sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Triste Bahia


Osvaldo Campos Magalhães *

Nesse dia 4 de setembro, no ano de 1927, nascia em Salvador Antônio Carlos Magalhães. Seu pai, Francisco Peixoto de Magalhães Neto, em 1933, foi eleito deputado à Assembléia Constituinte da Bahia pelo PSD (Partido Social Democrático), e, no ano seguinte , deputado federal, até que, em novembro de 1937, o advento do Estado Novo suprimiu todos os órgãos legislativos do país e pôs fim a carreira política do antigo comerciante. 

Quando estudante no Colégio Central da Bahia, Antônio Carlos participou da política estudantil. Estudou na primeira escola de medicina do Brasil, no Terreiro de Jesus, onde presidiu o DCE, Diretório Central dos Estudantes. Ao contrário do irmão Zezito Magalhães, nunca exerceu a profissão. Optou pelo jornalismo, trabalhando no Diário de Notícias, liderado pelo poeta e amigo Odorico Tavares. O jornal integrava o grupo Diários e Emissoras Associados, do jornalista e empresário Assis Chateaubriand. 

Aproximou-se do governador Antônio Balbino e do reitor Edgar Santos, introduzindo-se na política partidária. Apoiou o golpe militar de 1964, aproximando-se do chefe da casa civil do governo Castelo Branco, Luiz Viana Filho, que depois o nomearia prefeito da cidade de Salvador. Realizou uma boa gestão, credenciando-se para ser indicado pelos militares golpistas ao cargo de Governador do Estado da Bahia. O resto é história. 

Para uns, era conhecido como Toninho Ternura, e dominou a política baiana por décadas. Para outros, era Toninho Malvadeza, que alimentou uma crescente oposição.

Os equívocos políticos que cometeu, possibilitaram a ascensão do Partido dos Trabalhadores, que já dominam a Bahia por quase duas décadas, com muitos acertos e grandes equívocos. Obras de infraestrutura que nunca saíram da propaganda, os piores índices de Segurança Publica e péssimos indicadores para a Educação Básica,  além de termos a Polícia Militar mais letal do Brasil. As vítimas, “quase todos pobres, quase todos pretos.” 

Até quando essa dicotomia entre opostos tão parecidos?

Gregório de Matos foi premonitório

“ Triste Bahia, oh, quão dessemelhante

a ti tocou-te a máquina mercante”

Tantos negócios e tantos comerciantes”



*Filho e neto de políticos, Engenheiro Civil, Mestre em Administração, foi dirigente da Companhia Docas da Bahia , Superintendente de Infraestrutura de Transportes do governo da Bahia, membro do Conselho de Infraestrutura da FIEB e assessor especial da FIESP.