meu último artigo, prometi que completaria minhas impressões da bela Turquia, mas fiz então nova viagem, dessa feita à Polônia, e, no retorno, demorei-me cerca de um mês em Salvador.
Confesso que não gostei do que vi.
Sem meios-termos, devo dizer que a cidade me pareceu tumultuada e, em alguns aspectos, em processo de degradação urbana.
Possuo meus próprios critérios de investigação e o mais óbvio é ouvir taxistas sobre a atuação dos governantes. Posso garantir que em Salvador Jaques Wagner (a reeleição já o havia provado) está em alta, mas o prefeito João Henrique recebeu condenação unânime. E não só entre os taxistas: o povo nas ruas o desaprova. Muitas pessoas me disseram que hoje ele não mais se elegeria. Não foi à-toa que foi escolhido o pior prefeito do Brasil.
Várias são as críticas ao prefeito, a maioria se concentrando no problema do metrô.
Não custa lembrar que esse foi um reiterado item de campanha eleitoral, sempre descumprido. Há um detalhe que não pode ser omitido: Salvador talvez seja a única cidade do mundo em que o metrô, em vez de ser subterrâneo ou de superfície, é aéreo! Refiro-me, obviamente, à inconcebível linha do Bonocô. Abro meus artigos para alguém que possa me explicar por que, com tantos espaços nos canteiros das avenidas de vale, Salvador teve que construir uma longa linha de metrô elevado, montado sobre pilares e estruturas custosas.
É claro que João Henrique não pode ser responsabilizado por essa parte das obras, anteriores à sua administração, mas a ineficiência com que vem se conduzindo em relação ao resto do percurso e ao início do funcionamento do modesto trem urbano da Bahia é espantosa. Vários cidadãos me disseram: ele exibiu os vagões nos trilhos para se reeleger e depois deu sumiço em todos! Mas não é só isto: a desordem das construções na capital baiana é evidente. A orla marítima, urbanizada pelo pai do atual prefeito, está tomada pelo mato alto e horrendas construções em decadência, com destaque para o constrangedor monstrengo visual em que se transformou o Aeroclube Plaza. Em qualquer outra cidade do mundo, a prefeitura zelaria para que fosse a mais bela e nobre das áreas urbanas, à beira-mar plantada. Na Bahia, virou o símbolo da desorientação e da ineficiência administrativa.
Zonas de densa vegetação são hoje devastadas com o consentimento da prefeitura, tal como ocorreu com o Horto Florestal (li protestos em A TARDE), para dar lugar a gigantescos espigões, que, aliás, marcam agora, na atual gestão municipal, todos os pontos da cidade, gerando um aspecto atordoante para o visitante e torturante para o morador. Que será do futuro da cidade diante desse caos anunciado? O que a Bahia tem hoje de melhor deve exclusivamente à iniciativa privada, a exemplo do magnífico Salvador Shopping e outras obras enriquecedoras do tecido urbano, responsáveis pela dinamização dos acessos viários, pois a prefeitura, no particular, já no segundo mandato de João Henrique, nada fez de significativo. Não foi capaz sequer de aperfeiçoar o escoamento do tráfego que sai do shopping na direção da Avenida Tancredo Neves, outra área prematuramente degradada, pois, longe de ser a grande avenida de convivência social da Bahia moderna, é apenas uma estrada de rodagem de segunda categoria, frequentemente tumultuada (como toda a cidade) por um tráfego desordenado e infernal.
João Ubaldo Ribeiro me confessou que não vai mais à Bahia porque não há mais ruas para andar. Acha que a cidade ficou intransitável.
Salvador não é mais uma cidade para pedestres.
Não espanta que o Tribunal de Contas tenha rejeitado, unanimemente, as contas de João Henrique. Em suma, o prefeito, do qual tanto se esperava como liderança política nova, paga hoje o preço de ter eliminado da sua convivência elementos que foram decisivos para a sua condução ao poder e seriam relevantes, sem dúvida, para o seu desempenho. Mal dirigida, a nau municipal afunda, com a cidade levada no torvelinho do caos urbano e da falta de planejamento.
*João Carlos Teixeira Gomes é Jornalista, membro da Academia de Letras da Bahia. Foi editor do Jornal da Bahia
**Artigo publicado originalmente no jornal A Tarde