domingo, 17 de maio de 2009

Minha querida rua Treze (final)

Almir Santos
Os bondes eram o único meio de transporte da rua. Passavam pela Rua Garibaldi as linhas 14 – Rio Vermelho, 16 – Amaralina e 36 – Segundo Arco. Quando precisávamos de um transporte especial meu pai recorria aos serviços dos carros de praça. Lembro-me bem de Inocêncio, João Costa Santos, Humberto, Manuel de Lucila. Mas o preferido mesmo, o pioneiro, era Seu Candinho, que morava próximo, na rua dos Protestantes. Seu carro era um Chevrolet 37, placa 1448. Sempre que íamos ao Bonfim usávamos seus serviços.
Meu pai, Álvaro, era muito querido. Uma figura carismática. Tinha um grande espírito público. Sem ser político, mas com um bom relacionamento com as autoridades, ia conseguido as melhorias para a rua: alargamento, pavimentação, iluminação, água encanada etc
Basta dizer que a Rua Treze sendo uma transversal, foi pavimentada antes da rua principal.
Outra conquista foi a primeira linha de ônibus: Segundo Arco-Praça da Sé. Os primeiros ônibus que operaram nessa linha foram os de números dois e três. Euclides, que dirigia o número dois, era o mais efetivo e mais simpático dos motoristas que se revezava com Borracheiro, Base Aérea, Djalma e Hildebrando.
Entre os cobradores, os mais efetivos eram Lindo Olhar, Ailton, Macaco, Pileque e Mário Bocão.
Era um transporte folclórico. Não havia horário. Como os motoristas ganhavam por comissão, ficavam esperando o bonde para saírem na frente e angariarem mais passageiros.
Os ônibus eram marca Ford a gasolina, 28 assentos. Mas a linha chegou a contar com ônibus, Mercedes, zero quilômetro com 36 lugares.
Mas o meu pai não se limitava a conseguir melhorias para a nossa rua.
Era muito alegre e adorava organizar festas de queima de Judas e festas de São João. Sempre com o apoio de minha mãe.
Há até a história de um balão de 16 metros que parecia um zepelim com três bocas, construído por ele. Foi um sucesso, muito comentado. Quando o balão passou nas proximidades do campo da Graça, o locutor Ubaldo Câncio de Carvalho, que transmitia um jogo, deu um especial destaque ao acontecimento.
Mas a grande alegria da família aconteceu em 1958.
Meus pais completaram bodas de prata. Minha irmã Noélia terminou o curso de contabilidade, Nely completou 15 anos e, juntamente com meu irmão Ayrton, concluí o curso de engenharia civil.
Realmente um ano de muitas alegrias. Ano de bodas, festa de 15 anos e formaturas.
Foram 40 anos bem vividos.
Estas são as histórias de MINHA QUERIDA RUA TREZE, cujas páginas do tempo não podem mais voltar.

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