terça-feira, 18 de maio de 2010

Mobilidade Urbana - A novela do Metrô de Salvador







Osvado Campos Magalhães*

O editor do Caderno Cidades do Jornal A Tarde, Edson Rodrigues chama a atenção para a parte ética da questão.

Citou que o projeto teve início ainda na década de oitenta, na gestão de Mário Kertezs, com a ideia dos " Bondes Modernos", que deixou estruturas abandonadas pela cidade.

O projeto foi deixado de lado pelo prefeito Fernando José (eleito com o apoio de Kertezs e Pedro Irujo) e, somente voltaria a ser pensado na gestão do prefeito Antônio Imbassay. Foi então criada uma Secretaria Extraórdinária, com a função específica de implantar o Sistema de Transporte Público, com as duas linhas de Metrô. A linha I com cerca de 12 km, ligando a Estação da Lapa até o Porto Seco Pirajá, foi licitada e teve suas obras iniciadas pelo Consórcio METROSAL, composta pelas empresas Camargo Correa, Andrade Guiterrez e Siemens. ( A empresa que apresentou a melhor proposta , a italiana Imppreglio, foi desclassificada sob a alegação de que o projeto ambientalmente agressivo-sic.)

Com a eleição do presidente Lula em 2001, as obras foram paralisadas, consequencia de denúncias por parte do PT de corrupção e superfaturamento.

As obras, depois de dois anos de paralizações só foram retomadas em 2004, ano de eleições municipais, quando o candidato do PT Nelson Pellegrino se comprometeu publicamente com a retomada das obras.
Depois da desativação dos canteiros, o Consórcio Metrosal exigiu um aditivo ao contrato, face as custos decorrentes da paralização.
Com a eleição do candidato João Henrique à época no PDT, a Secretaria de Infraestrutura, passa a ser liderada pelo ex-deputado Nestor Duarte Neto, então no PSDB, ficando encarregado de coordenar as ações visando a conclusão das obras do Metrô.
Inexplicavelmente, o Prefeito João Henrique Carneiro resolveu alterar o projeto básico do Metrô, decidindo conjuntamente com a SETIN/CTS e o Consórcio Metrosal pela construção do trecho elevado na avenida Bonocô.
Construído o elevado, após algumas paralisações por falta de recursos, as obras são novamente objeto de auditoria por parte do TCU e novamente suspensas.
O Governo do Estado da Bahia, co-responsável pelo empreendimento, adquire as seis primeiras composições do metrõ, que são entregues em dezembro de 2008.

Com a reeleição de João Henrique, agora no PMDB e aliado ao Ministro Gedell Vieira Lima, as obras são retomadas, com a previsão de inauguração do trecho Lapa Rotula do Abacaxí em setembro de 2010.
Durante os últimos anos, o SETEPS passa a desenvolver uma proposta de implantação de um novo sistema de transportes urbanos em Salvador, o Bus Rapit Transit, conhecido pela sigla BRT. Modelo exitoso de transporte urbano desenvolvido pelo arquiteto Jaime Lerner na década de 70 em Curitiba. O BRT foi também implementado com sucesso em Bogota e na cidade do México e, mais recentemente, com alguns percalços, em Santiago do Chile.
Com a decisão da FIFA em escolher Salvador como uma das sedes da Copa de 2014, e, constanto como uma das exigências do caderno de Encargos da Copa 2014 a implantação de um sistema de transporte de alta capacidade entre o aeroporto e a arena esportiva, decidiu a Prefeitura de Salvador pela alteração do projeto de transporte de massa, que previa a linha II entre a Rotula do Abacaxí e o Aeroporto, pelo novo modelo proposto pelo SETEPS. O Governo da Bahia, parte interviniente do processo, pois terá que assumir o financiamento junto ao BNDES ainda resiste à ideia.
Aguarda-se a decisão final sobre o assunto e se espera que não vença o lobby do SETEPS
* Osvaldo Campos Magalhães é Engenheiro( Ufba/79) com especialização em Transportes e Mestre em Admistração(Ufba/95). É o editor deste blog

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