terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Cidades se reinventam ao modernizarem transporte

Gilmara Santos*
Peça-chave para melhorar a qualidade de vida, mobilidade passa por mudanças em três eixos principais: público, privado e de cargas
Essencial para a qualidade de vida da população em grandes metrópoles, a mobilidade está naturalmente no centro do debate público. Nos últimos anos, com grandes obras de infraestrutura em razão da Copa do Mundo e da Olimpíada do Rio, o tema ganhou ainda mais importância.
Os investimentos em melhorias já começaram e devem ganhar ainda mais força com as mudanças previstas na Lei de Mobilidade Urbana, de 2012, que trata da ampliação do transporte público. Ainda que o desempenho econômico prejudique o repasse de recursos, especialistas afirmam que os investimentos já começam a surtir efeito no cotidiano dos moradores de cidades como São Paulo, Rio e Salvador.
Além disso, o uso de novas tecnologias tem permitido às autoridades maior conexão com seus cidadãos, aumentando a agilidade em caso de problemas.
A reinvenção não passa somente pelos modais coletivos. O uso de bicicletas também cresce, impulsionado pelo patrocínio de empresas que querem ter suas marcas ligadas ao progresso da mobilidade. Nos carros, a conexão à internet chega para atender ao desejo dos novos consumidores.
Melhorar a mobilidade nas grandes cidades não é impossível. Cidades como Bogotá, na Colômbia, e Santiago (Chile) são exemplos na América Latina de que é possível reformar o transporte público. Estolcomo, na Suécia, Londres, no Reino Unido, e Barcelona, na Espanha, também são fontes de boas soluções.
"Esses lugares entenderam há muito tempo que é necessário pensar a cidade como um todo e que todos os aspectos estão relacionados", afirma o arquiteto Ciro Pirondi, diretor da Escola da Cidade.
Inspirado no sistema de transporte público de Curitiba, Bogotá apostou no veículo leve sobre pneus (VLP) para resolver o problema de mobilidade na cidade.
O modelo paranaense ganhou melhorias: o chamado TransMilenio colombiano permite que se façam ultrapassagens, o que aumenta a velocidade dos ônibus.
"Bogotá chegou a ter um colapso no transporte público, porque muita gente migrou para o coletivo. É claro que o ideal é o equilíbrio entre os modais, mas isso mostra que, quando o transporte público funciona, há um incentivo natural para usá-lo", diz Luiz Vicente Figueira de Mello, do Mackenzie.
O transporte público de Santiago, capital chilena, é considerado um dos melhores da América Latina.
O Transantiago teve toda a operação da rede integrada em 2007. O sistema anterior era operado por mais de mil operadores independentes, com itinerários redundantes e ônibus antigos. A cidade tem cinco linhas de metrô interconectadas e rápidas.
Em Estocolmo, a integração de ônibus, metrô, bondes e até barcos foi a saída encontrada para garantir a mobilidade. Além disso, a cidade instituiu o pedágio urbano.
Num primeiro momento, o pedágio seria cobrado por seis meses e depois a população seria consultada sobre sua permanência.
"O sistema deu certo e os moradores pediram a volta do pedágio urbano", afirma Luiz Vicente Mello.
"Cidades como Estolcomo, Londres e Milão optaram pelo pedágio urbano e acho que é uma opção", diz o arquiteto, urbanista e professor emérito da FAU-USP, Candido Malta Campos Filho.
Já Barcelona aproveitou a realização dos Jogos Olímpicos de 1992 para modernizar o transporte coletivo da cidade –assim como tenta fazer, agora, o Rio de Janeiro.
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