domingo, 23 de maio de 2010

A Cidade Eterna e a Roma Negra

Praça da Sé em Salvador (requalificada na gestão do Prefeito Antônio Imbassay-1996-2004)
Luiz Mott
Paris é maravilhosa. Veneza e Amsterdã inesquecíveis. Rio de Janeiro e Salvador, encantadoras. Roma não tem comparação: é inigualável! Suas setes suaves colinas fazem o décor. O caudaloso Rio Tibre serpenteia a Cidade Eterna. O clima, a luminosidade, a vegetação fazem de Roma sucursal do paraíso. Seu passado fantástico mistura quase três mil anos de lendas, mitos, profecias e uma história prodigiosa. Não existe lugar no mundo que abrigue tantos e tão gigantescos obeliscos, quase todos trazidos do Egito no tempo dos Césares! E as colunas da altura de um prédio de dez andares, com baixos relevos que contam os prodígios da civilização romana. O deslumbrante Pantheon está entre as maravilhas da arquitetura mundial. E as basílicas e palácios, com mármores multicoloridos, tudo cortado e polido à mão! As fontes romanas são um capítulo à parte: além da Fontana de Trevi, a mais bela do mundo, a capital do Lácio oferece mais de uma centena de pequenas fontes com deliciosa água potável e gelada, espalhadas por toda a cidade, algumas comágua corrente desde o tempo de Júlio Cezar.
Roma moderna não deixa nada a desejar às mais civilizadas capitais do primeiro mundo: destaco apenas o transporte coletivo. Por 30 euros, aproximadamente R$ 80 compra-se um vale-transporte que dá direito a viajar livremente por um mês, subindo e descendo de qualquer ônibus, metrô, bonde, troleibus. Transporte limpo, rápido , com horário certo de sair e de chegar, motoristas gentis, com um detalhe: confiança total no passageiro, pois só de caju em caju aparece fiscal sorridente para conferir o vale-transporte dos passageiros.
E a nossa "Roma Negra"? Como andam nossos ônibus? Com um salário mínimo quase dez vezes menor que na Itália e a tarifa do transporte público a R$ 2,30, os soteropolitanos, sobretudo os assalariados, adorariam gastar apenas R$ 80 por mês para usar ilimitadamente nossas marinetes... E quão delicioso seria encontrar meia dúzia de fontes com água potável nas principais praças e lugares de maior aglomeração de salvador! Vai aí , prefeito, uma sugestão.
* Luiz Mott é professor titular de Antropologia da Ufba

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