quinta-feira, 14 de maio de 2009

Mar, Navios e Portos

Oliveiros Guanais
O mar sempre foi estratégico para os homens e nações situados à sua beira. E foram justamente as nações marítimas, mesmo pequenas e frágeis, que avançaram à conquista de territórios distantes, descobrindo terras e matando ou escravizando seus antigos moradores.
Percebendo, antes mesmo de Pompeu ter avisado que navegar é preciso (navigare necesse...), os homens já tinham se aventurado ao mar em busca de mercadorias para o seu sustento.
E, claro, antes dos navegantes, surgiram as embarcações. E as embarcações pediram lugares de chegada e de partida, e para esse ir e vir foi preciso que se construíssem os portos, estações mais antigas inventadas pelo homem.
O mundo desenvolveu-se e coisas novas chegaram, para andar por terra ou voar pelos céus, mas as embarcações não cederam seu espaço, apenas aperfeiçoaram-se para a competição.
Tornaram-se grandes para grandes cargas. Luxuosos para as grandes exigências dos viajantes ricos. E numerosos para atender à demanda do mundo crescido, que faz dos navios o meio indispensável para cruzar os mares e chegar a outros continentes, levando o que se produz num lugar e carregando o de que se precisa noutro.
O comércio marítimo acompanhou a história das civilizações, e hoje está com exigências maiores do que antes, bastando dizer que 95% do comércio brasileiro além fronteiras se faz por via marítima.
Temos visto na imprensa - e este blog do Osvaldo tem dado atenção especial ao tema - que os portos precisam de evolução e eficiência para que as numerosas necessidades de atracação de cargueiros de grande calado não encontrem impedimento em estruturas portuárias inadequadas.
Podem as cidades desejar a chegada de grandes aeronaves se os seus aeroportos não oferecerem pistas de tamanhos apropriados para aterrissagens e decolagens? Todos sabem que não, porque uma pista curta pode resultar em catástrofes que atingem vidas humanas, e isso justifica não só a comoção que geram como o martelamento persistente da mídia sobre o assunto.
Mas o problema dos portos é silencioso. Se navios não podem atracar no porto de Salvador ou de Aratu, ou o fazem com atraso e custos operacionais elevados, isso é um problema de natureza comercial e econômica, e a população fica de fora como se não lhe dissesse respeito.
Se os cargos de direção da Codeba, a começar pelo de presidente, não são preenchidos com a celeridade necessária, isso é problema restrito e só conhecido por notícias ligeiras em jornais, e fica de lado a magnitude do problema que isso representa.
A população deve esperar, dos técnicos e especialistas em portos, as soluções para os problemas estruturais e físicos que precisam de respostas. Dos gestores encarregados de administrar o funcionamento das organizações portuárias, a competência e dedicação a serviço do bem público. Dos políticos, o necessário interesse por esse problema de importância magna para a nação, que não pode ficar, com mais de oito mil quilômetros de costa marítima, com esse sistema de transporte bloqueado por limitações que precisam desaparecer, mesmo que à custa de muito esforço e dispêndio.Mas o problema é que os portos não falam, como falam as rodoviárias e os aeroportos, lugares em que as pessoas se concentram e fazem sua grita, quando são desatendidos.
Vale aqui o comentário de Victor Hugo em um dos seus mais belos romances: “ai dos que são mudos”.

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