quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A hora de dizer a verdade no sertão de Salvador

João Marcelo Alves Coelho* Com a proximidade das eleições municipais, a mobilidade urbana está na agenda política dos candidatos, especialmente de grandes centros urbanos como Salvador. Apesar do nome difícil, a mobilidade urbana tem forte apelo popular, pois afeta diretamente a qualidade de vida dos cidadãos e a competitividade das empresas, uma vez que está associada à produtividade do trabalhador e aos custos do trânsito de mercadorias. Objetivo comum a todos os segmentos sociais, melhorar a mobilidade urbana é um processo que exige não apenas vontade e alinhamento político nas esferas municipal e estadual, mas capacidade de planejamento, disciplina de execução e, sobretudo, qualidade de informação. Conhecer o que se passa hoje em Salvador e Região Metropolitana é essencial para planejar o crescimento da cidade e do seu entorno e melhorar a condição de trânsito dos cidadãos e visitantes. Não se pode confundir informação com percepção. Como moradores da cidade, podemos saber onde se encontram alguns dos gargalos do trânsito, bairros em que falta transporte público ou zonas com crescimento desordenado. É provável que o poder municipal possua uma visão consolidada melhor e o mapeamento de onde se encontram os "nós" de mobilidade na cidade. Mas nada disso atende ao nível de informação necessário ao planejamento eficaz. É preciso transformar fatos em dados quantificáveis e abrangentes sobre o que influencia a mobilidade urbana, que resultem em estatísticas confiáveis e possibilitem o cruzamento de informações para medir, relacionar variáveis e servir de apoio a decisões. Para conhecer a realidade da mobilidade em Salvador é preciso, por exemplo, identificar e medir os fluxos nos diferentes modais de transporte, saber onde as pessoas moram, trabalham, compram e se divertem, com que frequência e onde os acidentes ocorrem. Esses dados servem de base ao planejamento futuro e podem melhorar o presente, ao possibilitar ações preventivas e a melhor alocação dos recursos públicos disponíveis. Algumas cidades brasileiras já enxergam a importância da cultura de informações para o planejamento urbano de curto e longo prazo. No Rio de Janeiro foi criado, em parceria entre a prefeitura e a IBM, um centro de operações que monitora o que acontece, 24 horas por dia, com o uso de mais de 100 câmeras espalhadas pela cidade. O sistema permite a comunicação, em tempo real, dos serviços que fazem a cidade funcionar, acelerando a tomada de decisões e a solução de problemas. Os dados assim gerados podem ajudar a estabelecer padrões, criar projeções ou identificar tendências e perfis de comportamento da população. Conhecer em profundidade a RMS, com dados estatísticos abrangentes e confiáveis, é o primeiro passo em direção à uma cidade mais inteligente e prerrogativa para o planejamento eficiente, que promova o crescimento ordenado e facilite o trânsito de pessoas e mercadorias. *Superintendente de Desenvolvimento Industrial da Federação das Indústrias do Estado da Bahia.

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