domingo, 9 de julho de 2017

Luz e Sombra

Aninha Franco*
Dinamarca, Noruega e Suécia foram habitadas por vikings até a Idade Média.
A Dinamarca é a nacionalidade de Kurt Westergaard, aquele cartunista que criou um dos doze desenhos sobre Maomé, mais precisamente o que Ele usa um turbante em formato de bomba. 
A Dinamarca é o país de Karen Christence, a baronesa de Blixen-Finecke, conhecida e admirada sob o pseudônimo de Isak Dinesen, autora de A Fazenda Africana (1937), inspiração do filme Entre Dois Amores (1985) e de Anedotas do Destino (1958), com o melhor conto gastronômico que eu já li, A Festa de Babette, filme em 1987, Oscar de filme estrangeiro em 1988, entre outras obras admiráveis que ainda não são filmes. 
O italiano Eugênio Barba que reside no Planeta Terra tem domicilio na Dinamarca. 
O Google dissuade os brasileiros a morarem na Dinamarca por causa do idioma, do clima, das relações sociais, da comida e da xenofobia. E os aconselha a residir lá pela honestidade, confiança, segurança, liberdade sexual, igualdade de gêneros, sistema de bem-estar social, conforto sem luxo, felicidade coletiva, sustentabilidade e hygge, um comportamento raro no Brasil, que é evitar conflitos desnecessários e desgastantes para viver bem. 
O artista Christian Cravo é baiano, filho inquieto do artista Mario Cravo Neto (1947 a 2009) e de mãe dinamarquesa, com quem Christian morou na Dinamarca, criança, foi educado na adolescência e cumpriu serviço militar na juventude. 
Em 1997, estava em Salvador participando da Mostra de Fotografia Contemporânea Baiana - Ano III e em 1998 integrou o Arts Plastiques D’aujourd’hui com outros pintores, escultores e fotógrafos nas galerias J&J Dounguy, Vivendi, Modus, Debret, Magnan e Leonardo em Paris. 
Em 2000, fotografou os profetas que impediram o mundo acabar, que de acordo com as previsões acabaria em chamas em 31 de dezembro. Em 2001, estava fotografando no Haiti, o que resultou na exposição/livro Nos Jardins do Éden (2010), território do vudu e de terremotos de magnitude 7,0 na escala Richter, onde é forçoso ter muito mais fé para sobreviver do que no Brasil contemporâneo. 
Em 2015, fotografou Mariana e fez fotos com o poder de mostrar o que aconteceu lá no dia 5 de novembro de 2015. 
Christian Cravo é meticuloso quando escolhe o que fotografar e espetacular quando fotografa. 
Depois de morar nalgumas metrópoles do planeta, NY nos USA e SP no Brasil, inclusas, instalou-se na Província da Baía de Quirimurê para organizar a obra de seu pai no Instituto Mário Cravo Neto, e ficar perto do avô, o escultor Mário Cravo Filho, nosso Vulcano. 
Na Galeria Paulo Darzé mostrou a exposição Luz e Sombra com fotos de Christian na África, e livro da mostra. Se Isak Dinesen priorizou os humanos em seus livros de cenário africano, Christian fotografou outras espécies em Luz e Sombra, onças que lembram modelos inglesas, namoro de girafas, lindos leões despenteados e pássaros monárquicos. 
Zivé Giudice, que esteve com Christian em Arts Plastiques D’aujourd’hui, e que voltou à direção do MAM-BA por esses dias, estava na Paulo Darzé, ontem, sinalizando que artistas devem respeitar-se e proteger-se porque essa é a regra básica de sociedades evoluídas.
Aninha Franco é escritora, advogada, dramaturga e apaixonada pelas artes. 
Aos 25 anos, a escritora recebeu um dos mais importantes prêmios da época na Academia Brasileira de Letras e hoje reúne notas, recordações e bilhetes em uma estante chamada ‘casa da minha alma’.Com mais de 13.000 livros, 7.000 discos, 1.000 filmes e varios projetos capitaneados, Aninha mantem uma coluna diária no jornal Correio da Bahia, onde este artigo foi originalmente publicada.Entre todas as manifestações artísticas, ela considera a gastronomia como a mais importante, porque, segundo Aninha, além de agradar a visão, o olfato e o paladar, essa arte agrada também o estômago.

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