terça-feira, 30 de outubro de 2012

Desafios para ACM Neto

Osvaldo Campos Magalhães*
Com a vitória do candidato dos Democratas na eleição de domingo, Salvador e a Bahia voltam a experimentar a salutar alternância dos partidos no poder.
Enfrentando uma gigantesca oposição, formada por 18 partidos políticos, centenas de candidatos a vereador, além da presidenta da república e o governador da Bahia, o jovem prefeito eleito demonstrou uma rara qualidade nos políticos da atualidade. Coragem.
Os desafios serão inúmeros e me apegarei ao maior deles na atualidade. Mobilidade Urbana. Os milhões de trabalhadores soteropolitanos sofrem diariamente, em ônibus e trens superlotados, por quase 3 horas, para se deslocarem da casa para o trabalho e vice- versa.
Salvador nunca realizou uma concorrência pública para concessionar seu transporte público de passageiros e sofre nas mãos de um cartel articulado e “bem” representado na Câmara de Vereadores.
Seu Metrô, após 12 anos de obras e quase um bilhão de Reais consumidos, encontra-se parado, à espera que o Governo Federal subsidie sua operação.  As obras da linha 2 estão atrasadas e dificilmente ficarão prontas para a Copa 2014.
Para equacionar a questão da Mobilidade Urbana de Salvador, ACM Neto precisará de muita coragem e determinação, qualidades que já demonstrou possuir.
Coragem para contrariar seus eleitores, a maioria residindo nos bairros nobres da cidade, e que raramente utilizam o transporte público nos seus deslocamentos diários.
É inadmissível, que em pleno século XXI, uma minoria de 20% da população, com seus caros veículos de uso quase individual, ocupem mais de 80% das vias públicas.
Restringir a utilização de automóveis em determinadas áreas das cidades já vem sendo utilizado com sucesso em diversas cidades do mundo. Londres criou com sucesso o “CongestionCharge”, pedágio urbano da região central da cidade. Nada de postos de pedágio. Fiscalização do pagamento através de câmeras de monitoramento, que ajudam também na preservação da segurança pública. Assim faz também a exemplar cidade de Cingapura, pioneira no pedágio urbano.  O Rio de Janeiro, na gestão de Cezar Maia, do mesmo partido de ACM Neto, implantou uma via urbana pedagiada, a Linha Amarela. Salvador já discute em audiências públicas o pedagiamento da Linha Viva, que será opção aos deslocamentos para o aeroporto e litoral Norte.
Cidades como São Paulo, optaram, sem muito sucesso, pelo rodízio de veículos por final de placa. Na Holanda, os veículos são rastreados por satélite e pagam por extensão de deslocamento realizado.
Certamente a reação da classe média será muito forte. Além de se sentirem traídos pelo candidato, vão alegar que já pagam IPVA, IPI e ICMS. Contudo, o prefeito deve adotar medidas que beneficiem a maioria da população e não uma elite privilegiada. Lembremos que a proposta do candidato derrotado era a de construir 12 viadutos. Sabemos no estudo da engenharia de trânsito, que viadutos muitas vezes não resolvem problemas, transferem para outro lugar. Podemos constatar este fato aqui mesmo em Salvador, nos elevados construídos pelo atual prefeito na região do Iguatemi e Tancredo Neves. As empreiteiras agradecem e querem mais viadutos. E a população? Quer transporte digno e eficiente.
Restringir a utilização dos automóveis nas regiões mais movimentadas da cidade e concomitantemente aumentar a oferta de um eficiente sistema público de transportes exigirá uma atitude de extrema coragem e habilidade política do nosso prefeito. A utilização de micro-ônibus climatizados pode ser uma primeira medida paliativa. A implantação de modernos street cars, como faz a maiorias das cidades europeias e Portland nos Estados Unidos, uma solução atraente, sofisticada e definitiva.
Seguindo a lógica de Maquiavel, devemos adotar as medidas duras de forma rápida, enquanto ainda dispomos de cacife para tal.
A maioria da população ficará grata ao prefeito pela coragem de enfrentar os supostos direitos adquiridos de uma elite.  A gritaria vai ser forte. A oposição, suposta representante dos moradores pobres da periferia vai apoiar a ideia? É ver para crer.
Governar exige coragem. Não é tarefa para fracos.
*Engenheiro Civil, especialista em Transportes e Mestre em Administração com foco em Tecnologia e Competitividade (UFBA). Coordenou o PELTBAHIA. Programa Estadual de Logística de Transportes.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Pelourinho sofre com violência e abandono


Raiza Tourinho 
BBC Brasil - Slvador








" O Mágico pelourinho". Assim define o centro histórico de Salvador o artista plástico Washigton Arléo, que entre idas e vindas, há 15 anos, expõe sua emoção traduzida em telas nas ruelas do Pelô, como o bairro é carinhosamente conhecido pelos soteropolitanos.
Contudo, o Pelourinho, reconhecido como Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco, vêm assistindo silenciosamente a magia de suas cores desbotar. E nos becos de pedras irregulares se avistam cada vez menos turistas, onde outrora havia "engarrafamento de gente", nas palavras do artista.
Entre ausência de programação cultural, criminalidade e má conservação do patrimônio, a degradação do Pelourinho chamou a atenção até da organização World Monuments Fund, que trabalha pela proteção de monumentos e patrimônios ao redor do globo.
A instituição, que visitou 30 cidades em todo o planeta, listou neste ano o centro histórico de Salvador como um dos patrimônios mundiais mais ameaçados pelo descaso governamental ou pela ação da natureza.
Mas, aos poucos, o centro histórico ganha novo fôlego. Devido à Copa de 2014, um grande projeto de requalificação está em andamento no local, com a revitalização das praças e dos casarões.
Na última sexta-feira, 19 de outubro, o governo estadual anunciou investimentos na infraestrutura do centro histórico da ordem de R$ 700 milhões, com previsão para a implantação de ciclovias, novo sistema de iluminação pública e construção de uma grande passarela.
Já o 18º Batalhão da Polícia Militar, que atua na área, teve cerca de 130 homens incorporados somente neste ano, somando quase 500 policiais.

Insegurança

O aumento do efetivo policial ainda não foi suficiente para afastar o estigma de violência do Pelourinho que, segundo comerciantes, viu os índices de até dez assaltos diários zerarem nos últimos meses.

"
O Brasil foi modelado aqui. A questão do Pelourinho não é municipal, é nacional"
Arleo, artista plástico
Ao menos nas principais vias do centro, o policiamento é constante. Embora não vaguem mais pelas ruas principais, não é preciso ir muito longe para ver crianças, jovens e adultos mumificados pelo crack, trafegando nos becos, indo de quando em vez para o circuito turístico faturar alguma moeda de troca, seja pedindo esmola e comida, seja estacionando os carros Apesar do reforço no policiamento, os cariocas Denise e Josino Araújo não gostaram da grande quantidade de pessoas em situação de rua no centro histórico. ''É só insegurança. Muita pivetada'', disse. Denise Josino, já acostumado aos perigos existentes nas metrópoles brasileiras, acredita, porém, que a falta de infraestrutura hoteleira e o péssimo estado de conservação asfáltica da cidade são mais problemáticos. ''Cidade grande é isso mesmo. O Rio também é perigoso. O que eu acho que eles poderiam fazer é transformar esses meninos em agentes do turismo'', sugere Na primeira vez que vieram a Salvador, o casal paulista Daniela e Diogo Silva foi logo conhecer o Pelourinho. Apesar de afirmarem terem gostado do local, os habitantes da cidade da garoa nutriam mais expectativas. “A gente sempre espera que esteja mais bem cuidado”, disse a garota.

Assédio

"Olha 'doutô' essa pulseira, abençoada pelo Senhor do Bonfim, pode levar que é de presente", afirma um vendedor ambulante, com os braços tomados por dezenas de colares e pulseiras, vendidos por dez vezes o valor original, acusando a estratégia do "presente".
A quantidade exígua de turistas no Pelô faz com que qualquer pessoa com um olhar esvoaçante ou uma câmara na mão seja identificada como um potencial cliente e ganhe a atenção dos camelôs e dos meninos pedindo esmolas. "Não me incomoda", conta a cearense Carla Garcia, logo após ser abordada por um. O marido Antenor Santos, baiano de nascimento, discorda. "Não precisa disso. Quando a gente quer comprar vai atrás", justifica.
Foto: Raiza Tourinho/BBC Brasil

Região que já teve 400 lojas hoje conta agora com só 80 (Foto: Raiza Tourinho/BBC Brasil)
Mas o semblante estampado na maioria dos turistas, principalmente estrangeiros, denuncia o cansaço causado pela abordagem excessiva dos ambulantes. As negativas dos pedidos de entrevistas, contadas com o auxílio das duas mãos, demonstravam a impaciência diante dos nativos. "No português" foi a frase mais escutada pela reportagem. E não adianta rebater: "¿Hablas español?" ou "Do you speak english?". "Yes, but no", responde finalmente um, mal-humorado. Acompanhado da família, um alemão até topa justificar o porquê não fala: "Muito assédio", afirma, andando o mais rápido que pode 
Coração
Se quem visita o Pelourinho consegue sentir no ar a história exalada pelos antigos casarões e igrejas seculares, quem habita as vielas do centro histórico vivencia na pele a malandragem, datada da época em que as primeiras gotas de sangue dos escravos castigados calçaram o Pelourinho Capoeirista há 40 anos, mestre Berimbau, que ganhou o codinome por não largar o instrumento nem na hora de dormir, apresenta-se com seu grupo diariamente no Terreiro de Jesus, uma das principais praças do centro histórico. "Para mim, o Pelourinho é tudo. É um palco. Só que esse palco está muito desorganizado", diz Ele enumera os problemas que levaram a degradação do local, da ausência de banheiros públicos aos buracos nas praças, passando pelo lixo. "Tá faltando é tudo", sinaliza. Berimbau reclama também dos comerciantes locais que não apoiam os capoeiristas, mas dão comida para os meninos de rua, que por sua vez a trocam pelo crack. O comerciante Geraldo Miranda, vulgo Geraldão, rebate a crítica do mestre afirmando que a doação é uma espécie de "proteção", que evita que os meninos roubem e afastem os clientes. "Todos nós somos culpados. Mas o crack aqui é uma questão de saúde pública: quando você recupera um, perde dez", lamenta Criado no Pelourinho, aos 60, Geraldão indigna-se com o abandono relegado ao local nos últimos anos. Segundo ele, de terceiro destino turístico mais procurado do Brasil, Salvador amarga a sétima posição, queda refletida pela quantidade de lojas fechadas – de 400 em funcionamento, só sobraram 80. A de Geraldo foi uma das que não resistiram. Vivendo com o salário de aposentado, ele joga dominó com os amigos, esperando que os dias sombrios passem para ele reabrir sua loja de souvenir. "Aqui é o maior shopping aberto do mundo, com as lojas todas fechadas. O Pelourinho é o coração da Bahia. O governo precisa dar mais carinho a esse espaço", insiste O artista Arléo vai mais longe ao afirmar que o Brasil nasceu no Pelourinho sendo este, na verdade, o coração da nação brasileira. "O Brasil foi modelado aqui. A questão do Pelourinho não é municipal, é nacional".

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Marcelo Odebrecht : Reflexões sobre o Futuro de Salvador

Osvaldo Campos Magalhães*
Completando 43 anos a Tribuna da Bahia decidiu realizar um evento , com um jovem empresário soteropolitano de sucesso, com os mesmos 43 anos de vida do jornal. Durante o encontro, realizado na  segunda-feira (23/10), na Associação Comercial da Bahia, para leitores, jornalistas, políticos, estudantes, empresários e autoridades, o jornal promoveu um “ talk show”  com Marcelo Bahia, diretor-presidente das Organizações Odebrecht e neto do fundador. Participaram também os jornalistas da Tribuna da Bahia, Marcelo Ferraz e Gerson Brasil (foto). O tema: Pensando Salvador do Futuro”.
O jóvem líder empresarial baiano respondeu às perguntas dos jornalistas e da plateia, e falou sobre sua visão de futuro para a cidade e sobre os seus principais problemas. Residindo atualmente em São Paulo, onde coordena a gestão das Organizações Odebrecht, Marcelo Bahia mencionou que mantém além de um apartamento na Vitória, uma forte ligação afetiva e empresarial com sua cidade natal. 
Indagado pelo jornalista Alex Ferraz, iniciou sua apresentação falando sobre Parcerias Público Privadas, em suas diversas modalidades, desde a concessão pública, para empreendimentos que possam ser realizados sem apoio financeiro do setor público, como os investimentos do setor elétrico, até as concessões patrocinadas, como o exemplo da Arena Fonte Nova e do novo emissário submarino de Salvador, ambos com participação das Organizações Odebrecht. Afirmou que o processo de PPP  possui inúmeras vantagens para o setor público que as contrata, sendo as principais, maior rapidez, eficiência e menor custo. 
Em relação ao tema “Mobilidade Urbana”, afirmou que a questão do trânsito pode ser melhorada rapidamente com a adequada utilização de sistemas integrados de engenharia de tráfico e pequenas intervenções pontuais. Mencionou a experiência recente da Odebrecht na cidade de São Domingos, onde a Odebrecht realizou intervenções no sistema de trânsito da cidade, com bastante sucesso. Em relação ao sistema de transporte de massa de Salvador, mencionou que a Construtora Norberto Odebrecht apoiou na PMI (Programa de Manifestação de Interesse) do Governo do Estado da Bahia, o projeto liderado pelo SETEPS, o BRT (Bus Rapit Transport). Como o modal escolhido na PMI do Governo da Bahia foi o metrô, e para que não se perca mais tempo, afirmou ser favorável ao metrô, uma solução mais duradoura para a questão: “Vamos de metrô agora, não há tempo mais para discussão, corremos o risco de termos este metrô só para nossos netos, caso não tomemos uma decisão já" , afirmou. 
Ele também declarou que vem faltando  planejamento contínuo para a cidade e que, se fosse gestor da cidade, jamais teria liberado a construção de tantas faculdades na Avenida Paralela.
Sobre o centro histórico e seu entorno afirmou: “Acho um crime o que vem acontecendo, o abandono no Pelourinho e da Baía de Todos-os-Santos”, lamentou.
Questionado por Marcos Cidreira sobre projetos para revitalizar o bairro do Comercio, Marcelo afirmou que falta principalmente vontade politica, lembrando a todos que o Rio de Janeiro realiza um monumental projeto de requalificação da antiga área portuária da cidade o Porto Maravilha, com a participação da Odebrecht, e com investimentos assegurados de mais de R$ 10 bilhões. (Acredito que não sabia que o Marcos Cidreira coordena , desde 2005, o Escritório de Revitalização do Comércio e que o projeto de revitalização da área portuária de Salvador é bastante modesto comparado ao do Rio, cerca de R$ 50 milhões.)
O empresário também comentou sobre a situação da orla da cidade. “Não precisa de dinheiro público, e sim de um "Master Plan", uma boa parceria com a iniciativa privada resolveria os problemas da orla”, afirmou. Citando a área do antigo  Aeroclube de Salvador, afirmou que é mais um absurdo, uma área nobre da cidade, com grande potencial turístico, de lazer e comercial, completamente abandonado pelas diversas instancias públicas 
Destacou os pontos fortes de Salvador, como a Baía de Todos os Santos  o Pelourinho e suas belas praias, hoje abandonados pelos poderes públicos e pela população, perdendo a preferência dos turistas e habitantes de Salvador para o litoral Norte, com destaque para Praia do Forte, Imbassahy e Sauípe, que, receberam grandes investimentos públicos e privados.
Segundo Marcelo Bahia, o Pelourinho deveria receber atenção especial e investimentos, voltando a ser, como foi na sua juventude, há vinte anos atrás, o centro cultural e de lazer dos baianos e turistas. 
As demoras para obtenção de licenças ambientais e do IPHAN, também são preocupações para o empreendedor. Se referindo às dificuldades para implantação de projetos no Brasil, Marcelo Bahia afirmou que entre os 23 países onde a Odebrecht atua, o Brasil é de longe, o que possui a legislação mais restritiva. “Em país nenhum do mundo é tão difícil de obtê-las. Para o funcionário desses órgãos é mais seguro vetar do que assumir o risco de uma liberação, pois pode trazer consequências  financeiras futuras para o mesmo e isso vem emperrando vários projetos no Brasil, que com certeza estariam gerando empregos e rendas”, criticou.
Propôs, por fim, a criação de um fórum empresarial permanente, formado por 10 grandes lideranças do setor privado baiano, para auxiliar o futuro prefeito a resgatar a cidade do atual estado de abandono e decadência.
*Osvaldo Campos Magalhães,  é engenheiro civil e mestre em adminsitração (UFBa). Criou e edita o blog Pensando Salvador do Futuro desde 2009

sábado, 20 de outubro de 2012

Ladeira acima: Conheça as cidades que driblaram a geografia em nome das bikes



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Das soluções simples às mais complexas: o que não faltam são alternativas às ladeiras / Foto: Hector
Conhecida pela suas colinas íngremes, a cidade de São Francisco, na Califórnia, tem até uma ladeira como um dos seus principais pontos turísticos, a Lombard Street. Mas a geografia acidentada não impediu que o governo local instituísse uma meta audaciosa: fazer com que 20% dos deslocamentos diários sejam feitos de bicicleta até 2020.
A cota, que hoje é de cerca de 10%, terá que dobrar na próxima década, e para isso, o governo pretende fazer altos investimentos e modificar drasticamente o sistema de tráfego local.
No plano do novo sistema ciclistico da cidade, as ruas mais planas e rotas mais diretas foram privilegiadas. Onde a ladeira for imprescindível, as ciclovias serão mais largas, para ajudar quem precisar descer e empurrar a magrela. Alguns pontos contarão ainda com elevadores para bicicletas, onde os ciclistas poderão rolar suas bikes ladeiras acima.
Quem já utiliza a tecnologia desde 1993 é a cidade de Trondheim, na Noruega. Assim como em São Francisco, os ciclistas escandinavos também sofrem com o relevo acidentado – o que não impede 18% da população de utilizar a bicicleta diariamente como meio de transporte.
Para vencer as ladeiras, os ciclistas só precisam inserir o cartão de acesso na máquina que controla o "elevador” e colocar um dos pés no suporte metálico. Automaticamente um sistema guiado por trilhos empurra a pessoa ladeira acima a uma velocidade que varia entre 4 km/h e 5 km/h.
Veja como funciona:
Soluções baratas
Para as cidades que não podem arcar com os custos de tanta tecnologia, existem opções mais simples e baratas. A primeira delas, sugerem especialistas, é dar preferência a trechos que cortam vales e seguem o fluxo dos rios.
É o caso da cidade baiana de Salvador. Dividida entre Cidade Alta e Cidade Baixa, a capital é uma das sedes de Copa do Mundo de 2014, e possui planos de multiplicar a malha cicloviária de 18 km para 140 km até o evento.
Uma pesquisa realizada pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) mostrou que o excesso de ladeiras é a terceira maior causa de preocupação dos soteropolitanos quando o assunto é utilizar a bicicleta como meio de transporte. Para amenizar o problema, a malha projetada utiliza as avenidas de vale da cidade, como Paralela, Bonocô e orla, informou o coordenador do projeto, Itamar Kalil.
A adaptação pode ser útil para outras capitais que também sofrem com a topografia. É o caso da cidade mineira de Belo Horizonte. Uma pesquisa do Pedala BH, órgão ligado à prefeitura, mostrou que apenas 35% da cidade tem declividade entre 0% e 10%, tida como apropriada para os ciclistas. A declividade considerada ideal (entre 0% e 5%) só está presente em 15% da cidade.