quarta-feira, 14 de outubro de 2009

É preciso discutir Salvador e a RMS

Luiz Augusto Amoedo*
No mundo, o crédito imobiliário representa 70% do volume de empréstimos para pessoas físicas; no Brasil, menos de 20%. Se compararmos o crédito imobiliário em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), veremos que nos EUA um valor equivalente a 78% do PIB é comprometido com a casa própria, na Espanha são 46%, no Chile, 15%, no México, 11%, e no Brasil, minguados 3%.
No governo atual, do presidente Lula, foi vislumbrada uma saída com o programa Minha Casa, Minha Vida. Na década de 80, nós tivemos um baque com a extinção do Banco Nacional de Habitação. Ele era voltado para programas habitacionais. Isso afetou drasticamente o mercado imobiliário. De lá para cá, nenhuma secretaria adotou a missão de fomentar a produção imobiliária, principalmente a voltada para a baixa renda.
Os indicadores para o crescimento do mercado imobiliário brasileiro são a capacidade e disposição de financiamento do sistema bancário público e privado, prazos de financiamento mais ebic longos, manutenção de níveis de emprego, crescimento da oferta de crédito, elevação média da renda e os juros baixos.
Segundo dados divulgados pela Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), nos quatro primeiros meses de 2009, foram financiadas 78.552 unidades habitacionais com recursos da poupança.
Aumento de 6,31% em igual período do ano passado. Ou seja, neste primeiro quadrimestre, nós já superamos o quadrimestre passado.
Quando se instalou a crise financeira mundial (setembro de 2008), tivemos problemas no setor, em função da escassez de crédito. Este ano já há a expectativa de que no último quadrimestre as vendas sejam bem melhores que o quadrimestre passado. Temos uma baixa inadimplência no setor, em torno de 1,5%,o que ajuda a fomentar mais crédito e baixos juros, e isto se deve em razão da segurança jurídica que protege o imóvel, como é o caso da alienação fiduciária.
O déficit habitacional da Bahia é de 600 mil unidades, e o de Salvador, estimado em 80 mil. Em 2001, Salvador tinha 2.443.107 habitantes. Em 2007 este número subiu para 2.892.625 pessoas. Hoje a cidade tem mais de 3 milhões de habitantes. A taxa de crescimento anual na capital do Estado é de 1,8% eo crescimento populacional anual é de 74.919 habitantes. Camaçari, em 2001, tinha 161.727 habitantes. Em 2007, subiu para 220.495. A taxa de crescimento anual de Camaçari é de 3,6%. O crescimento populacional anual é de 9.794 habitantes. Depois vem o município de Lauro de Freitas, com uma população em 2001 de 113.543 habitantes, em 2007 o número subiu para 144.492 e a taxa de crescimento por ano é de 2,7%. O crescimento populacional anual é de 5.158 pessoas.
Estes três municípios juntos dão um crescimento populacional anual de 89.871 pessoas. Isso sem contar com Simões Filho. É uma cidade crescendo por ano dentro da Região Metropolitana de Salvador (RMS), e a pergunta é: como levar a essa população infraestrutura, segurança, saúde, educação e moradia? Até 1980, muita coisa foi criada. Túnel Américo Simas, avenidas de vale, Vale do Canela, Avenida Garibaldi, Avenida Antonio Carlos Magalhães, Avenida Paralela. De 80 para cá, houve uma diminuição drástica em investimentos em infraestrutura e só foi feita a quarta via da Paralela, a Luís Eduardo Magalhães, alguns viadutos e mais nada.
Precisamos discutir melhor os investimentos na cidade, caso contrário vamos ficar mais 20 anos sem nada ser feito. Salvador é uma península, e a questão do crescimento populacional e como dotar a cidade de infraestrutura deve ser uma preocupação constante de todos nós. Salvador e região metropolitana precisam ser interligadas por um transporte de massa eficiente. Os municípios da região metropolitana precisam de bons hospitais e uma melhor infraestrutura para se desenvolver.
Precisamos começar a discutir agora um novo PDDU que integre os municípios da região metropolitana. Não é possível ficarmos pensando isoladamente as cidades da RMS, quando a proximidade geográfica salta aos olhos e os problemas também. Note-se que já temos um transporte público insuficiente que atende à região metropolitana.
*Vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)

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