quarta-feira, 3 de junho de 2009

A Orla de Salvador

Almir Santos

Muito oportuno o Seminário Orla Atlântica de Salvador, realizado nos dias 28 e 29 promovido pelo CREA

Participaram do evento O Fórum de Entidades em Defesa dos Interesses Coletivos da Cidade do Salvador e Região Metropolitana, A Cidade Também é Nossa e O Movimento Vozes de Salvador.

Destaque para a palestra do Arquiteto Paulo Hormino Azevedo, presidente do IAB e consultor do IPHAN, que propõe um novo zoneamento da área tombada desde 1950 entre O Costa Azul e Piatã.

De fato, a requalificação da Orla vez em quando volta à pauta do Estado e da Prefeitura, mas sem uma solução definitiva.

Se virarmos as páginas da história, sem exagero, pode-se afirmar que os problemas da Orla Atlântica de Salvador datam da sua implantação nos anos 40, quando foi concebida a estrada Amaralina-Aeroporto, hoje Avenida Octávio Mangabeira.

Ao longo dessa estrada havia pequenos aglomerados de casas e o Aeroclube de Salvador. Itapuã era basicamente uma vila de pescadores e local de veraneio. O grande projeto existente era o Loteamento Cidade Luz, que deu origem ao grande Bairro da Pituba.

Naquela época também foram construídos o prolongamento da Rua Osvaldo Cruz e a nova Avenida Amaralina, da Rua Marquês de Monte Santo até onde hoje se situa o Largo das Baianas.

O espaço entre Amaralina e Itapuã era na verdade um grande vazio.

O primeiro equívoco foi o lançamento da linha da estrada muito próxima à praia.

O segundo foi não ter sido preservada uma área suficiente para uma futura duplicação.

Enquanto isso, a Prefeitura concedia licença para loteamentos inexpressivos de projetos de má qualidade. O pior é que o mau exemplo se propagou até hoje em direção norte, ultrapassando os limites dos municípios visinhos. No geral a orla, com um todo, tornou-se inacessível para o visual e para o público.

Desta forma destruiu-se a paisagem do que poderia ter siso amaior e mais bonita avenida parque do país.

Quando se pensou na duplicação já era tarde. Havia uma densa ocupação, autorizada ou não, que impossibilitou e elaboração de um projeto de boa qualidade, tanto do ponto de vista de tráfego, como de traçado e tratamento paisagístico.

Uma ocupação desordenada, anárquica. A beleza do mar e dos coqueirais é ofuscada muitas vezes pela existência de edificações de um tremendo mau gosto, consolidadas face a omissão das administrações municipais.

Há ainda de se registrar as “invasões do colarinho branco”, ocorridas na Pituba, nos seus dois primeiros quilômetros, quando alguns proprietários de lotes avançaram seus gradis até o acostamento da antiga estrada. Não fora isso o trecho Amaralina-Clube Português poderia ter uma maior caixa.

Que as propostas apresentadas no Seminário resultem em ações dos poderes públicos e que a cidade, ainda que muito tarde, recupere uma área que apresenta sinais evidentes de degradação.

O custo será muito elevado, inclusive o social.

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