
O mundo representado em Avatar – novo filme de James Cameron – não está tão além de nossa imaginação como alguns afirmam. Existem povos e pessoas que mantêm, com a natureza, relação semelhante à do povo Na’vi. Os indígenas e os adeptos do candomblé são alguns desses povos e pessoas. Por ignorância ou falta de repertório cultural, a maioria dos milhões de brasileiros que tem ido ao cinema assistir ao filme não consegue fazer tal comparação. Por isso mesmo, é importante que ela seja feita aqui e agora e que seja explorada ao máximo por professores dos ensinos fundamental e médio, sobretudo neste momento delicado em que terreiros de candombé de Salvador vem sendo atacados por criminosos e/ou “demonizados”por cristãos fundamentalistas e por uma mídia igualmente ignorante (aliás, em Avatar, o povo Na’vi é também atacado é vítima de preconceitos e tem seu "terreiro” destruído por armas e ferramentas de guerra). Para os adeptos do candomblé, a natureza é viva e, dela fazemos parte; a ela, estamos conectados profundamente......
Desespero semelhante ao do povo Na'vi diante da derrubada da grande árvore pode ser visto em terreiros cuja gameleira de fundação morre ou tomba. A ialorixá ou babalorixá e seus filhos choram a morte da árvore que representa o tempoi, o tempo do próprio terreiro A cena em que uma na'vi ensina o avatar a sacrificar o animal que servirá de alimento de forma "limpa", quase indolor, representa bem a maneira como animais são sacrificados em rituais de candombé. Ao contrário do que os ignorantes e preconseituosos propagam, não há crueldade em nenhum dos sacrifícios em rituais de candoblé. A razão do ritual é alimentar a família do terreiro, inclusive os pais e as mães ancestrais que estão na orígem de tudo, os Orixás.......
Assism, os que poluem, desmatam, profanam terreiros ou demonizam os orixás, eu deixo a melhor

*Jornalista e escritor