quarta-feira, 29 de julho de 2009

Presidente da Codeba fala sobre a greve nos portos e critica destratores de sua gestão

A paralisação dos trabalhadores portuários da Companhia Docas da Bahia (Codeba) entrou em sua segunda semana sem uma perspectiva de acordo. Com isso, 50% do efetivo segue atuando nos portos de Aratu, Ilhéus e Salvador, informa o Sindicato Unificado dos Trabalhadores nos Serviços Portuários da Bahia (Suport/BA). Por sua vez, o presidente da Codeba, Newton Dias, garante que 90% dos 300 profissionais da estatal estão trabalhando normalmente nos portos. Desencontros a parte, o fato é que os portos baianos saem perdendo mais uma vez nessa disputa salarial.
Em entrevista exclusiva, o presidente da Codeba, critica seus destratores, “Quem nos condena tem algum interesse nisso. Não escondemos nada de ninguém. Se houvesse tantas críticas ao meu comando, eu não teria sido reconduzido ao cargo para comandar a Codeba pela segunda vez, mesmo que de forma interina”. Newton Dias segue linha adotada pelo diretor comercial Antonio Celso Alves Pereira Filho, que semana passada criticou duramente aqueles que, em sua opinião, só sabem enxergar defeitos e não ajudam a melhorar a situação dos portos da Bahia. Confira abaixo a entrevista completa.
P. – Qual o estrago que a greve dos portuários está causando na Bahia?
Newton Dias – Em primeiro lugar, quero ressaltar que a greve deles é legal, mas posso afirmar, sem medo de errar, que 90% de nossos 300 funcionários trabalham normalmente neste momento. O que os guardas portuários estão fazendo é um trabalho de rotina e, sinceramente, para nós é muito bom ter eles vistoriando todos os veículos que entram e saem da faixa portuária. Vamos levando a jornada de maneira normal.
P. – Por que Codeba e Suport não chegam a um acordo e encerram isso?
Newton Dias– Há três meses estamos falando com o sindicato e tentando fechar um acordo satisfatório. Infelizmente, não chegamos a um consenso e surgiu essa greve, que não veio em um momento, digamos, oportuno, e depõe contra nossos exportadores e importadores. Nós não escondemos nada neste difícil processo de negociação. Quem nos condena tem algum interesse nisso.
P – O problema é o corte das horas extras dos guardas portuários?
Newton Dias – Justamente. O Ministério Público do Trabalho considera uma carga absurda de trabalho mantermos os guardas atuando 12 horas por dia, todos os dias, nos portos de Salvador, Aratu e Ilhéus. Tentamos fazer com que o Suport nos compreendesse, mas até agora não se fechou o acordo. Todos nós sabemos que nenhuma pessoa normal suporta uma jornada diária de 12 horas por 30 anos. O MP também percebeu isso e pediu para regularizarmos a situação.
P. – Só que com o corte de horas o salário deles não reduzirá demais?
Newton Dias – Não podemos esquecer que a movimentação de cargas nos portos da Bahia caiu cerca de 30% com a crise mundial. Mesmo assim, oferecemos ao sindicato dos trabalhadores um reajuste salarial de 10,75%, válido por dois anos, a mesma base que os trabalhadores da administração portuária de Santos, o maior porto do País, aceitaram há menos de um mês. E para os guardas portuários, que têm parte de seus salários garantidos pelas horas extras, estamos elaborando um Plano de Cargos e Salários. Novos pisos se fazem necessários. Hora extra é para ser usada em necessidade.
P.– Além da greve, o fato de o senhor estar como presidente interino há oito meses não atrapalha a Codeba?
Newton Dias – Esta é uma critica que não condiz com a realidade. Hoje, eu não me considero um presidente interino. Estou há quatro anos na direção da Codeba e fui interino por nove meses há dois anos, na fase de transição entre as administrações de Fernando Schmidt e o Marco Antonio Medeiros. Se houvesse tantas críticas ao meu comando, eu não teria sido reconduzido ao cargo. Tenho o apoio do Governo da Bahia e da Secretaria Especial de Portos.
P. Então por que o senhor não assume de vez a Codeba?
Newton Dias – Porque quem define isso é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador Jaques Wagner e o ministro dos Portos, Pedro Brito. O que os três me pedirem eu faço. Estou preparado tanto para ficar por mais um tempo quanto para sair da presidência e focar meu trabalho na diretoria de Gestão Administrativa e Financeira. Quem está aqui no dia-a-dia sabe que estamos trabalhando sério. E a Codeba não é feita só de presidente, deixo bem claro isso. Estamos privilegiando os técnicos da empresa e, neste momento, posso dizer que a Docas está no piloto automático.
P. – Por que o senhor reajustou as tarifas portuárias?
Newton Dias – Porque determinadas tarifas sequer cobriam os custos de operação e nós optamos por esta medida, mesmo em tempos de crise. O CAP compreendeu a nossa situação, graças aos integrantes que pensam na comunidade, pensam em todos. O reajuste era mais que necessário. Nossa diretoria tem um objetivo: fazer os portos da Bahia funcionarem bem, de forma digna.
P. – Isso não passa pela expansão do terminal de contêineres? Como resolver isso?
Newton Dias – É verdade. A expansão da Ponta Norte é para ontem e o estudo de viabilidade econômica feito pela empresa DTA aponta o aditamento para a Wilson, Sons como a melhor saída a este impasse que nos incomoda há anos. Por isso, nós fechamos a questão e defendemos, em vez da publicação de um edital de licitação e o chamado para outra empresa atuar no Porto de Salvador, aditar o contrato da Wilson, Sons e torná-la responsável de uma vez pela expansão do Terminal de Contêineres (Tecon).
P. – E o que falta para resolver isso?
Newton Dias – O estudo da DTA está na mesa da Antaq em Brasília e aguardamos uma resposta da agência sobre este caso. Espero que a resposta saia logo, pois temos mais de R$ 50 milhões garantidos para a dragagem de aprofundamento, além da conclusão das obras da Via Expressa Portuária. A parte de infraestrutura está sendo ampliada e com o Tecon expandido, atrairemos mais contêineres para o Porto de Salvador.
Fonte: Site Porto Gente

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