quarta-feira, 25 de março de 2009

UMA PONTE PARA O FUTURO

Osvaldo Campos
A concessão da BR 324, trecho entre Salvador e Feira de Santana, e a implantação da Via expressa Baía de Todos os Santos, são acontecimentos que poderão viabilizar a construção da ponte de ligação entre Salvador e a ilha de Itaparica. Vamos aos fatos.
A concessão da rodovia Salvador–Feira ao consórcio Rodobahia, grupo formado pela espanhola Isolux-Corsan e pelas empresas brasileiras Engevix e Encalso, terá o prazo de 25 anos e implicará na implantação de dois postos de pedágio com cobrança em ambos os sentidos. Ao contrário do trecho da BR 116 entre Feira de Santana e Cândido Sales, integrante da mesma concessão, que deverá ser totalmente duplicado durante o prazo de concessão, o edital não previu o aumento da capacidade de tráfego da BR 324, nem a duplicação do anel rodoviário de Feira.
A rodovia, que em alguns trechos já registra uma movimentação de mais de 40 mil veículos dia é atualmente a principal via de acesso a Salvador, e, em menos de 15 anos, estará no limite de sua capacidade de tráfego, o que tornará viável uma segunda opção de acesso a Salvador mediante a concessão da construção da ponte Salvador – Itaparica e da duplicação do trecho entre Bom Despacho e Nazaré.
Por outro lado, a implantação da Via Expressa Baía de Todos os Santos, com investimentos de R$ 300 milhões oriundos do PAC, Plano de Aceleração de Crescimento, criará a infra-estrutura necessária para a implantação da ponte e a articulação entre os dois acessos a Salvador.
Não por acaso, o governador Jaques Wagner entregou ontem ao presidente Lula o estudo preliminar da ponte, visando a inclusão no PAC. Os estudos, desenvolvidos pelo setor privado, estão bastante avançados e visam a implantação do projeto mediante concessão pública. Prevendo-se uma movimentação de cerca de 20 mil veículos/dia em 15 anos, a viabilização da nova ponte estará atrelada à cobrança de um pedágio de cerca de R$ 25, 00, (inferior à atual tarifa do Ferry Boat) e, à implantação de um projeto de desenvolvimento urbano planejado da ilha.
Coincidentemente, o atual processo de degradação da ilha teve início justamente com a concessão da estrada do Côco/Linha Verde, que, assegurando acesso rodoviário de qualidade para a Costa dos Coqueiros, possibilitou a implantação do projeto Sauípe e a consolidação da Praia do Forte como destino turístico e de veraneio. Propiciou também o deslocamento do vetor de expansão imobiliária de Salvador para o litoral norte e, mais recentemente para a Avenida Luiz Viana Filho.
Uma nova concessão rodoviária, incluindo a construção da ponte Salvador – Itaparica e a duplicação do trecho entre Bom Despacho e a ponte do Funil , assegurando acesso rápido e eficiente, deverá reverter este vetor de expansão imobiliária, transformando o atual panorama de degradação da ilha.
Mediante um bem estruturado plano de desenvolvimento urbano, a ilha poderá se transformar e crescer de forma ordenada, impedindo também o atual processo de crescimento descontrolado de Salvador, com seus reflexos no trânsito e na qualidade de vida dos habitantes da cidade.
Osvaldo Campos Magalhães - Engenheiro Civil e Mestre em Administração (Ufba), membro do Conselho de Iinfra-estrutura da FIEB, coordena o Nelt - Núcleo de Estudos em Logística, Transportes e Tecnologias Sustentáveis. Email: nelt.oscip@gmail.com.
Artigo também publicado no jornal A Tarde em 26 de março de 2009

4 comentários:

  1. Muito bom. Devia ser publicado na "Tarde", para maior divulgação, já que o blog está nascendo. O texto faz previsões otimistas, mas
    razoáveis, como a transformação de Itaparica numa extensão urbana ligada a Salvador e desafogando a capital. Além do mais, os comentários referentes ao litoral Norte são precisos.
    Bravo,
    Oliveiros

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  2. Muito bom artigo, você sempre superando as expectativa dos seus seguidores com textos inteligentes, grandes idéias e bem escrito.

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  3. Foi em fins de 1968 que adquiri dois lotes de terreno em Bom Despacho lá em Itaparica, quando se falava na construção de uma ponte e inicialmene em um sistema de Ferry. Anos passaram, minha primeira viagem ao loteamento foi em saveiro e anos mais tarde em Ferry, mas a tal ponte que a Odebrecht iria construir em gestão ACM, nunca aconteceu. Tomando o infeliz metrô como "exemplo administrativo", já tendo 13 anos de idade, um garotinho paralítico, fico imaginando se minhas netas irão ver a bela ponte de Lelé sair do papel, e dos vídeos. Ah! Os lotes? já me livrei dos dito cujos passando-os para algum "herói".

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