Fernando Passos*
Quando fui convidado a dar uma olhada no Projeto da Cidade Baixa que o arquiteto Marcelo Ferraz e uma equipe de arquitetos aqui da Bahia estavam produzindo, na ocasião os cumprimentei e disse meio de brincadeira que a tarefa deles era enfrentar, de um lado, a visão imediatista dos incorporadores imobiliários e, de outro, o comportamento discursivo e teórico de arquitetos e entidades ambientais.
Quando fui convidado a dar uma olhada no Projeto da Cidade Baixa que o arquiteto Marcelo Ferraz e uma equipe de arquitetos aqui da Bahia estavam produzindo, na ocasião os cumprimentei e disse meio de brincadeira que a tarefa deles era enfrentar, de um lado, a visão imediatista dos incorporadores imobiliários e, de outro, o comportamento discursivo e teórico de arquitetos e entidades ambientais.
De alguma forma, compartilho dessa contradição, pois como empresário da propaganda me coloco cúmplice do mercado imobiliário, mas minha formação política e de arquiteto põe um “pé” na consciência e na visão de uma Salvador mais democrática e humana.Como publicitário, tenho sido testemunha dessa visão imediatista e até suicida da indústria imobiliária, que muitas vezes abstrai a cidade em discursos, textos, propostas e raciocina exclusivamente dentro dos metros quadrados dos seus empreendimentos. Na outra extremidade persiste o discurso vazio, reinvidicando o debate pelo debate, enquanto a orla, por exemplo, continua como paraíso dos borracheiros e puteiros.Ainda na nossa memória, a oposição feita pela cantora Maria Betânia construção da Maria do Contorno, bem parecida com o protesto de João Ubaldo à construção da ponte de Itaparica. Será que eles desconhecem que a cidade terá inevitavelmente que preparar novas demandas?
O presidente do IAB, em lúcido artigo neste blog, criticou os órgãos de planejamento que eximiram da responsabilidade de desenhar o futuro da cidade, como se em algum momento esses órgãos já tivessem feito isso.Senhores arquitetos e ambientalistas, não tenham medo dos empresários, dos empreiteiros e dos incorporadores, eles estão fazendo o papel deles de aferir lucro através de obras para a cidade – cabem a vocês, associações de classe e ONGs, apresentarem propostas, vetos, enfim se debruçarem sobre esses projetos apresentados pela prefeitura e exigirem dos órgãos de planejamento uma atitude de vigilância, na busca dos melhores caminhos para a gente preparar a cidade para o futuro.
* Formado em Arquitetura, Fernando Passos é publicitário e professor universitário.
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