domingo, 1 de janeiro de 2017

Requalificar o Centro Antigo

Paulo Ormindo de Azevedo *
No mês passado, a Prefeitura anunciou um programa para revitalizar o centro antigo de Salvador, que inclui bairros que vão da Sé à Lapinha e do Comercio ao Tororó e Barris.
O abandono da área se evidencia pelo número de ruinas, a demolição de 31 imóveis na Montanha, em 2015, e a falta de agua para inaugurar o Palace Hotel.
Desde a administração de Mario Kertész, esta é a primeira vez que a Prefeitura manifesta interesse pela área, um dos principais atrativos da cidade.
Mas tenho dúvidas que apenas incentivos fiscais e a criação da Vila Cultural da Barroquinha, que não se sabe bem o que é, possam recuperar uma área tão extensa.
Primeiro, pela situação legal das ruinas.
Ninguém sabe a quem pertencem, pois três gerações não fizeram inventários. Segundo, por imaginar que a iniciativa privada vá se interessar por um novo “shopping a céu aberto”.
Não sou pessimista, apenas acho que o enfoque é equivocado.
A recuperação daquela área só é viável com um plano urbanístico envolvendo município, estado e União, que contemple os aspectos físicos, ou de infraestrutura; sociais, com ênfase na habitação; e econômicos, com incentivos aos serviços.
Isto é programa de estado e não de governo municipal.
As 1.500 ruinas podem se converter em 10.000 habitações do programa Minha Casa e Minha Vida.
Ele pode começar com o projeto da Faculdade de Arquitetura/Conder para o Pilar, já pronto.
No artigo “O que o centro antigo precisa”, publicado neste jornal em 3/2/2013, apontei as obras de infraestrutura necessárias: melhorar o acesso ao Centro Histórico com passarelas ligando o Pelourinho ao Desterro e o Carmo à Saúde e galerias e elevadores subterrâneos conectando a estação de metrô do Campo da Pólvora à Baixa dos Sapateiros, ao Terreiro de Jesus e ao Comercio, instalação de escadas rolantes ligando a Preguiça e a Contorno à Pr. Castro Alves e criação de um centro cultural dinâmico no Pelourinho, aproveitamento os cines Jandaia, Excelsior e Pax, este com um estacionamento vizinho subutilizado.
Finalmente, dar uso cultural ao Solar do Saldanha e não apenas burocrático.
*Arquiteto e Professor Titular da Ufba
 SSA: A Tarde, 1º/01/2017

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