sábado, 15 de setembro de 2012

Sorrindo ou não, você está na Bahia


MORRIS KACHANI*
Salvador , primeira capital do Brasil, continua um encanto. Mas os desencantos...
A violência, a sujeira, o trânsito -tudo isso piorou. Com o tempero das recentes greves da polícia e dos professores do ensino médio e fundamental. Claro que a indústria do turismo acusou o golpe e despencou.
Em dez anos, a taxa de homicídios cresceu 330,2%. A cidade é campeã nacional de homofobia com 29 assassinatos em 2011. O antropólogo Luiz Mott atribui à cultura machista propriamente nordestina, polícia e governos omissos.
Salvador não tem metrô funcionando ainda, embora a obra esteja semipronta e parada há dez anos. São apenas 6 km, mas para uma cidade sem muito espaço para crescer e que ganha 50 mil novos carros por ano já alivia.
A verdade é que a prefeitura é pobre. Esta é a capital com a segunda pior arrecadação per capita, à frente só de Teresina (PI).
"Aqui é a cidade mais informal do Brasil", desabafa o prefeito João Henrique.
A classe média é minúscula, achatada por uma massa C, D e E e a elite branca tradicional, nesta que é a maior capital negra fora da África.
O Pelourinho vai bem, mas a cidade baixa, repleta de joias arquitetônicas, está caindo aos pedaços.
"Gostaria de ver como um expoente como Aécio Neves se sairia nesta cadeira", desafia, em tom de bravata, o prefeito, que já foi apelidado de "Exu de Salvador" -dois terços, ou 68% da população, consideram a gestão dele ruim.
ACM Neto (DEM) e Nelson Pelegrino (PT), primeiro e segundo nas pesquisas, que um dia já o apoiaram, negam os vínculos. Neto é um paradoxo. Aos 33, defende o legado de seu avô "intransigentemente" e se diz "inovador".
Já Pelegrino é o candidato "3 em 1" -Dilma, o governador Wagner e ele trabalhando em linha.
Como disse um local no Pelourinho, "antes era só carinho e amor, Caymmi e Amado. Hoje é pagode com duplo sentido"
*Jornalista da Folha de São Paulo

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