domingo, 16 de maio de 2010

Os galpões do Porto de Salvador

Estação Docas - Belém do Pará
Dimitri Ganzelevitch*
Esporadicamente as sucessivas administrações municipais propôem um novo projeto para os antigos galpões do Porto de Salvador. Cada um mais exdrúxulo que os anteriores. Um inventou, logo após os ataques ao World Trade Center, construir duas torres. Não faltaram piadas contra tal proposta. Outro imaginou um shopping center, que é, como todos sabem, a solução a qualquer problema urbano e social. Mas não vamos listar as divagações de nossos edis e seus comparsas. O mais estranho é que todos conhecem perfeitamente as felizes iniciativas de Lisboa, Barcelona, Buenso Aires e até Belém de Pará (foto abaixo), mas ninguem quer aproveitar a experiência alheia.
Nunca entendí o porque desta obsessiva necessidade de destruir em vez de adaptar. Neste milênio que começa a tomar consciência das mazelas da sociedade de consumo exarcebado, passou da hora de pensarmos sete vezes antes de derrubar e implodir. Temos oito imensos armazéns construídos na primeira metade do século passado para reforçar a economia do Estado, já que, naqueles tempos tudo dependia de navegação. Quem consagrar algumas horas a esta parte de Salvador vai se surpreender com o tamanho e a elegância despojada destes galpões. Sim , porque beleza também reside na simplicidade. Querem reabilitar o Comércio? Então comecem pela recuperação e adaptação destes imóveis. Quem for passear por esta parte da Cidade Baixa advinhará novas energias pulsando, sempre por iniciativa privada - Cais Dourado, Museu du ritmo, amanhã Trapiche Barnabé, etc. - apesar de a prefeitura afogar boas intenções em burocracias mil, levando até um ano para licenciar a mais simples reforma.
O que fazer com os galpões? A lista é longa. Desde salas para ensaios de bandas - comtratamento acustico adequado - a teatros, cinemas galerias, salões para grandes exposições, conjunto de lofts, restaurantes e pizzarias, sem esquecer um projeto paisagístico para recolocar o verde tão ausente das decisões urbanisticas de nossos municípios. Já imaginaram sentar com um bom espumante numa esplanada virada para o poente no Réveillon, olhando para a baía e assistir a belos fogos de artifício?
* Dimitri Ganzelevitch é Marchant e presidente da Associação Cultural Viva Salvador

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