segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Lelé - Um mestre da arquitetura

João da Gama Filgueiras Lima, Lelé, nascido em 10 de janeiro de 1932, no Rio de Janeiro é formado pela Escola de Belas Artes, no Rio de Janeiro em 1955. Iniciou sua carreira durante a construção de Brasília, onde teve participação ativa, colaborando diretamente com Oscar Niemeyer.
Participou da implantação da Universidade de Brasília, onde lecionou e coordenou a Pós-Graduação. Notabilizou-se pelo trabalho com a arquitetura pré-fabricada, realizando diversas obras em diversas capitais como Brasília, Rio de Janeiro e Salvador, transformando-se num dos mais importantes arquitetos do Brasil.
Desenvolveu o projeto da Rede Sarah de Hospitais em todo o país. Recebeu diversos prêmios em sua carreira, dentre eles o Grande Prêmio da Primeira Bienal de Arquitetura e Engenharia de Madrid pelo projeto da unidade do Hospital Sarah em Salvador. Em 2.000 representou o Brasil na Bienal Internacional de Veneza.
Atualmente está à frente do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Hábitat (IBTH).
Poucos arquitetos brasileiros possuem tantas obras saídas de sua prancheta como João Filgueiras Lima, o Lelé (2).
Lelé é carioca de nascimento, radicado em Salvador e atuante em todo o país. Participou como protagonista de um dos momentos mais importantes do modernismo brasileiro, o nascimento de Brasília, projetando, construindo e colaborando com outros arquitetos, como Oscar Niemeyer. Ele foi capaz de desenvolver ao longo de sua carreira uma obra única, mesmo no contexto internacional, extremamente ligada a dois aspectos básicos da construção: o clima e a pré-fabricação.
A idéia de concretizar uma arquitetura mais humana, preenchida por luz e ventilação natural, além de racionalizada e economicamente viável, foi a marca de Lelé que tornou a Rede Sarah um símbolo de boa arquitetura (e boa administração) em nosso tropical e carente Brasil. O Centro de Tecnologia fornece hoje peças não só para os hospitais da rede, mas também para outras obras como Escolas, Tribunais de Contas e Tribunais Eleitorais em todo o país, provando seu sucesso.
A força das propostas de Lelé, capazes de romper a descontinuidade das políticas públicas, e penetrarem em grande parte de nosso território, mostra que a arquitetura pode, sim, ter sua parte num mundo e num Brasil melhor.
Mas é preciso quebrar a cabeça.
Afinal, se tem uma coisa que não combina com Lelé é perda de tempo.
A doença e o trabalho
Convivendo com um câncer na próstata há oito anos, o arquiteto não diminuiu o ritmo de trabalho e teve de inventar espaço em sua agenda para conceder esta entrevista em seu escritório em Salvador. João Filgueiras, o Lelé, está agora à frente do Instituto de Brasileiro de Tecnologia e Habitah - IBTH, onde concluiu recentemente o projeto arquitetônico do Tribunal Regional do Trabalho, adotando um inovador conceito de sustentabilidade ambiental e integração da estrutura com a natureza exuberante do terreno.
PSF- Por que escolheu morar aqui em Salvador?
Lelé:
Fui escolhido por Salvador. A vida da gente, no fundo, é movida por questões acidentais. A gente planeja, planeja e tudo sai ao contrário. O segredo é deixar as coisas acontecerem. Essa coisa de eu ter vindo parar em Salvador foi completamente acidental. Assim como foi acidental eu ter virado arquiteto. Toda a minha vida foi acidental. Eu não conheço certas coisas radicais que mudaram minha vida. E não conheço nenhuma delas que eu tenha planejado. Nem a ida pra Brasília, que foi completamente acidental. Nenhum arquiteto queria ir embora pra Brasília. Num almoço um cara perguntou se eu não queria ir pra lá. Aí eu disse: “Eu quero”. E me pegaram pelo pé (risos).
PSF- Uma questão que sempre foi associada à sua obra é a da sustentabilidade. Mas esse conceito virou certo modismo... Isso o incomoda?
Lelé
: Eu detesto, detesto... Mas está dando lucro ser ecologista. E, na verdade, o discurso da sustentabilidade disseminado por aí não está sendo praticado. Porque a gente precisa economizar os recursos naturais e utilizar o que a natureza nos fornece de mais barato. Sempre que eu falo sobre esse tema, uso a imagem da abelha. As abelhas lidam com uma coisa absolutamente sofisticada e escassa, que é o mel. A abelha retira o pólen das flores, faz um sacrifício enorme para transformar isso em mel. E o incrível é que a forma escolhida para fazer a colmeia, em hexágono, é a mais econômica que se tem. Seria mais fácil fazer uma casa redondinha, mas intuitivamente ela tem o cuidado de fazer hexagonal, que é a forma de juntar um casulo com o outro economizando o máximo de material. Então, quer dizer, o que o ser humano tem que fazer daqui pra frente construindo seus casulos, suas casas, suas cidades é usar a abelha como exemplo...

2 comentários:

  1. Como todos os conceitos, o de "sustentabilidade" assume muitas formas porém todos pensam que estao falando da mesma coisa.

    O senso comum nao tem o costume de investigar conceitos. Simplesmente associa um valor positivo ou negativo a algo. Desta forma, sustentabilidade é mais um rótulo, como "ISO", que as pessoas acham que é bom porque é bom e pronto, sem conhecer o que há por detrás!

    Talvez fosse uma bela matéria pro blog se vocês investigassem os polisemismos do termo!

    Abraços!
    Otávio

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  2. Uma série de lançamentos de diversos produtos estão se aproveitando desta brecha para confundirem os consumidores e o público em geral. Exemplos: Ford Ecosport, Ecopark, Ecobike etc.
    O assunto merece ser investigado e aprofundado neste blog e em outros meios de comunicação.

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