domingo, 31 de maio de 2009

Indicação de viagem: Pucon

Aos pés do vulcão
por Fabio Rigobelo

Antes de chegar a Pucón, ainda na cidade de Villarrica, na extremidade oposta do lago de mesmo nome, um cheiro peculiar começa a tomar as narinas: a lenha que queima em praticamente todas as casas e estabelecimentos das duas cidadelas deixa no ar um constante odor de lareira, amadeirado e defumado, como um perfume indicando conforto e calor.
Localizada 785 km ao sul da capital do Chile, Santiago, Pucón tem características que fazem dela uma espécie de Campos do Jordão chilena, guardadas as devidas diferenças: é uma cidade encravada nas montanhas (no caso, nada menos do que os Andes chilenos), assumidamente turística e de clima frio, cheia de bons hotéis, opções de lazer e paisagens elegantes, com um leve ar europeu. Um gigante não adormecido, porém, é o grande atrativo dessa pequena cidade.
Como uma imensa sentinela guardando Pucón, o Villarrica pode ser considerado o "vulcão ideal": simétrico, lembra o formato do monte Fuji, no Japão. Sempre coberto de neve e constantemente soltando fumaça, ele teve sua última grande erupção em 1984. Os caminhos abertos pela lava são agora córregos de águas límpidas de fundo escuro, resultado da solidificação do material incandescente que desceu rumo ao lago queimando tudo.
Com 2.847 m de altura, o Villarrica é o principal destino dos aventureiros que visitam Pucón. De carro ou van, chega-se rápido ao centro de esqui localizado na base da montanha, a 1.200 m de altura e a 12 km de distância da cidade.
Apesar de simples, se comparada aos superequipados centros de esqui de Santiago ou do Valle Nevado, a estação de Pucón oferece nove teleféricos e aluguel de todo o material necessário para quem quer esquiar. Quem curte caminhar não deve perder a fantástica vista da cratera do vulcão. Ir ao topo e voltar, porém, não é brincadeira e leva cerca de quatro horas. Mas o visual compensa o cansaço e uma provável dor de cabeça, causada pela altitude.
Bela vista - Cortada pela simpática avenida O’Higgins, Pucón tem boas opções de comércio e vários cafés e restaurantes simpáticos. Objetos do artesanato mapuche (os nativos daquela região), roupas de lã e equipamentos para esportes dominam as vitrines da cidade.
Seguindo a mesma avenida em direção ao lago, chega-se a um destino peculiar: com sua areia negra e água geladíssima, La Poza, a principal e minúscula "praia" de Pucón, fica lotada de famílias chilenas, de fanáticos por esportes aquáticos e de turistas durante o verão. É um cenário privilegiado para quem se hospeda no Gran Hotel Pucón, o mais antigo da cidade (1936).
Nada comparado à maravilhosa vista que se tem de qualquer quarto do Villarrica Park Lake Hotel, localizado em um ponto do lago sem praia, a 13 km do centro, na bucólica estrada que liga Pucón a Villarrica.
Abrir as cortinas de manhã, ao acordar no Villarrica Park Lake, é um convite à contemplação: com sorte, é possível observar coelhos no jardim, enquanto a névoa vai se dissipando e revelando os patos em sua água prateada.
Com 70 quartos e um spa formidável, o Villarrica hospedou em sua suíte presidencial, em 2003, o então casal Leonardo DiCaprio e Gisele Bündchen, devidamente acompanhado da família da top, acontecimento largamente divulgado pelos orgulhosos funcionários do hotel.
Um pouco mais perto de Pucón, a cerca de dois quilômetros do centro, fica o hotel Antumalal, construído em 1945 pelo arquiteto chileno Jorge Elton. Hoje decadente, o prédio ostenta, nas paredes do hall de entrada, fotos de erupções do Villarrica. Há imagens também da rainha da Inglaterra Elizabeth 2ª, que se hospedou por ali nos anos 1960.
Cravado à beira do lago Villarrica, o Antumalal ostenta as formas modernas e funcionais típicas da arquitetura da Bauhaus, mescladas com muita madeira, pedras e peles de animais.
Já o Hotel del Lago, localizado logo atrás do Gran Hotel Pucón e um dos grandes da cidade, não precisou da ira do vulcão para arder em chamas: pegou fogo em 2007, lotado de hóspedes. Ninguém se feriu, mas o prédio continua vazio. Seu grande diferencial, porém, continua ativo: livre do incêndio, o Enjoy Casino & Resort, logo ao lado, tem unidades espalhadas por todo o Chile, onde o jogo é permitido e funciona a todo vapor.
Escondidas sob as paisagens frias da região de Pucón e Villarrica, com seus vulcões cobertos de neve, existem fontes de águas termais, aquecidas pela mesma lava que jorra dos vulcões e responsáveis por cerca de dez estações termais, todas com acesso fácil desde o centro de Pucón.
Divididas conforme a temperatura, as piscinas do parque termal Menetúe, localizado a aproximadamente 30 km do centro, deixam qualquer um relaxado, com águas naturalmente aquecidas a mais de 30ºC. Banhos de barro, saunas, duchas e um restaurante são outras opções de lazer, abrigadas sob uma construção rústica, com muita madeira e vidro, através do qual é possível ver os corajosos frequentadores que ousam entrar nas piscinas descobertas, onde a temperatura externa, no inverno, fica por volta de 5ºC.
No caminho para Menetúe é possível ver bem de perto o rio Trancura, cenário de esportes radicais, como rafting e rapel, principalmente nos dias mais quentes. Rodeada por riachos de águas cristalinas, lagos grandes e pequenos e parques nacionais, Pucón reúne os requisitos ideais para quem procura contato direto com a natureza, alternando esportes de inverno e o aconchego dos seus hotéis.
ONDE FICA
Pucón fica no Distrito dos Lagos, na nona região chilena (Araucanía). Durante o inverno, o aeroporto da cidade fica fechado. É preciso tomar um voo de Santiago até Temuco e, depois, um ônibus para Pucón (cerca de 110 km de distância)
PARA QUEM Famílias, casais, amantes de esportes radicais
QUANDO IR De julho a setembro, para quem quer esquiar; dezembro a fevereiro, para aproveitar a "praia" e o verão
MOEDA R$ 1 = 278 pesos chilenos, aproximadamente (cotação da última quarta-feira)

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