terça-feira, 30 de abril de 2013

Pingos nos is

José Sérgio Gabrielli*
Quando o projeto de construção da ponte Salvador-Ilha de Itaparica, que é parte de um projeto indutor de desenvolvimento econômico e social da RMS, Recôncavo e eixo litorâneo sul, ganhou contornos de ação concreta, com etapas de estudo, planejamento e lançamento de editais, outras propostas retornaram a público como alternativa para conectar o continente e a ilha. A mais midiática delas é a chamada Via Litorânea ou Via Envolvente.
Em 2010, quando o governo da Bahia lançou o Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) para a realização de estudos preliminares com vistas à construção da ponte, todos os interessados em propor soluções poderiam participar, inclusive com soluções alternativas, no entanto, esta via não apareceu entre as propostas apresentadas.
Ainda assim, ela passou pela análise de técnicos da Secretaria do Planejamento da Bahia e de outros órgãos de governo, mas foi descartada devido à incompatibilidade com o plano de desenvolvimento econômico e social da macroárea de influência da ponte Salvador-Itaparica.
A partir do PMI, o conceito do projeto foi escolhido, assim como as áreas de influência que deveriam ser beneficiadas. O caminho será aberto tendo como ponto de partida os municípios de Itaparica e Vera Cruz, passando por Nazaré e Castro Alves, absorvendo o tráfego das BRs 242 e 116, além de ofertar uma alternativa mais próxima para a BR-101, influenciando deste modo, o fluxo na BA-001, que vai até o litoral sul. Baseado nesta rota, os editais de sondagem, engenharia, estudos ambientais e masterplan urbanístico foram preparados, sendo alguns deles lançados.
E a Via Litorânea? A verdade é que ela não teria capacidade de ser um substitutivo ao projeto estadual, seja pelo percurso, pela geografia ou até pelo conceito. Se a via fosse substituir a ponte, além de aumentar o fluxo de veículos pesados no centro de cidades históricas, sujeitando à depreciação e graves interferências sociais, seria inevitável um enorme impacto ambiental na costa, especialmente nas áreas de manguezais, grande berço das espécies marinhas da Baía de Todos-os-Santos.
A ponte Rio-Niterói é um bom exemplo para dimensionar este fluxo. Quase 40 anos depois de inaugurada, entre 135 e 140 mil veículos a cruzam diariamente, números que serão atingidos pela ponte baiana em apenas três décadas.
Outra diferença é o tempo de viagem poupado. Vinte e quatro municípios terão sua distância de Salvador reduzida em mais de 40% com a construção da ponte Salvador-Ilha de Itaparica. São eles: Itaparica, Vera Cruz, Nazaré, Aratuípe, Salinas das Margaridas, Jaguaripe, Muniz Ferreira, Dom Macedo Costa, Valença, Santo Antônio de Jesus, São Felipe, Maragogipe, Varzedo, Elísio Medrado, São Miguel das Matas, Laje, Amargosa, Mutuípe, Cairu, Taperoá, Nilo Peçanha, Ituberá, Camamu e Piraí do Norte.
Essa economia de tempo, emissão de CO2 e dinheiro possibilita acelerar os investimentos em andamento, como estaleiros, terminais portuários e o turismo dentro da nossa baía, além de abrir novas oportunidades facilitadas pela logística, visto que a ponte será uma nova opção de via rodoviária. Muita gente vai passar a morar na Ilha e trabalhar na capital e vice-versa.
O Estado, no entanto, não descarta a Via Litorânea. Ela pode ser uma alternativa para integração de cidades históricas com potencial turístico, como Cachoeira, Santo Amaro, São Roque do Paraguaçu e Maragogipe.
Já a ponte terá um papel no vetor de expansão urbana e desenvolvimento econômico e social, principalmente para os moradores da Ilha, que terão novas oportunidades profissionais e mais acesso à saúde, educação e serviços públicos.
Em parceria com os municípios de Salvador, Vera Cruz, Itaparica e Jaguaripe, o Estado está conduzindo todas as etapas de modo a contemplar os interesses dos mesmos. Em breve será lançado o edital de urbanismo, que subsidiará o plano de desenvolvimento e ocupação das áreas de Vera Cruz e Itaparica. É deste modo, com respaldo técnico, que vamos garantir em tempo hábil e com responsabilidade, o novo marco do desenvolvimento baiano.
José Sergio Gabrielli | Secretário do Planejamento do Estado da Bahia

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