NIVALDO ANDRADE*
Quando foi governador da Bahia, entre 1947 e 1951, Octávio Mangabeira executou inúmeras obras de porte na capital do Estado, como a Praça de Esportes e a estrada Pituba-Itapuã (que posteriormente tiveram seus nomes alterados para homenageá-lo), o Aeroporto Dois de Julho e o Fórum Ruy Barbosa, e deu início às obras de construção do Teatro Castro Alves.
Neste conjunto de grandes iniciativas, merece destaque o Hotel da Bahia, finalizado na gestão de Mangabeira – ainda que inaugurado somente em 24 de maio de 1952 – e que rapidamente se consolidou como o principal espaço de encontro da high-society baiana e dos vips de passagem por Salvador.
O Hotel da Bahia, projetado pelos arquitetos Diógenes Rebouças e Paulo Antunes Ribeiro, teve sua construção financiada “meio a meio” por empresários locais e pelo governo Octávio Mangabeira, tendo como objetivo dotar a capital do Estado de um hotel que pudesse receber de forma adequada empresários, políticos e artistas vindos de outras capitais brasileiras e do exterior.
Cenário de importantes acontecimentos na afirmação da arte moderna baiana, como o I Salão Baiano de Belas Artes e a primeira exposição individual de Mário Cravo Junior, ambos realizados em 1949 no edifício ainda em obras, o Hotel da Bahia foi a residência, nos anos 1950, de ilustres personagens da nossa história, como o próprio Octávio Mangabeira e a arquiteta Lina Bo Bardi, então diretora do Museu de Arte Moderna da Bahia.
Além disso, o Hotel da Bahia é um dos mais importantes marcos arquitetônicos e urbanos da paisagem de Salvador. Poucos edifícios brasileiros tiveram o mesmo reconhecimento nacional e internacional: foi divulgado nos principais periódicos especializados brasileiros e estrangeiros da época e só na prestigiosa revista francesa L’Architecture d’Aujourd’hui foi publicado duas vezes, em 1949 e 1954.
Na década de 1970, visando adaptá-lo às novas demandas do turismo, foi executado um primeiro projeto de reforma no hotel, que incluiu a construção de duas piscinas e a renovação da decoração. Esta reforma não foi, contudo, capaz de evitar o processo de decadência do hotel, que foi fechado em 1978.
Entre 1980 e 1984, Diógenes Rebouças e Lourenço do Prado Valladares foram contratados para elaborar um projeto de reforma e ampliação do edifício, tendo como objetivo atualizar a sua estrutura física para que pudesse ser reaberto na categoria “cinco estrelas”.
O hotel foi reinaugurado em 1º de dezembro de 1984 com área construída praticamente duplicada: haviam sido construídos três pavimentos de apartamentos, previstos no projeto original, bem como de uma garagem coberta com dois andares e diversas salas de convenções.
Além disso, passava a oferecer aos seus hóspedes uma série de comodidades, como ar condicionado central e sistema de aquecimento solar para água. Com novas obras de arte integradas assinadas por Carybé, o Hotel da Bahia voltava a ser um dos mais importantes e exclusivos empreendimentos hoteleiros de Salvador.
Nas últimas décadas, Salvador voltou seu crescimento urbano e desenvolvimento econômico para a Orla Atlântica, onde foram inaugurados diversos hotéis, com maior número de vagas de estacionamento, de salões de eventos e de equipamentos de lazer e mais próximos do aeroporto e das praias mais visadas. Perdendo em competitividade, o Hotel da Bahia foi, pouco a pouco, perdendo também seu papel de destaque no cenário turístico. No último dia 7 de março, o golpe de misericórdia: o seu repentino fechamento.
A população baiana espera que este segundo fechamento seja temporário, como foi aquele de 1978, e que os órgãos e associações de empresas de turismo, os proprietários do imóvel e o IPAC (responsável pela preservação do mural tombado de autoria de Genaro de Carvalho, localizado no restaurante do hotel) se articulem e encontrem, com brevidade, uma saída que evite o desaparecimento definitivo do Hotel da Bahia e que o permita renascer uma segunda vez, de preferência mantendo o uso hoteleiro, fundamental em uma cidade que se pretende turística.
*Nivaldo Andrade – Arquiteto, vice-presidente do Departamento da Bahia do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-BA)
Quando foi governador da Bahia, entre 1947 e 1951, Octávio Mangabeira executou inúmeras obras de porte na capital do Estado, como a Praça de Esportes e a estrada Pituba-Itapuã (que posteriormente tiveram seus nomes alterados para homenageá-lo), o Aeroporto Dois de Julho e o Fórum Ruy Barbosa, e deu início às obras de construção do Teatro Castro Alves.
Neste conjunto de grandes iniciativas, merece destaque o Hotel da Bahia, finalizado na gestão de Mangabeira – ainda que inaugurado somente em 24 de maio de 1952 – e que rapidamente se consolidou como o principal espaço de encontro da high-society baiana e dos vips de passagem por Salvador.
O Hotel da Bahia, projetado pelos arquitetos Diógenes Rebouças e Paulo Antunes Ribeiro, teve sua construção financiada “meio a meio” por empresários locais e pelo governo Octávio Mangabeira, tendo como objetivo dotar a capital do Estado de um hotel que pudesse receber de forma adequada empresários, políticos e artistas vindos de outras capitais brasileiras e do exterior.
Cenário de importantes acontecimentos na afirmação da arte moderna baiana, como o I Salão Baiano de Belas Artes e a primeira exposição individual de Mário Cravo Junior, ambos realizados em 1949 no edifício ainda em obras, o Hotel da Bahia foi a residência, nos anos 1950, de ilustres personagens da nossa história, como o próprio Octávio Mangabeira e a arquiteta Lina Bo Bardi, então diretora do Museu de Arte Moderna da Bahia.
Além disso, o Hotel da Bahia é um dos mais importantes marcos arquitetônicos e urbanos da paisagem de Salvador. Poucos edifícios brasileiros tiveram o mesmo reconhecimento nacional e internacional: foi divulgado nos principais periódicos especializados brasileiros e estrangeiros da época e só na prestigiosa revista francesa L’Architecture d’Aujourd’hui foi publicado duas vezes, em 1949 e 1954.
Na década de 1970, visando adaptá-lo às novas demandas do turismo, foi executado um primeiro projeto de reforma no hotel, que incluiu a construção de duas piscinas e a renovação da decoração. Esta reforma não foi, contudo, capaz de evitar o processo de decadência do hotel, que foi fechado em 1978.
Entre 1980 e 1984, Diógenes Rebouças e Lourenço do Prado Valladares foram contratados para elaborar um projeto de reforma e ampliação do edifício, tendo como objetivo atualizar a sua estrutura física para que pudesse ser reaberto na categoria “cinco estrelas”.
O hotel foi reinaugurado em 1º de dezembro de 1984 com área construída praticamente duplicada: haviam sido construídos três pavimentos de apartamentos, previstos no projeto original, bem como de uma garagem coberta com dois andares e diversas salas de convenções.
Além disso, passava a oferecer aos seus hóspedes uma série de comodidades, como ar condicionado central e sistema de aquecimento solar para água. Com novas obras de arte integradas assinadas por Carybé, o Hotel da Bahia voltava a ser um dos mais importantes e exclusivos empreendimentos hoteleiros de Salvador.
Nas últimas décadas, Salvador voltou seu crescimento urbano e desenvolvimento econômico para a Orla Atlântica, onde foram inaugurados diversos hotéis, com maior número de vagas de estacionamento, de salões de eventos e de equipamentos de lazer e mais próximos do aeroporto e das praias mais visadas. Perdendo em competitividade, o Hotel da Bahia foi, pouco a pouco, perdendo também seu papel de destaque no cenário turístico. No último dia 7 de março, o golpe de misericórdia: o seu repentino fechamento.
A população baiana espera que este segundo fechamento seja temporário, como foi aquele de 1978, e que os órgãos e associações de empresas de turismo, os proprietários do imóvel e o IPAC (responsável pela preservação do mural tombado de autoria de Genaro de Carvalho, localizado no restaurante do hotel) se articulem e encontrem, com brevidade, uma saída que evite o desaparecimento definitivo do Hotel da Bahia e que o permita renascer uma segunda vez, de preferência mantendo o uso hoteleiro, fundamental em uma cidade que se pretende turística.
*Nivaldo Andrade – Arquiteto, vice-presidente do Departamento da Bahia do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-BA)
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