quarta-feira, 26 de abril de 2017

BRT não é solução, é problema

Entidades urbanísticas de Salvador criticaram o projeto do BRT de Salvador, cujo edital foi apresentado pelo prefeito ACM Neto na última terça-feira (14).
Conselheiro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Bahia (CAU-BA), Paulo Ormindo disse que os elevados – estruturas como viadutos, pelos quais transitarão os ônibus do modal – trazem impactos “muito grandes, não só visual como circulatório”. 
Ainda na avaliação de Ormindo, o projeto pensado para a capital baiana é "caro” e, até certo ponto, megalomaníaco em relação a cidades de países desenvolvidos.
 “Ele [BRT] também vai ser colocado em cima do canteiro central da Juracy Magalhães Jr., o que significa uma destruição grande de verde. 
O sistema de pagamento também evoluiu muito. Um dos motivos de você criar aquelas estações era a questão do pagamento. Quando o passageiro entrava, ao invés de parar na borboleta para pagar, você entrava na estação já tinha que pagar. Hoje, há basicamente um sistema de cartão magnético. 
Na verdade, hoje não há nenhuma cidade de país desenvolvido que tenha esse tipo de BRT. Em Nova York, os ônibus correm entre os carros. Não precisa colocar ele em elevados e alambrados”, criticou o conselheiro em entrevista ao Bahia Notícias. 
O conselheiro também apontou que o BRT de Salvador deve funcionar como um concorrente do metrô, e não uma forma de transporte auxiliar. “Isso não tem muita razão. Ainda por cima, o viaduto deprecia os imóveis que estão do lado. Deprecia a rua, cria um sombreamento aos imóveis, vira um local em que a população acaba jogando lixo. 
Não entendo a cidade com esses viadutos todos. É uma bobagem”, atacou. Para Carl Von Hauenschild, conselho do Instituto dos Arquitetos da Bahia (IAB), o BRT acaba beneficiando mais o transporte individual que o coletivo. “Neste caso desta primeira etapa do BRT Lapa ligando Pituba/Itaigara ao Iguatemi fica claro que não podemos esperar uma redução deste tráfego individual entre a Pituba e o centro da Tancredo Neves, porque por um lado facilita o tráfego individual na Av. ACM e o transporte coletivo BRT só chega até a estação do metrô do Shopping Bahia/Rodoviária, e não ao destino da maioria, que é ao centro da Tancredo Neves”, defendeu.
Os arquitetos defendem a utilização de Véiculos Leve sobre Trilho - VLT (foto), ao nivel do solo, conciliando parques, passeios para pedestres e trilhos sobre grama.
Esse sistema foi implantado com êxito na cidade do Rio de Janeiro, com 22 km de extensão e articulando o metrô com o sistema de ônibus convencional.

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