quinta-feira, 25 de setembro de 2025
Salvador - O ocaso do planejamento urbano
quinta-feira, 18 de setembro de 2025
Charutos Suerdieck - do Recôncavo para o mundo
Em 1899, chegou à Bahia Ferdinand Suerdieck, irmão de August, que se instala em Maragojipe, cidade em franca expansão. No ano de 1905, a Suerdieck decidiu iniciar a sua produção de charutos, afinal a cidade oferecia boas condições, a tradição da mão- de- obra das charuteiras, a localização favorável no eixo do Rio Paraguaçu e o fácil transporte de mercadorias através dos saveiros que faziam as travessias com Salvador.
Com a consequente implantação da Fábrica de Charutos Suerdick em 1905, completou-se o parque industrial, voltado para fabricação de charutos finos.
Durante uma viagem de férias, Ferdinand adoeceu, vindo a falecer em Luzern, na Suíça, no dia 17 de março de 1923, aos 47 anos, sem deixar descendentes.
O sócio remanescente, August Suerdieck – com 63 anos e residindo em Salvador, administrava a exportação de fumos, sua principal atividade empresarial – foi obrigado a definir o sucessor do irmão que vinha preparando para o comando da organização, onde, além do setor de charutos, já respondia pela lavoura fumageira da companhia. Assumiu o lugar na fábrica seu parente o Gerhard Meyer , na condição de novo sócio minoritário. Com o falecimento do Sr. August Suerdieck em 1930, passa a assumir o controle dos negócios sua esposa, D. Hermine, que veio a falecer no ano seguinte. Então, a fábrica passa a ser comandada por Gerhard Meyer Suerdieck e sua esposa Tibúrcia Guedes Meyer Suerdieck. Gerhard então incorpora Suerdick ao sobrenome.
Alguns anos antes, Gerhard havia tido dois filhos com uma maragogipana, e em seguida, mais um filho com outra. Por fim, acabou se casando com uma das suas operárias, D. Tibúrcia, com quem teve quatro filhos. Um desses quatros filhos foi o Sr. Geraldo Meyer Suerdieck, que esteve no comando da fábrica durante 27 anos.
A gestão familiar, sem práticas modernas de administração, provavelmente contribuiu de forma significativa para a falência da Suerdieck, somando-se a fatores externos (mercado de charutos em crise, impostos, concorrência internacional, mudanças no consumo, etc.).
No caso da Suerdieck, o apego à estrutura antiga, a incapacidade de buscar novos mercados ou alianças estratégicas, e a dificuldade de lidar com dívidas sugerem que a governança familiar sem profissionalização foi, sim, um fator importante no colapso.
Fonte: SCR RECÔNCAVO - MaragogipeEE
segunda-feira, 15 de setembro de 2025
Elmano Silveira Castro: um grande brasileiro
Joaci Goes*
Hoje, quando a Tribuna da Bahia completa 52 anos de circulação ininterrupta, a imprensa livre da Boa Terra se rejubila na evocação da singular personalidade do seu fundador, Elmano Silveira Castro, um dos maiores nomes da imprensa baiana de todos os tempos, apesar de sua brevidade existencial. Nascido em Caetité, a 02/5/1926, ele nos deixou a 29/4/1975, três dias antes de completar 49 anos.
Tão grandes quanto a prodigiosa inteligência de Elmano eram o seu desassombro, visão e determinação empreendedora, para quem as dificuldades operavam como estímulo adicional para percorrer trilhas ignotas, como se fora um discípulo intuitivo do vate americano Robert Frost que aconselhava a escolha de caminhos menos batidos por oferecerem, não obstante os riscos, maiores possibilidades de venturas e insuspeitadas descobertas, em seu famoso poema The Road Less Travelled.
Ao perceber o ambiente morno da mídia baiana, contida pelos temores da censura dominante no Regime Militar, então vigente, Elmano anunciou o impensável: a criação simultânea de um canal de TV, a Aratu, e a fundação de um jornal diário, impresso em offset, com a técnica mais avançada e pioneira no País. De fato, vencendo o ceticismo de muitos, a TB veio a lume no dia 21/10/1969, com uma equipe de jovens e brilhantes jornalistas, escolhidos e treinados pelo talentoso Quintino de Carvalho, primeiro redator chefe, que viria nos deixar muito precocemente, vítima de um câncer fulminante, sendo, ao longo dos anos, substituído por gente do padrão de Cid Teixeira, Jairo Simões, João Ubaldo Ribeiro, Raimundo Lima e Sérgio Gomes, o mais jovem redator chefe da imprensa nacional, em todos os tempos.
Para os que supunham que a TB, propriedade de empresários, seria dócil à vontade dos poderosos de plantão, o jornal fascinou desde os primeiros momentos, não apenas por sua moderna roupagem tecnológica e visual, mas, sobretudo, pela serenidade da firmeza com que exercia o seu incomparável papel de retransmissor veraz da voz das ruas, silenciada por sua histórica desvalia. É verdade que a imersão total de Elmano na condução do Jornal, a ponto de ceder sua participação na lucrativa TV para custear sua onerosa implantação, cobrou-lhe pesado tributo, resultante em infarto que se não o matou, num primeiro momento, comprometeu-lhe, irremediavelmente, a saúde.
Terceiro de cinco irmãos, três varões e duas mulheres (Humberto, Elmano, Ernane, Norma e Sulamita), o adolescente Elmano já dava sinais da forte personalidade que comandaria suas ações nas diferentes e desafiadoras iniciativas que empreenderia vida afora, cumprindo o que prometera a sua mãe, precocemente viúva, dedicada ao trabalho de costurar para assegurar a manutenção e exemplar educação de berço e intelectual a uma prole que pelo lado paterno descendia do mesmo tronco – Major José Antônio da Silva Castro, o Periquitão das lutas pela Independência, na Bahia – que legou à humanidade o maior poeta de todos os tempos, Antônio Frederico de CASTRO ALVES.
Do seu casamento com Maria Berenice Magalhães, Elmano deixou seis filhos: Luciano, Elizabeth, Maria de Fátima, Elmano Júnior, Paulo e Carlos que desapareceu no verdor dos vinte anos.
Pelo andar da carruagem, a Tribuna da Bahia, o segundo mais longevo veículo da imprensa baiana, ora sob a batuta do trio Walter Pinheiro, o decano Paulo Roberto Sampaio e Marcelo Sacramento, exibe musculatura de quem ainda vai longe em sua vigilante caminhada em parceria com seus leitores.
Penso que o nome de Elmano Silveira Castro constitui tema do maior interesse para a agenda da ABI, sob a regência do meu conterrâneo de Ipirá, Ernesto Marques.
Vida longa para a TB!
*Joaci Fonseca de Góes, advogado, jornalista, empresário e ex-deputado federal constituinte.
sábado, 13 de setembro de 2025
Fernando Wilson, 101 anos
Estaria scompletando agora em setembro 101 anos Fernando Wilson Magalhães, nascido em Conceição do Almeida, filho de Almerinda Araújo (Argoim) e Joaquim Magalhaes (Pau Cedro).
Artigo originalmente publicado no jornal Tribuna da Bahia em 30 de julho de 2012
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quarta-feira, 10 de setembro de 2025
A Quinta Coluna Bolsonarista
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| Karoline Leavitt |
Sair à rua enrolado na bandeira americana equivale hoje a sair enrolado numa bandeira nazista na 2ª Guerra. Na Segunda Guerra Mundial, vivíamos sob a ameaça dos quintas-colunas. Eram os brasileiros que torciam e trabalhavam clandestinamente para a Alemanha nazista, com quem estávamos em guerra. Suas atividades incluíam propaganda, espionagem, sabotagem e tudo o que prejudicasse os EUA e a Inglaterra, seus inimigos, de quem o Brasil era aliado. A principal era fornecer informações sobre a partida de navios nacionais para aqueles países contendo alimentos e matéria-prima, essenciais para a guerra. Essas informações —dia e hora da partida, trajeto, destino, carga a bordo e se viajavam com escolta— eram passadas aos espiões alemães sediados no Rio, que as enviavam por poderosos radiotransmissores para Hamburgo. De Hamburgo, voltavam para seus submarinos que operavam no Atlântico Sul. Estes emboscavam os navios, torpedeavam-nos e os mandavam para o fundo, com a carga e com quem estivesse dentro. O Brasil teve 34 navios afundados pela Alemanha em 1942-43. Não eram navios de guerra. Eram mercantes indefesos, desarmados, que, além de carga, conduziam passageiros, pessoas inocentes. Mais de mil brasileiros morreram nesses afundamentos. Às vezes, sabendo que havia sobreviventes no mar, agarrados aos destroços, os submarinos vinham à tona e os metralhavam. Outra função dos quinta-colunas era disseminar mentiras —fake news— que abalassem o moral do povo, como a de que nossos soldados na Itália estavam vivendo à tripa forra enquanto, aqui, suas famílias sofriam com os racionamentos. O que os EUA estão praticando hoje contra o Brasil é uma guerra —por enquanto sem armas, mas com pesada balística econômica, provocando abalos na produção, fechamento de fábricas, demissões em massa, desemprego e, em breve, fome. Os bolsonaristas não estão nem aí. Enrolados na bandeira americana, são os modernos quinta-colunas. Equivalem a que, em 1942, se saísse enrolado numa bandeira nazista —o que nem os nossos nazistas se atreviam a fazer.
*Escritor e jornalista, membro da Academia Brasileira de Letras
sexta-feira, 5 de setembro de 2025
Triste Bahia
Osvaldo Campos Magalhães *
Nesse dia 4 de setembro, no ano de 1927, nascia em Salvador Antônio Carlos Magalhães. Seu pai, Francisco Peixoto de Magalhães Neto, em 1933, foi eleito deputado à Assembléia Constituinte da Bahia pelo PSD (Partido Social Democrático), e, no ano seguinte , deputado federal, até que, em novembro de 1937, o advento do Estado Novo suprimiu todos os órgãos legislativos do país e pôs fim a carreira política do antigo comerciante.
Quando estudante no Colégio Central da Bahia, Antônio Carlos participou da política estudantil. Estudou na primeira escola de medicina do Brasil, no Terreiro de Jesus, onde presidiu o DCE, Diretório Central dos Estudantes. Ao contrário do irmão Zezito Magalhães, nunca exerceu a profissão. Optou pelo jornalismo, trabalhando no Diário de Notícias, liderado pelo poeta e amigo Odorico Tavares. O jornal integrava o grupo Diários e Emissoras Associados, do jornalista e empresário Assis Chateaubriand.
Aproximou-se do governador Antônio Balbino e do reitor Edgar Santos, introduzindo-se na política partidária. Apoiou o golpe militar de 1964, aproximando-se do chefe da casa civil do governo Castelo Branco, Luiz Viana Filho, que depois o nomearia prefeito da cidade de Salvador. Realizou uma boa gestão, credenciando-se para ser indicado pelos militares golpistas ao cargo de Governador do Estado da Bahia. O resto é história.
Para uns, era conhecido como Toninho Ternura, e dominou a política baiana por décadas. Para outros, era Toninho Malvadeza, que alimentou uma crescente oposição.
Os equívocos políticos que cometeu, possibilitaram a ascensão do Partido dos Trabalhadores, que já dominam a Bahia por quase duas décadas, com muitos acertos e grandes equívocos. Obras de infraestrutura que nunca saíram da propaganda, os piores índices de Segurança Publica e péssimos indicadores para a Educação Básica, além de termos a Polícia Militar mais letal do Brasil. As vítimas, “quase todos pobres, quase todos pretos.”
Até quando essa dicotomia entre opostos tão parecidos?
Gregório de Matos foi premonitório
“ Triste Bahia, oh, quão dessemelhante
a ti tocou-te a máquina mercante”
Tantos negócios e tantos comerciantes”






