quarta-feira, 13 de abril de 2011

Cidade da Bahia!

Zulu Araújo*
Salvador, Bahia de São Salvador, primeira capital do país. Celeiro inesgotável de artistas geniais e movimentos culturais importantíssimos que pautaram o Brasil no último século. Para ficar nos exemplos maiores, citemos João Gilberto, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Amado, Carybé, Ilê Aiyê e Olodum, todos, artistas e grupos que foram e são protagonistas em movimentos como a Bossa Nova, o Tropicalismo, e o Samba Reggae, que não só cantaram, pintaram e contaram, como encantaram o Brasil, por sua criatividade, talento e ousadia.
Salvador, a Roma negra dos trópicos americanos, que além de possuir a maior população negra fora do continente africano, produz a maior festa popular do planeta, baseada nas manifestações artísticas e culturais de matriz africana, que é o carnaval. Esta cidade símbolo da luta pela liberdade e que consolidou com armas na mão a independência do Brasil, tem provado aos mais céticos, que alegria combina com cidadania, e que sisudez nunca foi sinonimo de seriedade. Mas, apesar de toda sua tradição cultural, guerreira e festeira, Salvador chora por todos cantos o abandono a que foi relegada.
Parece brincadeira mais é verdade, apesar de ser a terceira capital do país em população, com mais de três milhões de habitantes e possuir um dos movimentos culturais mais poderosos do país, que gera emprego e renda a milhões de trabalhadores, empresários, setor hoteleiro, de bebidas e têxtil, Salvador não possui uma Secretaria de Cultura que elabore, formule e implemente políticas públicas de cultura. Na Prefeitura de Salvador, não há qualquer projeto pensado ou em andamento que estimule ou viabilize a sua gigantesca diversidade cultural. Nada que articule o intercâmbio cultural com a América Latina ou a África para ficarmos no lugar comum. E, olhe que estamos as vésperas da Copa do Mundo de Futebol, onde Salvador é uma das sedes, com pretensão a realizar a abertura da Copa, num esforço gigantesco do Governo do Estado e da população, pois se depender da governança municipal, babau.
A única instituição existente, no plano municipal, é a Fundação Gregório de Mattos, que já teve na sua direção figuras como o ex-ministro Gilberto Gil e o agitador cultural Wally Salomão, mas que hoje encontra-se absolutamente sucateada e abandonada, sem recursos humanos e financeiros. Para que tenhamos uma ideia desta loucura, a Fundação possui de orçamento para o ano de 2011, apenas quinhentos mil reais enquanto a área de comunicação possui cinquenta milhões. Como diria o próprio Gregório se fosse vivo "durma com um barulho desse e diga que passou a noite bem..."
Apesar de todo este quadro dantesco de omissão na gestão municipal, Salvador continua resistindo. Recentemente dezenas de artistas, produtores culturais e empresários do setor lançaram um documento chamando atenção, não mais do Prefeito, mas da própria cidade para a gravidade da situação. As entidades culturais e os próprios artistas, inclusive os consagrados, tem procurado desesperadamente ajuda tanto no governo estadual quanto no governo federal para que os ajudem na elaboração de uma política cultural na cidade do Salvador. Mas, pelo visto, nada disto tem sensibilizado o alcaide municipal.
As articulações para as eleições municipais do próximo ano já estão a pleno vapor, nomes já são citados em quase todas as rodas de samba ou não, e até o presente momento não ouvimos nada sobre o que pensam os aspirantes a prefeitura sobre a nossa cultura. A cidade da Bahia, que é de todo o Brasil, precisa de uma política pública de cultura que esteja no centro do desenvolvimento estratégico da cidade, precisa que suas manifestações culturais sejam tratadas com seriedade e carinho, que a sua diversidade religiosa seja respeitada, que os trabalhadores da cultura sejam qualificados e capacitados, enfim, que a cidade seja tratada com amor e dedicação, pois esta Salvador continua sendo uma referência fundamental e singular no campo da cultura e em particular da cultura afro-brasileira, para que sejamos brasileiros plenos.
"E eu, que só queria que tivéssemos um prefeito que desse um jeito, nessa cidade da Bahia..."
Toca a zabumba que a terra é nossa!
*Zulu Araújo é arquiteto, produtor cultural e militante do movimento negro brasileiro. Foi Diretor e Presidente da Fundação Cultural Palmares (2003/2011).
*Artigo publicado no Terra Magazine em 12/04/2011

terça-feira, 12 de abril de 2011

Sob pressão, Governo da Bahia muda local do Porto Sul


Pressionado por grupos ambientais decididos a preservar uma área de grande diversidade biológica e de enorme potencial turístico o Governo da Bahia cedeu aos clamores dos diversos grupos locais e decidiu mudar o local de implantação do Porto Sul, próximo à cidade de Ilhéus. (Osvaldo Campos) . Representando investimentos de R$14,1 bilhões, o futuro Complexo Portuário e de Serviços Porto Sul será implantado em área de 4.830 hectares, na margem esquerda da BA-001, sentido Ilhéus a Itacaré, na localidade de Aritaguá.

Com a evolução e o aprofundamento dos estudos ambientais, o Governo da Bahia decidiu alterar o local onde será implantado o Complexo Portuário e de Serviços Porto Sul. Em decreto que será publicado nesta terça-feira (12) no Diário Oficial, o Estado declara de utilidade pública uma área de 48.333.024,72 m2 (4.830 hectares), na margem esquerda da BA-001 (sentido Ilhéus – Itacaré), na localidade de Aritaguá, em Ilhéus. Mantendo uma diretriz do Governo de promover o desenvolvimento com sustentabilidade e atendendo a uma orientação do IBAMA, a administração estadual optou por redirecionar os estudos para a nova área. Dentre os motivos determinantes para a mudança da localidade destinada ao projeto estão a ausência de corais e recifes no trecho de mar em frente à nova área escolhida e de fragmentos em processo de regeneração de Mata Atlântica, bem como menor complexidade de fauna. “Depois do aprofundamento dos estudos, foi possível ter elementos mais apurados para uma reavaliação da área, e mesmo encarecendo o projeto, fizemos a opção por conta de uma melhor solução ambiental”, afirmou a secretária da Casa Civil, Eva Chiavon. Ainda de acordo com ela, o Governo da Bahia tem uma postura de compromisso com as instituições e com a autonomia das instâncias que regulam a concessão de licenças ambientais. “O Governo da Bahia tem tido preocupação com as questões ambientais e essa solução é resultado de grandes debates das áreas técnicas”, disse Chiavon. Ativos ambientais A área declarada de utilidade pública em 2008 será destinada à garantia dos ativos ambientais e proteção do ecossistema natural. Com a mudança, a chegada da Ferrovia Oeste Leste à região também não será prejudicada, pois o novo local fica a cerca de 5 Km da anterior. O projeto Investimentos de cerca de R$14,1 bilhões e geração de vinte e quatro mil empregos na Bahia. Estes são alguns dos benefícios que o Complexo Portuário e de Serviços Porto Sul irá trazer para o Estado quando estiver em plena operação. Trata-se de um empreendimento que abre um novo eixo de desenvolvimento no País e que vai integrar o sul da Bahia e o Brasil a uma nova rota de desenvolvimento sustentável, estimulando o turismo, gerando empregos, negócios e ativos ambientais para toda região. O Complexo Porto Sul engloba um terminal portuário público, o novo Aeroporto Internacional de Ilhéus e o terminal portuário de uso privativo da Bahia Mineração. O terminal portuário em Ilhéus será essencial para o escoamento dos 18 milhões de toneladas de minério de ferro, além de grãos do Oeste baiano. Ferrovia Oeste-Leste A Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), que terá 1.490 quilômetros, envolverá, até 2012, investimentos estimados em R$ 6 bilhões provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e deve se tornar um importante corredor logístico para escoamento de soja, milho e minério da Bahia, dinamizando a produção no estado. Na Bahia, a estrada de ferro fará a ligação das cidades de Barreiras a Ilhéus. O processo de construção da Fiol segue o cronograma previsto, com as obras iniciadas nos quatro primeiros lotes entre os municípios de Ilhéus e Caetité. No lote 01, próximo a Barra do Rocha, foi iniciada a terraplanagem. Nos lotes 02 e 03 estão sendo implantados os canteiros de obras e, no 04, começou a produção de aduelas e premoldados. Segundo o presidente da Valec, José Francisco Neves, a obra atingirá o auge em agosto, quando 17 mil pessoas deverão estar trabalhando nos canteiros, e outras 50 mil em atividades indiretas. Fonte: Agecom

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Metrô ou BRT : Lista de empresas que manifestaram interesse e foram autorizadas a apresentar projeto de mobilidade urbana

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano - Sedur publicou dia 31/03, no Diário Oficial a lista das empresas que participaram do Processo de Manifestação de Interesse – PMI. O PMI tem como objetivo convidar as empresas a apresentar estudos preliminares de viabilidade técnica, avaliação ambiental, econômico-financeira e jurídica, para estruturação de projeto de transporte público metropolitano entre Salvador e Lauro de Freitas. As empresas autorizadas terão o prazo de 30 dias corridos para apresentação dos projetos preliminares e 60 dias corridos para apresentar os projetos, estudos, levantamentos ou investigações. Veja abaixo a lista das empresas autorizadas: - CONSÓRCIO ODEBRECHT TRANSPORT S/A

SETPS – SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE DE PASSAGEIROS DE SALVADOR; -

CONSÓRCIO GEOHIDRO CONSULTORIA SOCIEDADE SIMPLES LTDA

BERINSA DO BRASIL ENGENHARIA LTDA;

CONSÓRCIO CAMARGO CORRÊA INFRAESTRUTURA S/A / CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ S/A; -

ATP ENGENHARIA LTDA;

EISA ENGENHARIA LTDA;

METROPASSE - ASSOCIAÇÃO BAIANA DE TRANSPORTES METROPOLITANOS;

CONSTRUTORA QUEIROZ GALVÃO S/A; -

VETEC ENGENHARIA LTDA;

PVARQ – PRADO VALLADARES ARQUITETOS LTDA;

INVEPAR – INVESTIMENTOS E PARTICIPAÇÕES EM INFRAESTRUTURA S/A.

*Fonte: Ascom/Sedur

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Salvador 462 anos: bela e desigual


Eliane Costa*
Primeira capital do Brasil. Cantada em prosa e versos por suas belezas naturais. Plural e diversa. Desigual acima de tudo. Assim é Salvador, que completou 462 anos nesta terça-feira (29/3), sem muito que comemorar. A terceira maior cidade do Brasil tem sérios problemas de mobilidade urbana, um grande déficit habitacional, um grande contingente de desempregados, sistemas deficientes de educação e saúde, além de passas por uma das maiores crises políticas e administrativas de sua história. Trânsito caótico, transporte público de péssima qualidade, insegurança e vias cheias de buracos fazem parte da realidade da população. Quem tem carro passa longos períodos em congestionamentos e quem não tem, sofre ainda mais para chegar ao trabalho ou retornar para casa no final do expediente. O governo federal até disponibilizou recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para o desenvolvimento de um projeto de mobilidade urbana para a cidade, que será uma das sub-sedes da Copa do Mundo de 2014, mas até o momento os gestores ainda não conseguiram decidir que tipo de projeto será construído. A dificuldade de escolha entre o BRT (Bus rapid transit) e o VLT ( Veículos leves sobre trilhos) emperra os projetos, levando a população a permanecer nas filas, nos congestionamentos e nos ônibus superlotados. Isso sem falar no metrô, que está em construção a mais de dez anos. Outra grande carência de Salvador é de moradia. O déficit gira em torno de 100 mil casas, o que engloba as pessoas que vivem de aluguel ou em moradias precárias. Em 2006 a Prefeitura até elaborou um Plano Municipal de Moradia, mas mudou de idéia em 2008, extinguiu a Secretária de Habitação e engavetou o plano, assim como diversos outros projetos da área. Enquanto isso, as encostas desabam todos os anos, matando pessoas, que sem assistência voltam para o mesmo local após as chuvas e são vitimadas várias vezes pelos mesmos problemas. Tem ainda as cinco mil famílias que vivem nos acampamentos dos sem-tetos pela cidade, a população que vive nas ruas, os que moram de favor e os que moram em outras localidades, por falta de habitação na capital.

Falta tudo A falta de indústrias e grandes pólos de produtivos também dificulta a vida de quem mora em Salvador. A cidade vive essencialmente do comércio e do serviço, que não conseguem gerar os empregos necessários paras os 2,9 milhões de habitantes. O resultado é um índice de desemprego em torno de 10% da população economicamente ativa, uma estimativa de 250 mil trabalhadores sem emprego na Região Metropolitana. Saúde e educação também sofrem com a falta de investimentos. A população é penalizada pelos postos de saúde em condições precárias, profissionais em greve por melhores salários e condições de trabalho e a inexistência de hospitais municipais. Soma-se a isso, a troca constante de comando na Secretaria de Saúde. Na educação, a situação não é muito diferente. Faltam professores, cadeiras para os estudantes, muitas escolas estão mal conservadas e os servidores da área não têm política de valorização do seu trabalho. Como resultado: a evasão e a repetência dos alunos.

Crise geral Todas estas questões têm a mesma causa: a gestão confusa do prefeito João Henrique Carneiro (PP). Eleito em 2004 com a promessa de libertar a cidade do atraso dos governos carlistas. JH mudou de rumo no meio do caminho. Trocou o PDT pelo PMDB, brigou com os partidos que apoiaram a sua eleição e deu uma grande guinada à direita. Mudou projetos, trocou secretários por diversas vezes e aceitou até o apoio do DEM para se reeleger em 2008. No final de 2010, nova mudança. As brigas com a direção do PMDB se tornam pública e João Henrique é convidado a deixar o PMDB. Logo depois se declarou apaixonado pelo PV, mas acabou se filiando ao PP. Neste entremeio, teve suas contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios, enfrentou várias denúncias de corrupção envolvendo membros do seu governo, aprovou um Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) sem discussão com a população e foi acusado diversas vezes de ter entregue a cidade às grandes construtoras. Em meio à crise política, fez diversas mudanças no secretariado, enfrenta uma crise financeira sem precedentes e corre o risco de ficar inelegível por oito anos, caso a Câmara de Vereadores aprove o relatório do TCM, que reprovou suas contas. Nesta terça-feira, o prefeito João Henrique divulgou uma mensagem comemorando os 462 anos de Salvador. Mas, sinceramente o que a população quer de presente não está mais ao alcance de JH. O povo de Salvador quer um novo projeto de administração da cidade, voltado para todos, sem exceção. Que garanta saúde, moradia, educação, transporte público de qualidade e o direito de ir e vir de toda a população. Ano que vem tem eleição e a expectativa é de que daqui a dois anos, a cidade tenha mais o que comemorar.

* Jornalista e escritora

Procurador vai recorrer por "Castelo de Areia"

Vanildo Mendes*

O Ministério Público Federal vai tentar salvar a Castelo de Areia, atingida em cheio pela decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que anulou as provas da operação da Polícia Federal ao entender que elas foram obtidas a partir, única e exclusivamente, de uma denúncia anônima. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, declarou ontem discordar do entendimento do STJ e avisou que vai recorrer da decisão. Os ministros da 6.ª Turma do STJ julgaram ilegais as provas, incluindo as escutas telefônicas, segundo eles "obtidas sem prévia investigação da PF". No entendimento dos ministros, a PF e o Ministério Público se basearam apenas na denúncia feita por um doleiro para quebrar o sigilo de diversos investigados, dentre eles executivos da construtora Camargo Corrêa. Gurgel contestou o entendimento e afirmou que as provas da existência do esquema não são ilegais. Ministério Público e Polícia Federal dizem ter usado a denúncia anônima como ponto de partida para outras apurações. Somente depois de uma investigação prévia sobre a veracidade da denúncia anônima, eles teriam pedido a quebra dos sigilos bancário e telefônico. "O Ministério Público, como sustentou no parecer sobre este caso, entende que não há qualquer vício na prova colhida. Até porque, diferentemente do que afirmou a decisão do STJ, não nos baseamos apenas em denúncias anônimas", afirmou ontem. "O Ministério Público evidentemente discorda da solução do STJ. Só precisamos analisar a decisão para fazer nosso juízo e definir as etapas subsequentes", acrescentou.

*Jornalista de O Estado de S. Paulo

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Salvador espera sediar a abertura da Copa do Mundo de 2014

Tatiana Maria Dourado*

Ney Campelo (PCdoB), Secretário Executivo do Governo do Estado da Bahia para a Copa na Bahia acredita que capital baiana tem chances reais. Em setembro do ano passado, foi entregue o projeto ao presidente da CBF. O tempo voa. E a maioria das obras não segue o mesmo ritmo.

A estimativa é que Salvador receba 600 mil turistas em sua primeira Copa do Mundo. A capital baiana entrou na luta direta com Belo Horizonte (MG) para sediar a abertura do mundial de futebol. A Secretaria Executiva da Copa 2014 oficializou a entrada nessa disputa em setembro de 2010, com a entrega do projeto da Copa 2014 ao presidente da CBF Ricardo Teixeira. O secretário executivo da Copa 2014, Ney Campello, conversou com o G1 BA por e-mail.

G1 BA - Salvador está lutando para ser a sede de abertura da Copa 2014. Quais os pontos fortes de Salvador para esta tentativa? Os principais adversários são mesmo Belo Horizonte e São Paulo?

Ney Campello – Salvador tem chances de sediar a abertura. Nossos diferenciais se baseiam no fato de sermos o berço da civilização brasileira, a melhor transição entre a última Copa no continente africano e a possibilidade de começarmos 2014 na cidade mais negra fora daquele continente, que é Salvador. Representamos a cara da diversidade brasileira, referência da musicalidade e sonoridade como nenhuma outra, e a expertise de organizar o carnaval baiano, maior festa popular de rua do planeta. Com relação às outras sedes que também estão pleiteando a Abertura da Copa, respeitamos a legitimidade e não queremos tensão nessa questão. A decisão tem que acontecer por critério técnico.

G1 BA - Joseph Blatter, presidente da Fifa, reclamou do atraso do Brasil no processo de estruturação da Copa. O que de fato está atrasado e o que tem sido cumprido no devido prazo em Salvador?

Ney Campello – Olha, estamos numa situação confortável com relação aos prazos. A obra da Arena Fonte Nova está entre uma das mais avançadas do Brasil, estudo levantado em edição especial do jornal Folha de São Paulo, publicado em dezembro de 2010, que tem prazo para ser entregue no final de 2012. Com relação à Mobilidade Urbana, já foram contratados R$ 570,3 milhões pelo Governo do Estado da Bahia para a Implantação do Corredor Estrutural de Transporte de alta capacidade, que ligará o aeroporto ao acesso norte. A licitação está prevista para julho de 2011 e o início das obras previsto para setembro. A reforma e adequação do Terminal de Passageiros e Ampliação do Pátio de Aeronaves do Aeroporto e a adaptação do armazém do Porto para Terminal Marítimo de Passageiros também estão em andamento.

G1 BA - Salvador possui defasagem histórica em relação à mobilidade urbana – seja a inexistência do metrô, má condição dos ônibus ou dos sistemas de transportes não motorizados, como as ciclovias. Seria este o principal entrave do Estado?

Ney Campello - Acredito que dentre os muitos desafios, dois se destacam. No campo da infraestrutura, o maior deles é a mobilidade urbana. As cidades brasileiras precisam repensar o modelo de desenvolvimento urbano, combinando progresso com sustentabilidade. Também está sendo negociado com o Governo Federal o incentivo à construção de ciclovias e ciclofaixas. Outro desafio refere-se à qualificação e treinamento de pessoas. Esse poderá ser o maior legado da Copa, valorizando o capital humano e investindo no capital intelectual, com o Planseq Copa do Mundo. O plano vai capacitar 150 mil profissionais até 2013. As vagas serão distribuídas entre as doze sedes brasileiras, além dos destinos indutores. A previsão é que sejam investidos R$ 124.260.000,00.

G1 BA - O que falta para a edificação da Fonte Nova começar a ser levantada? Qual o estágio atual da obra?

Ney Campello - As obras estão andando em ritmo satisfatório e vem cumprindo seu cronograma como previsto. No momento estamos realizando serviços de fundação na fase de estaqueamento. O próximo passo será o inicio da montagem dos pré-moldados que tem previsão para a segunda quinzena de abril. A partir do segundo semestre deste ano a população já poderá perceber, de fato, a arena sendo erguida.

G1 BA - Estamos bem distantes da definição da tabela dos jogos da Copa. Mas, nos bastidores, há rumores se a Fonte Nova receberá algum jogo da Seleção Brasileira?

Ney Campello – Não temos essa definição, até porque quem decide é a FIFA, mas com certeza desejamos que a Arena receba um jogo da Seleção Brasileira, de preferência, que seja na Abertura da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014.

G1 BA - A campanha “Abre a Copa Salvador” foi abraçada por artistas baianos e até por prefeituras do Norte e Nordeste. Qual a simbologia desta conquista para a região?

Ney Campello – A Abertura em Salvador seria a descentralização do evento, uma forma de proporcionar ao Nordeste a possibilidade de se mostrar ao mundo, atrair investimentos públicos e privados e, no caso específico de Salvador, permitir a uma cidade que já tem experiência em organizar grandes eventos, realizar uma festa de abertura que só a Bahia sabe fazer.

* Reporter da G1

Estado e Prefeitura de Salvador anunciam monitoramento das obras da Copa 2014

Estado e prefeitura de Salvador anunciam monitoramento das obras da Copa, principalmente da Arena Fonte Nova, mobilidade urbana, porto e aeroporto O governo da Bahia e a prefeitura de Salvador vão instalar uma mesa de monitoramento da Copa do Mundo 2014. O anúncio foi feito durante uma reunião com a presença do prefeito João Henrique, do secretário da Secopa, Ney Campello, do coordenador do Escritório Municipal da Copa do Mundo 2014 (Ecopa), Leonel Leal, e de representantes estaduais e municipais. O encontro aconteceu segunda-feira (4), no Palácio Thomé de Souza. A mesa será instalada logo após a assinatura de um termo de cooperação pelo governo estadual e prefeitura, prevista para a próxima semana. O objetivo é acompanhar o andamento de todas as atividades de preparação para a Copa através de reuniões mensais, com prestação de contas pelas instâncias responsáveis. Além do anúncio, foram levantadas as informações mais relevantes de cada uma das grandes intervenções que serão realizadas na cidade, principalmente as obras da Arena Fonte Nova, mobilidade urbana, porto e aeroporto. Estiveram presentes ainda o presidente da Codeba, José Rebouças, o superintendente regional da Infraero, José Cassiano, o presidente da Fonte Nova Participações, Dênio Cidreira, e a superintendente da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano, Graça Torreão, que abordaram as respectivas obras. Nos próximos dias, o Estado e o Município vão elaborar um relatório único reunindo todas as informações, que será apresentado nesta quinta-feira (7), em Brasília, na reunião de acompanhamento e monitoramento das ações previstas na matriz de responsabilidades, com a participação de representantes da Casa Civil da Presidência da República, da Infraero, da Secretaria de Portos, dos ministérios do Planejamento, do Esporte, da Fazenda e das Cidades e dos representantes de cada sede da Copa do Mundo 2014. Fonte: Agecom

terça-feira, 5 de abril de 2011

Onze consórcios habilitados na PMI do Sistema Integrado de transportes - Salvador - Lauro de Freitas

Bruno Villa*
O juiz apitou o início da partida, mas o primeiro gol da discussão sobre o modelo de transporte público em Salvador para a Copa 2014 só será marcado daqui a, pelo menos, 60 dias. Só em junho, a apenas três anos do pontapé inicial do torneio, o governo estadual baterá o martelo em junho. Depois, ainda serão definidas as datas de licitação e início das obras. A Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Sedur) recebeu manifestação de interesse de 11 empresas e consórcios que pretendiam elaborar estudos técnicos sobre qual meio de transporte deve ser adotado entre Salvador a Lauro de Freitas, na Região Metropolitana. Dez cumpriram os requisitos legais. Na manifestação de interesse, as empresas não dão qualquer detalhe sobre suas propostas, apenas comprovam, através de documentos, que estão aptas a participar. “Neste primeiro momento, as empresas manifestaram apenas o interesse em participar, sem adiantar nada”, explicou o chefe de gabinete da Sedur, José Eduardo Copello. Somente em 1º de junho, os participantes apresentarão os estudos técnicos, financeiros, jurídicos e ambientais sobre qual modelo é melhor para a cidade - o Bus Rapid Transit (BRT), com corredores exclusivos para ônibus articulados, ou o Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), uma espécie de bonde moderno. De acordo com o Procedimento de Manifestação de Interesse 01/2011, as principais exigências são a capacidade de concluir as obras antes da Copa e que o sistema de transporte seja integrado ao metrô. As propostas não podem ultrapassar o valor de R$ 2,5 milhões cada uma. Após esta fase, um grupo de trabalho executivo (GTE), a ser formado, terá 15 dias para escolher as melhores propostas. O resultado servirá para elaborar o edital de licitação para início das obras, ainda não sem data. A empresa que vencer a licitação deverá reembolsar totalmente ou em parte os grupos que realizaram os estudos técnicos. * Jornalista do Correio da Bahia

Salvador 462 anos: superação e renovação

João Henrique Carneiro*

As metrópoles não envelhecem. Elas se renovam. A cada ano renascem e seguem em frente junto com os seus habitantes e as aspirações, desejos e sonhos de cada um deles. É dessa simbiose buliçosa – homem e habitat – que resulta a dinâmica que movimenta a vida e o cotidiano. Com Salvador e seu povo é também assim.

Ao fazer 462 anos nesta terça-feira (29/03) a nossa bela e querida Salvador busca mais uma vez a superação e a renovação, com chances reais de se modernizar mais ainda e oferecer a seus 3 milhões de moradores novas perspectivas, novas oportunidades e a certeza de que o futuro tem sempre que ser agora.

Não temos dúvidas de que os desafios são grandes, que a desigualdade social ainda é enorme e que grande parte da população é carente. Mas temos também a convicção de que nada é insuperável. Ao contrário, isso nos encoraja para lutar por uma cidade cada vez melhor e ainda mais digna do seu povo. Vale ressaltar alguns indicativos. Apesar de sermos a terceira capital do país em população, somos a penúltima em renda per capita entre as capitais dos estados. Só ganhamos de Palmas, capital do Tocantins.

Em termos comparativos podemos citar outro exemplo claro das dificuldades que temos a superar: enquanto Belo Horizonte, a capital de Minas Gerais, tem uma previsão de receita anual de 7,5 bilhões, Salvador deve arrecadar este ano 2,9 bilhões. Enfrentamos também um inchaço muito grande ao receber 170 novos moradores/dia, o que dá uma média de 60 mil/ano. Significando que a cada 10 anos ganhamos novos 600 mil moradores. São números expressivos e tornam as demandas bem maiores e bem mais complexas. Entretanto, nunca nos intimidaram. Nos fazem é arregaçar mais ainda “as mangas” e buscar meios para crescer, gerar oportunidades e empregos para a população.

O PDDU, aprovado há pouco mais de três anos pela Câmara de Vereadores, veio nos oferecer caminhos e abrir novos horizontes. Um dos seus efeitos foi o boom da construção civil, setor que mais contribuiu para reduzir drasticamente históricos índices de desemprego. Salvador hoje caminha para um taxa cada vez menor. Com coragem estamos enfrentando a questão das barracas de praia. Cumprimos aquilo que a União determinou, agora vamos para a requalificação de toda orla marítima, com intervenções estruturais e sem esquecer nossas obrigações sociais. Os bairros do subúrbio e as ilhas soteropolitanas ganharam serviços e passaram a ter a presença sistemática da administração municipal. Temos muito a fazer, temos a todo instante que superar nossos limites. A contribuição dos governos federal e estadual tem sido fundamental. E vai ser mais ainda.

Com o advento da Copa do Mundo de 2014, quando seremos uma das sedes; da Olimpíada de 2016, quando sediaremos parte do torneio de futebol; e mais a Copa das Confederações e, com fé em Deus, a abertura da Copa do Mundo; teremos que ter uma cidade preparada. São mega eventos, que vão nos projetar mais ainda mundialmente, e que exigirão grandes investimentos. Há pouco mais de um ano, lançamos um pacote de projetos (20) estruturantes, o Salvador Capital Mundial, que dá uma diretriz para a cidade para os próximos 20 a 30 anos. Temos o projeto da mobilidade social, com a Rede Integrada de Corredores de Transporte. São projetos que começam a sair do papel e que nos remete a uma Salvador menos desigual e mais digna desse seu valoroso povo. Somam-se a isso as nossas características culturais únicas, fruto da rica herança deixada pelos nossos ancestrais e a beleza ímpar que a natureza nos legou. São bens valiosos preservados e reinventados pela criatividade do nosso povo. Bens que alimentam nossas mentes e nossos corações e nos fazem amar cada vez mais a nossa Salvador.

Nesse aniversário, os parabéns vão para Salvador e seu povo. Que, como essa Baía de Todos os Santos, se renova e renova a cidade, com determinação e essa alegria contagiante que tanto encanta. Vamos em frente, não temos tempo a perder. * Economista, ex -Vereador pelo PFL, deputado estadual pelo PDT e Prefeito de Salvador (PDT - PMDB - PP) ** Artigo originalmente publicado no jornal A Tarde, 4/04/2011

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Lídice entra no jogo da sucessão

Tasso Fanco*
Como publicamos no site BahiaJá (www.bahiaja.com.br), dia 30/03, a senadora Lídice da Mata (PSB) "pôs fogo na sucessão" de Salvador, ano 2012, ao emitir uma nota partidária na qual afirma que seu partido não será mais coadjuvante do processo eleitoral em Salvador. Só lembrando, Lídice foi candidata a vice-prefeita na chapa de Walter Pinheiro (PT), em 2008, até hoje muito discutida se o melhor não seria o inverso. A sucessão do prefeito João Henrique (PP) está na ordem do dia. A imprensa tem comentado o tema porque, nos bastidores da política, há uma movimentação intensa de pré-candidatos, organizam-se assessorias e, cada qual, no âmbito partidário, procura se posicionar para não perder espaços. Geddel Vieira Lima, PMDB, está abraçando Salvador em peças de outdoor; Walter Pinheiro, do PT, saúda a capital, com megabanner; Nelson Pelegrino, PT, está em campo; ACM Neto, DEM, e Antonio Imbassahy, do PSDB, conversam; Edvaldo Brito, PTB, organiza-se; o PCdoB já anunciou pré-nomes com Alice Portugal e Olívia Santana; PRB, em bastidores, fala no nome de Raimundo Varela; PP no nome de João Leão; PDT, Marcos Medrado. Enfim, existem pré-candidatos para todos os gostos. A senadora Lídice, que até então vinha calada, acompanhando o desenrolar dos acontecimentos "interna-corporis", decidiu, apimentar o pré-processo sucessório anunciando que o PSB vai disputar a eleição como candidato cabeça da majoritária. É uma novidade e tanto porque, sozinho, com magro tempo na TV, o PSB não vai a lugar algum. Mas, coligando-se com outros partidos e sendo Lídice a candidata "cabeça", a chapa passa a ser competitiva. Lídice é um fenômeno na política. Emergiu das bases estudantis e depois de deputada federal constituinte, 1988, elegeu-se primeira prefeita de Salvador, pelo PSDB. Feito e tanto. Foi considerada a pior administração do país (1993/1996), entre as pesquisadas pelo DataFolha, e Salvador sofreu o"pão que o diabo amassou". Parecia um monturo tal era a quantidade de lixo e ratos nas ruas e avenidas. Em 1998, elegeu-se deputada estadual. Trabalhou a recuperação de sua imagem, consubstanciada na tese de que sofrera perseguições por parte de ACM, manteve-se na oposição ao "carlismo" e chegou a Câmara dos Deputados, em 2002, com boa votação na capital. Em 2006, repetiu a dose e estourou em votos em Salvador. Quatro anos depois, beneficiada por desistências de Otto Alencar e César Borges na chapa de Wagner, elege-se senadora da República. Há de se dizer que o movimento Lula/Dilma/Wagner elegeu Lídice. É verdade. Sem isso seria impossível. Mas, também se deve situar os méritos de Lídice porque, além de ser política, estar inserida no contexto da política, é um nome respeitável, de peso, e que soube e teve competência para interpor seu desejo de ser senadora, quando o processo ainda estava em andamento. Não caiu de pára-quedas. Agora, Lídice faz novo movimento em direção ao Palácio Tomé de Souza. A provável candidatura étnica por ela acenada é apenas "o bode na sala". Esta história de candidato negro, de povo-de-santo e congêneres não vinga. Salvador é plural e enigmática. Já elegeu um judeu, Mário Kértész, aclamado nos braços do povo; e um evangélico, João Henrique, duas vezes. Só lembrando, a atual administração passou tratores num terreiro de candomblé. inclusive nas imagens dos orixás. Então, o nome do PSD é Lídice. E isso assusta e atormenta o PT, pelo menos no 1º turno. Hoje, se o Ibope ou o DataFolha fizer uma pesquisa não tenho dúvidas que os nomes mais citados serão ACM Neto, Lídice, Imbassahy, Pinheiro/Pelegrino e Varela. Pode não ser nesta ordem, mas, são os competitivos. No mais são balões de ensaio e desejos.

* Jornalista e editor de blog sobre política

Em Terras de Macunaima

Ferreira Gullar*
Como todos sabem, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab**, eleito pelo DEM, decidiu de uma hora para outra fundar um novo partido que apoiará o governo de Dilma Rousseff, do PT, inimigo figadal dos democratas. Kassab ganhou expressão na vida política de São Paulo graças a José Serra, do PSDB, o adversário político número 1 do PT. Como se vê, a nova performance do prefeito paulistano, aparentemente, não guarda nenhuma coerência com coisa alguma que o eleitorado pensava que ele fosse.

Não obstante, tudo isso está sendo feito como a coisa mais natural do mundo. Por que ele está deixando seu partido, ninguém sabe, mas o fato de criar um outro partido para si tem explicação: ele, assim, não perderá o mandato que, conforme decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), não pertence ao eleito, mas ao partido. E você, como eu, perguntará: se o mandato pertence ao partido, Kassab, pela lógica, ao deixá-lo, perderia o mandato, não? Isso é o que você pensa! O mesmo STF, que decidiu que pertencem aos partidos os mandatos de seus integrantes, admite que, se o eleito deixar o partido para fundar outro, não o perde. Diante disso, Kassab decidiu fundar um novo partido e seu mandato está salvo. Simples assim. Eu não sou ninguém para questionar uma decisão do STF. Não obstante, data vênia, não consigo calar minha perplexidade: se o mandato é do partido, significa que o eleitor, ao votar em Kassab, o fez por ser ele do DEM, isto é, de determinado partido.

Mas, se ao deixar o DEM, para fundar outro partido, levará o mandato consigo, então o mandato é dele, Kassab? Ou levará o que não lhe pertence? Nesse caso, para não dizer que é roubo, digamos que seja apropriação indébita. Mas com o aval do Supremo? Devo estar equivocado, não pode ser considerado roubo o que se faz dentro da lei. Seria, na pior das hipóteses, um roubo legal (nos dois sentidos). Uma coisa temos que admitir: o Brasil é único no mundo. Só mesmo em terras de Macunaíma, um político de projeção nacional, prefeito da maior cidade do país, resolve criar um partido apenas para aproveitar a brecha que a Justiça lhe oferece, ou seja, por puro oportunismo político.

Esperteza feita às claras, como se criar um partido fosse a mesma coisa que trocar de camisa. E vai ver que é. Eu é que estou fora de moda, sem ter ainda me dado conta de que partido político não tem nada a ver com sonho de como deveria ser a sociedade, mobilização da opinião pública para promover mudanças importantes que venham torná-la melhor e mais justa. Nada disso. Estou por fora. Não é à toa que, no Brasil, há dezenas de partidos, sem conteúdo ideológico, sem nenhum programa ou projeto que justifique sua existência. Partido político, hoje em dia, existe apenas para cumprir uma exigência da lei eleitoral. Como a maioria deles não tem eleitores, sobrevive como siglas de aluguel, juntando-se a outros partidos, em coligações que são mais um modo de enganar o eleitor desavisado. Mas não vamos jogar tudo nas costas do Kassab.

O partido que ele pretende fundar tem a mesma sigla -PSD- de um dos partidos que Vargas criou, nos anos 1940, para dar aparência democrática ao Estado Novo; o outro foi o PTB. Aquele era o partido dos patrões; esse, o dos trabalhadores. As duas classes fundamentais da sociedade estavam neles representadas, harmoniosamente, sem luta de classes, como convinha ao regime. Os generais de 64 fizeram coisa parecida, criando a Arena, governista, e o MDB, oposicionista. Tudo bem comportado, claro, para não atrapalhar o sonho do Brasil grande. Mas eis que jovens políticos, que sonhavam com uma sociedade melhor, fundaram dois partidos de verdade: o PT, que reunia a esquerda radical, e o PSDB, de linha social-democrata. Essas foram as duas forças que, findo o regime militar, passaram a disputar o poder. Em 1994, o PSDB chegou à Presidência com FHC e, em 2002, o PT venceu as eleições com Lula, apropriando-se do programa do adversário e imprimindo-lhe um cunho tipicamente populista. Cumpriram seu papel e se esvaziaram. Chegou a vez dos Kassab e companhia.

* Poeta e escritor, vencedor do maior prêmio literário da língua portuguesa- (Prêmio Luiz de Camões);

**Nota do Editor. O Partido Social Democrático, em fase de regsitro, teve seu lançamente efetuado em Salvador, no mês de março, com o apoio local do vice-governador Otto Alencar, e deverá congregar cerca de 120 prefeitos na Bahia

domingo, 3 de abril de 2011

Mãe Stella de Oxósi, articulista de A Tarde

Fernanda Lopes*

No Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, o jornal A Tarde dá oportunidade à comunidade negra, em especial ao povo de Santo, de transmitir sua mensagem para todo o País. A cada 15 dias, a editoria de Opinião terá uma de suas colunas assinada pela ialorixá baiana Mãe Stella de Oxóssi. O presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, aplaudiu a iniciativa: “Mãe Stella é uma das mais destacadas guardiãs da cultura negra. E certamente irá transmitir ensinamentos que reafirmarão a identidade da população negra brasileira”, resume Eloi Ferreira. Essa não é a primeira ação do jornal para a valorização da cultura negra. Anualmente, é publicado, no dia 20 de novembro, o Caderno da Consciência Negra, além das coberturas diárias dos temas raciais. “É a primeira vez, desde a fundação de A TARDE, em 1912, que uma ocupante do mais alto posto da hierarquia do candomblé se torna articulista de forma regular no periódico”, ressaltou jornalista Clediana Ramos no blog Mundo Afro. Mãe Stella de Oxóssi é sacerdotisa do famoso terreiro Ilê Axé OpÔ Afonjá desde 1976, enfermeira, funcionária pública estadual e escritora; em 1980, fundou o Museu Ohun Lailai – o primeiro de um terreiro de candomblé; em 2001, ganhou o Prêmio Estadão, na condição de fomentadora de cultura; em 2005, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal da Bahia (UNEB). É detentora das comendas Maria Quitéria (Prefeitura do Salvador), da Ordem do Cavaleiro Governo da Bahia) e do Ministério da Cultura.


*Fundação Palmares

**O primeiro artigo, já foi publicado, e o tema foi o dia primeiro de Abril

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O Vieira e o prestígio da comunidade

Edivaldo M. Boaventura*

O centenário do Colégio Antônio Vieira é motivo de contentamento para toda a Bahia, especialmente para seus alunos.

Alunos, professores e famílias festejam os cem anos de um estabelecimento que vem ensinando cultura e fé, marcando a educação de nossos jovens.

Com a instalação do Colégio Antônio Vieira há cem anos, exatamente em 15 de março de 1911, os jesuítas voltaram à Bahia depois de mais um século. A Companhia de Jesus, tão marcante em nossa história, recomeçou com o Colégio a sua presença significativa em nossa terra.

Os jesuítas aqui chegaram com Tomé de Souza e durante dois séculos mantiveram a educação para todos, incluindo índios, portugueses e brasileiros. Quando o marquês de Pombal fechou a Companhia de Jesus, foi um desastre para nossa educação.

É interessante observar que enquanto a proclamação da República Portuguesa, em 1910, fechou os colégios e expulsou jesuítas, na Bahia sucedia o contrário. Com estes padres e irmãos expulsos, recriava-se não somente o Colégio, que está completando 100 anos, como também toda uma província da Companhia de Jesus, no Nordeste, incluindo Recife com o Colégio Nóbrega e depois com a Universidade Católica do Recife.

O Colégio sempre contou com o apoio das famílias. Desde a primeira fase, de 1911 a 1932, quando funcionou na Rua do Sodré, número 43 e depois na rua Coqueiros da Piedade, que contou com o apoio da comunidade de Salvador e de toda a Bahia, basta ver o número de ex-alunos líderes e eminentes.

O Colégio logo se firmou como o principal estabelecimento particular da capital baiana com internato e externato, possibilitando a educação de jovens interioranos.

Desde o início o Colégio Antônio Vieira firmou um alto padrão de ensino que muito influenciou a vida intelectual da cidade não somente do ponto de vista literário e filosófico, como também científico. Cedo o Colégio passou a ser um polo de atração de ensino para os jovens baianos com a credibilidade das famílias. Merecem destaques , dentre outros, alunos como Anísio Teixeira, Thales de Azevedo, Hermes Lima, Jorge Amado, Herberto Sales, Hélio Simões, Pedro Calmon, Oliveiros Guanais de Aguiar e tantos outros.

* Edivaldo Boaventura, educador e diretor de A Tarde, foi aluno do Colégio Antônio Vieira entre 1946 e 1953

quinta-feira, 31 de março de 2011

Parabéns senhor prefeito, pelo nosso aniversário

Gil Vicente Tavares*

O prefeito de Salvador está de parabéns. A nova coreografia do Balé Municipal, acompanhada da Orquestra Sinfônica da Cidade de Salvador, embelezou ainda mais nosso novo Teatro Municipal. Este espaço, recém inaugurado, caiu como uma luva pra cidade. Localizado no centro de Salvador, as dez salas de ensaio, o espaço experimental, com capacidade pra 300 pessoas, e a sala principal, com um total de 1.200 lugares, acabou vindo na esteira da criação da Secretaria de Cultura do Município. Com o novo recapeamento da cidade, que agora conta com ruas asfaltadas em nível internacional, pode-se chegar ao Teatro Municipal através dos bondes modernos que foram criados para interromper o fluxo contínuo de carros. Agora, com esses bondes, basta se deixar o carro ou chegar de ônibus ou metrô no estacionamento subterrâneo, e de lá passear pelo centro admirando a reforma que trouxe uma nova vida à cidade. Com a interrupção do desmatamento, nosso prefeito seduziu as construtoras e revitalizar prédios antigos, ao invés de construir mais e mais coisas, numa ação que era totalmente burra; deixava-se imóveis belíssimos, espaços obsoletos no centro pra fugir para a periferia da cidade, fazendo fronteira, já, a outros municípios. Fiquei também orgulhoso de ver como todas as nossas praças foram reformadas. A ideia de fazer anfiteatros e barraquinhas nas praças, retirando ambulantes das ruas, acabou por trazer as famílias de novo ao seu passeio de fim de tarde, às atrações de final de semana porque, sim, a Secretaria de Cultura passou a incentivar as artes da cidade e não tem final de semana que não haja programação de boa qualidade nas raças. As novas lixeiras, banheiros públicos e passeios planejados vieram a deixar mais belo ainda o projeto das novas barracas de praia. Pistas de ciclismo, boa acessibilidade, tudo isso transformou a orla de Salvador num espaço moderno e sedutor. A política de incentivar uma urbanização limpa e pensada já há tempos cessou com os engarrafamentos. Pouca gente pensa em sair de carro de sua casa, pois a interligação entre metrô, ônibus climatizados e bondes modernos, funcionando de forma regular até às 2hs da madrugada, trouxe menos barulho, menos poluição e menos violência e mortes no trânsito. É bom ver que agora as pessoas vêm a Salvador pra assistir sua arte, apontando para o futuro. Viramos uma referência em todos os ramos da arte e o Museu de Arte contemporânea inaugurado há pouco tempo nos colocou de novo no cenário internacional de forma sensacional. Foi-se o tempo em que as pessoas vinham ver aquela cidade folclórica, de gente suja e pobre, de arte tosca e carnaval desorganizado. O prêmio concedido pela UNESCO ao planejamento feito no nosso último carnaval trouxe investimentos e o carnaval do ano que vem promete revolucionar a economia local. Agora, as pessoas não vêm mais para o carnaval, elas aproveitam o período para assistir bons espetáculos, coreografias, ver nossa orquestra e balé no Teatro Municipal. O incentivo da Secretaria de Cultura do Município à música local potencializou nossa criação e hoje dificilmente se consegue assistir apresentações musicais se não se comprar o ingresso com antecedência. Os grupos instrumentais de Salvador acabaram por esvaziar as grandes bandas de carnaval devido à demanda dos espaços novos, dos anfiteatros nas praças, o soteropolitano, depois dessas iniciativas do governo, passou a consumir todo tipo de arte local e paramos de ser os provincianos que ficavam atrás de xous de Lenine, Ana Carolina, etc., bem como espetáculos de globais. Com os novos incentivos da prefeitura, a produção local tomou um gás e hoje em dia está difícil achar espaço pra atrações de fora, visto que o prestígio local dos artistas vêm lotando teatros e praças. Claro que tudo isso se deve, também, à revolução na educação. A qualificação, reciclagem e capacitação dos professores, que tiveram aumentos na ordem de quase 300%, tudo isso acabou se refletindo nas salas de aula. As escolas municipais, reformadas, ficaram mais atraentes e uma geração de meninos preparadíssimos começou a surgir. Grandes professores da rede privada migraram, devido às condições e metas da prefeitura, para o ensino público e uma pequena revolução foi feita. Muito se poderia falar, parabenizando nosso prefeito. Não citei nem metade. Mas, pra eu não perder a fama, faço aqui uma crítica da minha área, a arte. Com essa urbanização fantástica, essa revolução na educação e o surgimento de novos teatros, espaços e museus, nossa produção aumentou muito. O governo conseguiu dar conta disso através de recursos próprios e acordos com a iniciativa privada. Temos, hoje, vários grupos de teatro, de dança, grupos musicais residentes em espaços públicos e privados, com programação constante e rica. Nossa orla virou referência nacional e nosso sistema de transporte, também. Com o fim da violência urbana, o soteropolitano passou a sair mais, ter mais tempo com trânsito livre, passou a frequentar mais a cultura local. Sim, e qual é a crítica? O problema é que a maioria dos teatros está com as temporadas dos grupos de dança e teatro esgotadas. Essa ideia de vender ingressos pra temporadas inteiras está afastando o turista. Precisa-se de uma política pra que o turista que chega num de nossos novos hotéis baratos e confortáveis possa curtir a cidade e sua cultura. Referência que somos, agora, de arte, as pessoas vem aqui assistir nossas criações e não acham ingressos. Claro que sempre haverá opções, com as barracas de praia novas, nossa orla fantástica, todo o sistema turístico implantado na cidade... Ah, não falei dele! Bem, o NST, Novo Sistema Turístico, aliou avançado sistema de transportes, a revitalização das praças, calçadas, a criação de banheiros públicos, lixeiras, barracas para atendimento, tudo isso se juntou a um mapa turístico pensado da cidade. Hoje em dia, você chega em qualquer lugar histórico da cidade e encontra um sistema informatizado com toda a história do local e explicando como foi o processo de revitalização do entorno. O mesmo sistema está sendo implantado, agora, nos espaços culturais da cidade. Mas isso seria um outro texto. Senhor prefeito. Não adianta criar um teatro municipal maravilhoso como esse, subvencionar as artes, revitalizar monumentos, espaços, praças, ter um sistema de transporte qualificado. Como o turista poderá usufruir disso? Quis assistir a nova coreografia do Balé da Cidade de Salvador e a mulher da bilheteria disse que os ingressos para a temporada 2011/2012 estão esgotados. Eu, como soteropolitano, não estou tendo chance de ver o balé da minha cidade, a orquestra da minha cidade. Imagine o turista? Parabéns, senhor prefeito. E espero que um dia você exista. Porque a atual conjuntura é desesperadora e as perspectivas dos próximos prefeituráveis são péssimas. Parabéns, senhor prefeito. E conte com meu voto.

* Dramaturgo, ator e escritor

Salvador: Transporte sobre trilhos ou sobre rodas?

A pouco mais de três anos para a Copa do Mundo do Brasil, Salvador ainda não definiu um dos seus principais entraves: a mobilidade urbana. Enquanto o metrô segue sem previsão de inauguração, após 11 anos do início da sua construção, técnicos e políticos debatem e divergem sobre qual seria a proposta mais viável para integrar o transporte de massa da capital baiana, o BRT (Bus Rapid Transit) ou o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). O governo do Estado abriu uma Proposta de Manifestação de Interesse (PMI) para as empresas do setor apresentarem as suas propostas, até a próxima quarta-feira (30), para que, a partir daí, o projeto escolhido seja implementado. A edição do Diário Oficial do Estado (DOE) de sábado e domingo (26 e 27) trouxe publicado o Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) destinado à realização de estudos preliminares de viabilidade técnica, avaliação ambiental, econômico-financeira e jurídica, para estruturação de projeto de transporte público metropolitano entre Salvador e Lauro de Freitas. A expectativa é que o PMI aponte a melhor solução para a mobilidade urbana dos dois municípios.Os entusiastas do BRT, como o deputado federal Nelson Pelegrino (PT), ressaltam o menor custo e a agilidade para o funcionamento do sistema. “O BRT é três vezes e meio mais barato, tem a implantação mais rápida e não envolve subsídios. Sem contar que o material rodante é todo fabricado no Brasil e, no futuro, as vias de circulação poderão ser adaptadas para qualquer outro modal”, defendeu. Ao considerar as duas propostas, o prefeito João Henrique Carneiro (PP) sugeriu que o bonde moderno fosse instalado no Subúrbio Ferroviário e os corredores para os ônibus bi-articulados construídos na Avenida Paralela. O Sindicato das Empresas de Transportes - SETEPS vem atuando claramente em favor do BRT, usando como principal argumento do descrédito provoc ado pelas obras infindáveis da linha 1 do Metrô de Salvador, que virou caso de polícia, "operação castelo de areia " (click e leia)envolvendo Prefeito, ex-prefeito, políticos, empreiteiras baianas, paulistas, mineira e pernambucana. (CC, AG, ODB, OAS, QG)

Carybé homenageado em São Paulo

Valdemir Santana*

Uma exposição gigante, com um conjunto de 19 peças de Carybé deve ser a parte mais relevante das homenagens para comemorar os 100 anos de nascimento de Hector Julio Páride Bernabó ou “Carybé”, o artista argentino que morou durante mais de cinquenta anos, e morreu, em Salvador, tornando a cidade ainda mais famosa no mundo por causa das pinturas que fez. A surpresa da exposição é que as obras ganham destaque em São Paulo, com mostra especial no Museu Afro Brasil, criado pelo artista baiano Emanoel Araújo. O artista plástico Justino Marinho, que também é baiano, é quem faz a curadoria adjunta para levar os painéis de Carybé para a grande mostra em São Paulo, considerada de nível internacional. Justino teve autorização da Fundação Clemente Mariani, proprietária das obras, para levar os painéis a São Paulo. Eles estão no “Museu Afro-Brasileiro de Salvador” e são embarcados esta semana. A exposição é inaugurada dia 28 integrando a programação do “Ano Internacional do Afro descendente”, no Brasil. São 19 painéis que seguem para São Paulo. Feitos em pranchas de cedro eles têm pintura, incrustações e entalhes para representar individualmente os orixás cultuados pelas religiões afro-brasileiras, com suas armas e animais litúrgicos. O conjunto tem uma história singular, pois foi feito sob encomenda do banqueiro Clemente Mariani, então dono do Banco da Bahia, e instalado em 1968 na agência da Avenida Sete de Setembro.

* Jornalista da Tribuna da Bahia

quarta-feira, 30 de março de 2011

José Alencar Gomes da Silva /1931 -2011


Um BRASILEIRO

Uma foto vale por mil palavras

Inteira definição do que em todos os tempos é a Bahia


Gregório de Matos*


Que falta nesta cidade....................VERDADE.


Que mais por sua desonra?.................HONRA.


Falta mais que se ponha?..............VERGONHA.




O demo a viver se exponha,


Por mais que a fama a exalta,


Numa cidade onde falta


Verdade, honra, vergonha.




Quem a pôs neste socrócio¹?.............NEGÓCIO.


Quem causa tal perdição?................AMBIÇÃO.


E o maior desta loucura?.....................USURA.





Notável desventura


De um povo néscio, e sandeu,


Que não sabe que o perdeu


Negócio, ambição, usura.




Quem são os seus doces objetos?..........PRETOS.


Tem outros bens mais maçciços?.........MESTIÇOS.


Quais destes lhe são mais gratos?........MULATOS.




Dou ao demo os insensatos,


Dou ao demo a gente asnal,


Que estima por cabedal


Preto, mestiços,mulatos.




E nos frades há manqueiras²............FREIRAS.


Em que ocupam os serões?.............SERMÕES.


Não se ocupam em disputas?.............PUTAS.




Com palavras dissolutas


Me concluís, na verdade,


Que as lidas todas de um Frade


São freiras, sermões, e putas.

O açucar já se acabou?................BAIXOU.

E o dinheiro se extinguiu?...............SUBIU.

Logo já convalesceu?...................MORREU.

À Bahia aconteceu

O que a um doente acontece,

Cai na cama, o mal lhe cresce,

Baixou, subiu, e morreu.

¹-Rapinar

²-Deslize moral

*Gregório de Matos e Guerra nasceu em Salvador, em 1633 (ou 36), filho de uma família afluente, e morreu no Recife em 1696. Alcunhado de Boca do Inferno ou Boca de Brasa, foi advogado formado em Coimbra, arcebispo e poeta na Bahia colonial. Utilizou a poesia como arma contra seus desafetos. Criticava a Igreja, o Judiciário e as pessoas de côr. Mesmo sendo racista ou apesar de, é considerado o maior poeta barroco da América portuguesa.

terça-feira, 29 de março de 2011

SALVADOR, SALVADOR

Roberto Mendes e José Carlos Capinan*
Luminosa cidade Espelho no mar No céu claridade É bonita de ver Refletida nos olhos Do meu amor Salvador Não deixe o meu amor morrer Me salve da dor Se esse amor virar saudade Negra na cor Cidade da fé, felicidade Negro amor Quero ver nos olhos dela Tua imagem O amor quando nos deixa É um beco sem saída Me salve da dor De um beijo de despedida… Eu vou botar meu coração na mão Que toca o tambor do teu afoxé Cidade da fé, felicidade Me salve da dor Se esse amor virar saudade…

* Poetas e compositores

** Publicado originalmente no blog Jeito Baiano

Salve salve, os 462 anos de Salvador

Osvaldo Campos Magalhães*

Salve, salve Salvador, cidade de todos os ritmos, de todo as cores, de tantas injustiças e de tantos amores; Salve Salvador, cidade da mistura, cidade da miséria e da vilania, Cidade da festa e da fantasia; Salve, salve Salvador, cidade da fé e de todos os ritmos, cidade da folia, Cidade do Carnaval, cidade da Bahia; Salve Salvador, cidade de cantores, dançarinos, poetas, Cidade da alegria, Cidade sem pudor, cidade da hipocrisia; Salve, salve Salvador, cidade de todos os ritmos, de todas as cores, Cidade de tantas injustiças e de tantos amores; Cidade cruel e tão desigual, cidade sensual; Salve, salve Salvador, de todos os cantos, males e encantos, Cidade Carnal, cidade amoral; Cidade da música e da felicidade, Cidade da exclusão, injustiça e impunidade; Cidade radiante, cidade mutante, cidade poesia, Cidade península, cidade da Bahia; Cidade da chuva, cidade do sol, cidade do futebol; Salve a alegria, salve a mistura, salve o axé e a fé, Cidade da ginga, cidade do Candomblé; Cidade pagã, cidade cristã, da mentira e da verdade, Ecumênica cidade; Salve a esperança e a perseverança, salve a ternura e toda procura, Cidade da loucura, Cidade do bem, cidade do mal, cidade do carnaval.

*Editor do blog Pensando Salvador do Futuro

** Foto: Daniela Paim