segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Salvador - Carnaval é o Diabo

Jolivaldo Freitas* 
Interessante este embate entre ACM Neto e Rui Costa para ver quem oferta o melhor carnaval para os foliões. Acho que, neste quesito, moeda por moeda, o prefeito vem perdendo a discussão, a partir do momento em que era melhor seu exército ficar acomodado do que mexer em quem estava quieto. A questão nos mostra, expõe, assegura e garante — e a Prefeitura estufou o peito e disse que ia gastar milhões com a estrutura da festa e saiu batendo no governador, quando este observou que o aumento no número de dias da folia e dos espaços não era coisa simples de oferecer segurança.
Quando passaram a mostrar números, o governo estadual jogou na cara quanto custa montar a estrutura policial e de segurança. Mas o que estão investindo estado e município pode dar certo por dois motivos: primeiro que o baiano e quem é de fora tem a certeza de que será um Carnaval da maior qualidade e atrações não irão faltar. Segundo que a folia será mais segura. Enquanto brigam prefeito e governador, quem ganha é o muvuqueiro que vai cair na gandaia até se esfalfar.
O bom nisso tudo é que pela primeira vez está sendo inteiramente — das vezes passadas foram apenas atitudes isoladas de glumas estrelas que possibilitaram — beneficiado o folião pipoca: aquele que não tem grana para pagar trios, blocos e abadás, mas que fica espremido pelos cordeiros e haja porrada. O governador deu uma dentro quando contratou aquele dois artistas que mais atraem foliões, que foram Ivete Sangalo, que vai levar sua imensa tribo de admiradores e sabe como organizar a festa, e Bell Marques, que ainda vive da imagem do Chiclete com Banana, este que deixa solto, deixa o pau correr e quem tiver coragem que siga seu trio — coisa que os preconceituosos dizem que só dá marginal.
E os verdadeiros marginais são responsáveis pelos altos índices de violência, o que, por outro lado, é fator de limites para a festa. Se o Carnaval não tivesse nenhuma ocorrência assustadora, como tiros e facadas, fosse uma festa de Baco, algo pantagruélico e ou no verdadeiro espírito de Momo, não haveria lugar para tanta gente na cidade. Isso porque milhares deixam de vir de outros estados com medo da violência, o mesmo acontecendo aqui dentro mesmo, com gente de outros municípios. Como muita gente é frouxa, deixa de vir. Daí que Carnaval vem a ser coisa para quem tem coragem e não receia o Diabo.
*Jornalista e escritor

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