Integrante da equipe do Escritório do Plano de Urbanismo da Cidade do Salvador (Epucs), criado por Mário Leal Ferreira, em 1946, Diógenes Rebouças notabilizou-se como pioneiro na Bahia de uma nova forma de fazer-se arquitetura, baseada numa visão interdisciplinar que não se descolava da realidade urbana. No seu trabalho prevalecia sempre a visão do urbanista sobre a concepção arquitetônica dos projetos específicos. Intelectual de ampla envergadura, ele contribuiu de forma decisiva para abrir a capital baiana às demandas de crescimento configuradas nas décadas de 1960 e 1970. Além de arquiteto e urbanista, Diógenes se notabilizou como professor, moldando sucessivas gerações de arquitetos na Escola de Arquitetura da Ufba, e como pintor, sendo considerado um dos melhores da sua geração.
Se o Epucs tornou-se um marco no planejamento urbano do país, graças à visão pluridisciplinar de Mário Leal Ferreira dando contornos modernos à cidade do Salvador, Diógenes Rebouças foi o responsável pela coordenação dos principais projetos urbanos implementados no período de 1940 a 1970 na capital baiana. Com a morte de Mário Leal, em 1947, ele assumiu o comando das pesquisas e da execução das propostas do Epucs. Diógenes Rebouças passou a ser figura central na história do urbanismo moderno do pós-guerra em Salvador. O seu prestígio ultrapassou as fronteiras baianas e garantiu-lhe um intercâmbio sistemático com os pioneiros do movimento modernista do país, entre eles Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Afonso E. Reydi, Burle Marx, Paulo Antunes Ribeiro e Bina Fonyat. Foi o responsável pelo convite a arquiteta Lina Bo Bardi para reformar o Solar do Unhão e para ensinar na Escola de Belas Artes. Diógenes mostrou-se um adepto da matriz de base corbusiana, que primava pelo uso racional dos materiais, métodos econômicos de construção, linguagem formal sem ornamentos e diálogo sistemático com a tecnologia industrial.
Do seu escritório de arquitetura, assessorou e coordenou a execução de diversos projetos na capital baiana, como a Avenida Contorno, a Estação Marítima, as faculdades de Farmácia, de Arquitetura e a Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, o projeto do Estádio da Fonte Nova, o terminal do ferry-boat e a restauração do Paço do Saldanha, sede do Liceu de Artes e Ofícios.
A concepção programática do grande educador baiano Anísio Teixeira encontrou uma forma arquitetônica moderna no projeto realizado por Diógenes Rebouças e Hélio Duarte na cidade de Salvador, em 1947. Foram eles os responsáveis pela concepção do projeto da escola parque. Em meio a uma grande área verde, a transparência das salas de aula tornava obsoletos os prédios escolares da época. Este projeto foi solicitado pela Secretaria da Administração do Estado da Bahia na gestão do então Governador Otávio Mangabeira. A obra começou em 1947, sendo concluída em 1962. No entanto, em 21 de setembro de 1950, ela foi inaugurada com apenas três dos seus cinco edifícios e três escolas classes. Uma marca do trabalho do Diógenes Rebouças era uma arquitetura que não se deslocava da realidade urbana. Lembrando sempre a visão global de Mário Leal Ferreira, mentor do Epucs, repetia que o método de aprendizagem não se inicia pelo desenho de um objeto isolado, tipo hospital, escola, edifício residencial, mas decorre de um processo gestado nos problemas mais amplos inerentes à cidade, tais como saúde, educação, habitação, esporte, lazer, turismo etc. Após a inserção conceitual e urbanística na problemática, era então postulada a eleição do tema.
Como salienta um dos discípulos de Diógenes Rebouças, o professor e arquiteto Helidorio Sampaio, em artigo publicado no jornal A Tarde, para o “mestre Diógenes” sempre existia um raciocínio maior, que é o que legitima a arquitetura em face do contexto físico, histórico, social e econômico da cidade. “Logo, ao seu ver, estética não é algo imposto como uma condição ‘a priori’, pois os valores formais deveriam fluir e reforçar aquela relação entre o ‘partido arquitetônico’ e o que ele chamava de geomorfologia do sítio, que era a base da própria cidade e sua lógica, seus princípios”, observou. Um dos princípios basilares da obra de Diógenes Rebouças, observa Heliodorio, está na convicção de que antecede a idéia de arquitetura uma lógica maior – a noção da cidade, vista na melhor tradição de tentar articular arquitetura e urbanismo como coisas indissociáveis. Diógenes Rebouças criticava os arquitetos que se descolavam do seu contexto, que “desenhavam sem pensar”. Chamava-os de “arquitetos cujas mãos estavam a quilômetros de distância da cabeça”. Outra característica sua era a de conceber o projeto como meio e não como fim. “Projeto é papel pintado, e papel se rasga e joga fora, faz-se outro e mais outros tantos. Já a obra, não. Se feita errada, estará sempre lá espiando nossos equívocos”, dizia.
Se o Epucs tornou-se um marco no planejamento urbano do país, graças à visão pluridisciplinar de Mário Leal Ferreira dando contornos modernos à cidade do Salvador, Diógenes Rebouças foi o responsável pela coordenação dos principais projetos urbanos implementados no período de 1940 a 1970 na capital baiana. Com a morte de Mário Leal, em 1947, ele assumiu o comando das pesquisas e da execução das propostas do Epucs. Diógenes Rebouças passou a ser figura central na história do urbanismo moderno do pós-guerra em Salvador. O seu prestígio ultrapassou as fronteiras baianas e garantiu-lhe um intercâmbio sistemático com os pioneiros do movimento modernista do país, entre eles Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Afonso E. Reydi, Burle Marx, Paulo Antunes Ribeiro e Bina Fonyat. Foi o responsável pelo convite a arquiteta Lina Bo Bardi para reformar o Solar do Unhão e para ensinar na Escola de Belas Artes. Diógenes mostrou-se um adepto da matriz de base corbusiana, que primava pelo uso racional dos materiais, métodos econômicos de construção, linguagem formal sem ornamentos e diálogo sistemático com a tecnologia industrial.
Do seu escritório de arquitetura, assessorou e coordenou a execução de diversos projetos na capital baiana, como a Avenida Contorno, a Estação Marítima, as faculdades de Farmácia, de Arquitetura e a Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, o projeto do Estádio da Fonte Nova, o terminal do ferry-boat e a restauração do Paço do Saldanha, sede do Liceu de Artes e Ofícios.
A concepção programática do grande educador baiano Anísio Teixeira encontrou uma forma arquitetônica moderna no projeto realizado por Diógenes Rebouças e Hélio Duarte na cidade de Salvador, em 1947. Foram eles os responsáveis pela concepção do projeto da escola parque. Em meio a uma grande área verde, a transparência das salas de aula tornava obsoletos os prédios escolares da época. Este projeto foi solicitado pela Secretaria da Administração do Estado da Bahia na gestão do então Governador Otávio Mangabeira. A obra começou em 1947, sendo concluída em 1962. No entanto, em 21 de setembro de 1950, ela foi inaugurada com apenas três dos seus cinco edifícios e três escolas classes. Uma marca do trabalho do Diógenes Rebouças era uma arquitetura que não se deslocava da realidade urbana. Lembrando sempre a visão global de Mário Leal Ferreira, mentor do Epucs, repetia que o método de aprendizagem não se inicia pelo desenho de um objeto isolado, tipo hospital, escola, edifício residencial, mas decorre de um processo gestado nos problemas mais amplos inerentes à cidade, tais como saúde, educação, habitação, esporte, lazer, turismo etc. Após a inserção conceitual e urbanística na problemática, era então postulada a eleição do tema.
Como salienta um dos discípulos de Diógenes Rebouças, o professor e arquiteto Helidorio Sampaio, em artigo publicado no jornal A Tarde, para o “mestre Diógenes” sempre existia um raciocínio maior, que é o que legitima a arquitetura em face do contexto físico, histórico, social e econômico da cidade. “Logo, ao seu ver, estética não é algo imposto como uma condição ‘a priori’, pois os valores formais deveriam fluir e reforçar aquela relação entre o ‘partido arquitetônico’ e o que ele chamava de geomorfologia do sítio, que era a base da própria cidade e sua lógica, seus princípios”, observou. Um dos princípios basilares da obra de Diógenes Rebouças, observa Heliodorio, está na convicção de que antecede a idéia de arquitetura uma lógica maior – a noção da cidade, vista na melhor tradição de tentar articular arquitetura e urbanismo como coisas indissociáveis. Diógenes Rebouças criticava os arquitetos que se descolavam do seu contexto, que “desenhavam sem pensar”. Chamava-os de “arquitetos cujas mãos estavam a quilômetros de distância da cabeça”. Outra característica sua era a de conceber o projeto como meio e não como fim. “Projeto é papel pintado, e papel se rasga e joga fora, faz-se outro e mais outros tantos. Já a obra, não. Se feita errada, estará sempre lá espiando nossos equívocos”, dizia.
Publicado originalmente na Revista Bahiainvest Junho de 2006
Nenhum comentário:
Postar um comentário