domingo, 20 de setembro de 2009

Baianos criativos e inovadores. Escultura, Israel Kislansky



O escultor Israel Kislansky é um baiano radicado em São Paulo há 26 anos. Sua ida para a capital paulista é atribuída a diversos episódios entre eles à vontade de conhecer outros lugares. Formado pela Faculdade Santa Marcelina, começou sua carreira como pintor, dedicando-se a escultura a partir de 1990. “Não houve propriamente um começo, sempre estive desenhando, envolvido com arte, sejam as artes plásticas, música ou teatro. A passagem da pintura para a escultura faz parte de uma dessas transições. Talvez a escultura é a mais permanente pelo fato de ser a que mais se profissionalizou, ou seja, estou ligado a ela por compromissos diversos, desde encomendas, aulas e a minhas próprias demandas pessoais”, conta Kislansky.
O artista já realizou diversas exposições, prêmios e obras públicas, entre eles desatacam-se a criação do troféu do Grande Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo (1998), e a obra Semear (1996), instalada na praça Klaus Walter Zulauf, no bairro do Morumbi, em São Paulo. Em 1999 lecionou o curso de A Modelagem do Corpo Humano no Mube (Museu Brasileiro de Escultura).
Suas obras retratam a figura humana, em especial o corpo feminino. “Sempre desejei fazê-lo, é algo que quis e demorei bastante para aprender e criar de uma maneira que me agradasse minimamente. Ainda estou aprendendo muito”, revela. Sua especialidade é a modelagem figurativa. Sempre buscou o modo verdadeiro de tratar as imagens, ele não acredita que a maneira mais “naturalista” a qual utiliza nas peças, sejam necessariamente a mais humana e verdadeira. “Existem infinitas formas plásticas para se falar do homem e principalmente dizer a verdade”, conta.
Ao ser questionado como define suas obras, Kislansky fala que sempre será difícil para um artista definir o seu trabalho. “Essa é uma tarefa do crítico e mais que dele, das pessoas que buscam formas de identificar aquilo que vêem. Essas definições servem para que possamos designar as coisas e, às vezes, o fato de não se saber exatamente como classificar uma obra de arte pode ser até salutar”, explica.
Suas peças são feitas em argila. O processo utilizado é chamado de cera perdida. Que é uma técnica milenar e que consiste em reproduzir a obra em cera oca como um ovo de páscoa, depois ela é revestida de massa refrataria e após isso queimada, em seguida perde a cera que por sua vez é substituída pelo metal líquido.
O escultor utiliza essa técnica desde muito jovem, quando estudou com José Antônio Van Acker, seu mestre de escultura e pintura, assim habituou-se à docilidade da argila. A cerâmica possui muitas restrições técnicas durante a modelagem, devido aos cuidados necessários para a queima, que a fundição dispensa.
Não poderia falar de Israel Kislansky, sem mencionar seu Atelier de Escultura. O espaço atende cerca de 40 alunos, entre eles estudantes e profissionais que buscam um ambiente de aprimoramento e desenvolvimento nas principais técnicas de esculturas – Modelagem do Corpo Humano, Pedra, Cerâmica e Madeira.
Além de artista e professor, Kislansky é um grande propagador de idéias. Ele costuma dizer que fazemos arte e a consumimos por necessidade. Que ela é um fenômeno natural, como pregava o Van Acker. “Sempre achei essa uma idéia sabia. A arte é simplesmente a nossa necessidade da criação de um outro mundo, um lugar faz de conta. Uma das coisas mais fantásticas do ser humano é essa necessidade de rever a vida recriada nesta nova matéria." conta.

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