terça-feira, 29 de junho de 2010

As Copas de 2014

Estádio Green Point - Cape Town
Nizan Guanaes*
Estou na África do Sul. Vim para o Fórum Global que "Fortune", "Time" e CNN realizaram na Cidade do Cabo (foto), reunindo alguns dos mais importantes empresários, políticos, jornalistas, nomes do entretenimento, do esporte e de ONGs. Sou, para minha tristeza, o único brasileiro num mar de chineses e indianos.
O lugar do fórum não foi escolhido à toa. O de 2012 será na China, e vou lutar intensamente para que o Fórum Global de 2014 aconteça no Brasil.
A Copa do Mundo é um evento extraordinário e múltiplo em que, simultaneamente, muitas coisas estão em jogo. A África do Sul, enquanto recebe, joga para sediar uma Olimpíada, e sinceramente acho que seria uma linda competição na Cidade do Cabo.
Enquanto em campo se joga a Copa do Mundo da África do Sul, nos bastidores se joga a Copa do Mundo do Brasil.
Empresas de mídia, marketing, esporte e infraestrutura buscam parceiros, oportunidades e informação sobre a Copa do Mundo no Brasil. Martin Sorrell, número um da propaganda mundial (CEO do Grupo WPP), e Ted Forstmann, dono da IMG, não estavam aqui falando do futuro do esporte sem propósito.
Há muito em jogo mesmo. O Brasil não deve se deslumbrar nem ser "blasé" em relação à Copa e à Olimpíada. É equivocado pensar que a Copa do Mundo é algo que se realiza em um mês e passa deixando estádios e corações vazios.
Os Bafana Bafana da África do Sul perderam no Mundial, mas esse povo sorridente celebra com razão. Eu vim e, com fé em Deus, voltarei e trarei muitos outros. O país é lindo. Cabo é uma cidade global para visitar sempre. E o continente é um dos grandes continentes para investir.
Em resumo, minhas pessoas físicas e jurídicas voltarão à África. Enquanto a Copa de 2010 se realiza em campo, e a de 2014, nos corredores, sonhos de futuros mundiais começam a ser desenhados.
O ex-presidente dos EUA Bill Clinton veio à África do Sul não só para fazer a palestra principal do Fórum Global, mas como presidente de honra da candidatura dos EUA à Copa do Mundo de 2018 ou 2022.
E quem teve a oportunidade de acompanhar de perto seus passos, como eu tive, não tem dúvida do seu empenho. Eu e minha família acompanhamos Clinton durante a partida na qual jogaram Estados Unidos e Gana, no sábado, dia 26.
Fomos a Rustenburgo com o presidente Clinton, um aparato forte de segurança e alguns dos mais importantes jornalistas dos EUA, como Wolf Blitzer, da CNN, e Katie Couric, a mega-apresentadora e editora da CBS Evening News.
Saímos da Cidade do Cabo, onde participamos do Fórum Global, e voamos ao gelado noroeste da África. Um líder verdadeiro tem de ter senso de espetáculo. E o presidente tem de sobra. Assim como Asamoah Gyan, jogador do time de Gana, ele lutou os 90 minutos.
O presidente torceu por seu time ao lado de Mick Jagger. Brincou e foi saudado pela torcida de Gana, aplaudiu os vitoriosos com fair play sem nunca esquecer, um segundo, que, calado, falava com a opinião pública mundial.
Enquanto Clinton torcia pelos EUA e por um Mundial em seu país, outra Copa se desenrola nos camarotes empresariais, em que as companhias recebem seus maiores clientes do mundo inteiro. Afinal, ingresso para o jogo dos sonhos é a única coisa inesquecível que se pode dar às pessoas que já têm tudo. Cientes disso, os estádios modernos capricham nos hospitality centers, afinal um dos retornos mais apreciados pelos patrocinadores é o networking que podem fazer antes, durante e depois da Copa.
Mas é preciso lembrar que, acima de todos os interesses, a Copa do Mundo é do torcedor. Do adulto que vibra como criança e da criança que discute informada como um adulto.
O que torna a Copa o evento mais importante do mundo é que é o acontecimento mais importante para o mundo. Uma importância à qual nem os Estados Unidos conseguem mais ser indiferentes.
A Copa de 2014 não é a Copa inocente e paroquial de 1950. É um evento global que tem o poder de organizar uma nação, que põe dia, data e hora para que as coisas sejam feitas. Que coloca o país na vitrine e na vidraça do mundo, que estabelece uma pauta objetiva.
Um Brasil que terá sua rede de aeroportos e transportes públicos avaliados por passageiros de todo o mundo. Sua segurança, sua rede de hotéis e restaurantes, idem. Até a Olimpíada de 2016, no Rio, o país vai estar no centro das atenções ou no olho do furacão.
*NIZAN GUANAES, soteropolitano,publicitário e presidente do Grupo ABC

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