O traço inconfundível do artista plástico Carybé, o mais baiano dos argentinos, apresenta uma luta em tom épico: soldados uniformizados misturados a homens do povo, vaqueiros de gibão e chapéu de couro, cavalos tombados ao chão.
A batalha, que completa 200 anos hoje (8), durou cerca de oito horas, reuniu cerca de 4.000 soldados e foi uma tentativa dos militares fiéis a Lisboa de furar o cerco terrestre que as tropas brasileiras aliadas a dom Pedro 1º impunham a Salvador para consolidar a Independência.
A luta contra o domínio português na Bahia, em diversos episódios, tem forte influência de protagonismo feminino, a exemplo da bravura da freira Joana Angélica, que morreu por resistir à entrada de portugueses no Convento da Lapa, Maria Felipa, por suas estratégias usadas contra os portugueses na Ilha de Itaparica, e Maria Quitéria, que guerreou como parte das tropas independentistas contra as tropas coloniais.
Uma versão da batalha de Pirajá, que ganhou o imaginário popular, veio de um poema de Ladislau dos Santos Titara, responsável pelas correspondências do general Labatut, que alçou à condição de herói o cabo-corneta Luís Lopes. Diante das dificuldades da batalha, o comandante Barros Falcão teria ordenado que o corneteiro fizesse o toque de retirada, fazendo com que as tropas brasileiras recuassem. Mas ele teria feito o contrário, entoando o toque de "avançar a cavalaria e degolar". O toque de ataque teria assustado os portugueses que se imaginaram em menor número de soldados e bateram em retirada de forma desordenada.
Embora o 2 de Julho seja a data oficial da Independência do Brasil na Bahia, neste dia, em 1823, não houve uma batalha. A saída dos portugueses da cidade foi o capítulo final de uma história de luta contra os portugueses, mesmo depois do 7 de setembro de 1822, dia oficial da independência do Brasil.