sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A melhor Lição de Avatar

Jean Wyllys *
O mundo representado em Avatar – novo filme de James Cameron – não está tão além de nossa imaginação como alguns afirmam. Existem povos e pessoas que mantêm, com a natureza, relação semelhante à do povo Na’vi. Os indígenas e os adeptos do candomblé são alguns desses povos e pessoas. Por ignorância ou falta de repertório cultural, a maioria dos milhões de brasileiros que tem ido ao cinema assistir ao filme não consegue fazer tal comparação. Por isso mesmo, é importante que ela seja feita aqui e agora e que seja explorada ao máximo por professores dos ensinos fundamental e médio, sobretudo neste momento delicado em que terreiros de candombé de Salvador vem sendo atacados por criminosos e/ou “demonizados”por cristãos fundamentalistas e por uma mídia igualmente ignorante (aliás, em Avatar, o povo Na’vi é também atacado é vítima de preconceitos e tem seu "terreiro” destruído por armas e ferramentas de guerra). Para os adeptos do candomblé, a natureza é viva e, dela fazemos parte; a ela, estamos conectados profundamente......
Desespero semelhante ao do povo Na'vi diante da derrubada da grande árvore pode ser visto em terreiros cuja gameleira de fundação morre ou tomba. A ialorixá ou babalorixá e seus filhos choram a morte da árvore que representa o tempoi, o tempo do próprio terreiro A cena em que uma na'vi ensina o avatar a sacrificar o animal que servirá de alimento de forma "limpa", quase indolor, representa bem a maneira como animais são sacrificados em rituais de candombé. Ao contrário do que os ignorantes e preconseituosos propagam, não há crueldade em nenhum dos sacrifícios em rituais de candoblé. A razão do ritual é alimentar a família do terreiro, inclusive os pais e as mães ancestrais que estão na orígem de tudo, os Orixás.......
Os modos de vida do povo Na’vi não são frutos da imaginação criativa de James Cameron. O diretor certamente se inspirou em tratados antropológicos sobre povos que tem a natureza como algo sagrado (ver James Lovelock e a Teoria de Gaia); como uma “Grande mãe”; e, entre esses povos estão nossos indígenas (Yanomanis principalmente) e o povo de terreiro.
Assism, os que poluem, desmatam, profanam terreiros ou demonizam os orixás, eu deixo a melhor
lição de Avatar: o que a natureza deseja sempre é manter seu equilíbrio, mesmo que, para tanto seja necessário a extinção do” Homo Sapiens” e toda sua soberba de primata superior.

*Jornalista e escritor
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Não somos meramente uma doença; somos, por meio da nossa inteligência e comunicação, o sistema nervoso do planeta. Através de nós, Gaia se viu do espaço, e começa a descobrir seu lugar no Universo. Nós deveríamos ser o coração e a mente da Terra, não sua moléstia. Então, sejamos corajosos e paremos de pensar somente nos direitos e necessidades da humanidade, e enxerguemos que nós ferimos a Terra e precisamos fazer as pazes com Gaia. Precisamos fazer isso enquanto somos fortes o bastante para negociar, e não uma turba esfacelada liderada por senhores da guerra brutais. Acima de tudo, precisamos lembrar que somos parte dela, e que ela é de fato nosso lar"" James Lovelock. (Folha de SP, Mais!, 22/1/08)

Um comentário:

  1. Pode contar com meu apoio... Adoooooooooooro Dimmy e sempre que podia ouvia o programa dela numa rádio na internet... Fiz uma comunidade "Eu ouço Dimmy Kieer" no Orkut...
    Beijos a todos e a todas.

    Valdeck Almeida de Jesus
    Escritor, Poeta e Jornalista
    Presidente do Fã-Clube "Eu Amo Jean Wyllys"
    www.jeanwyllys.com e www.galinhapulando.com

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