segunda-feira, 4 de maio de 2009

Impasse nos portos

Porto de Aratu
Osvaldo Campos
Já estamos em maio e desde o final de dezembro a Codeba, permanece sem o seu presidente. O impasse se dá por conta de divergências acerca da ampliação do terminal de contêineres. Brasília desejando realizar um aditivo ao contrato do atual concessionário e os usuários do porto defendendo uma nova licitação e a introdução da concorrência nos serviços de movimentação de contêineres.
Enquanto isto, a crise financeira global, que afetou fortemente o comércio mundial, já mostra seus reflexos nos portos baianos com queda acentuada na receita. E continua a indefinição em relação aos futuros responsáveis pela ampliação do porto de Salvador. Esta demora trará prejuízos futuros para toda economia baiana.
Enquanto isso, os portos concorrentes de Pecém, Suape e Recife, administrados localmente por seus governos estaduais, são tratados pelos mesmos como prioridades estratégicas na atração de novos empreendimentos e na geração de emprego e renda para seus estados.
O que tem levado os baianos ao imobilismo? É chegada a hora do Governo da Bahia tomar uma posição política em defesa da nossa economia e do comércio exterior baiano.
Também em relação ao turismo marítimo, permanece o imobilismo na Codeba.
Apesar de Salvador apresentar um crescimento expressivo no número de escalas de Cruzeiros Marítimos, 103, com mais de 150.000 turistas visitando a cidade na última temporada encerrada em abril, os investimentos previstos para a implantação de um moderno terminal de cruzeiros marítimos desde 1988, ainda na gestão Sylvio Faria na Codeba, permanecem indefinidos.
A
concepção equivocada da administração municpal e de seus novos planejadores, acerca da importância do porto de Salvador para a economia da cidade e do estado, as constantes mudanças na presidência da Codeba, seis nos últimos seis anos, são fatores determinantes para a atual situação de incertezas. Contudo, o pensamento do novo secretário de planejamento do estado é um sinal alentador. Nada impede que Salvador, a exemplo de outras cidades como Barcelona e Amsterdan continue sendo um importante porto cargueiro
(foto: PTA - Terminal marítimo do porto de Amsterdan), especializado em contêineres e, também invista no segmento do turismo marítimo. Em Barcelona, há 15 anos, os números eram semelhantes ao do porto de Salvador, cerca de 100 navios de cruzeiros e movimentação de 350.000 conteineres. Com a liderança do governo regional da Catalunha, o porto investiu na modernização das instalações de turismo e de movimentação de contêineres. Atualmente, com mais de 1.000.000 de turistas marítimos e cerca de 2.300.000 conteineres, é o porto líder no Mediterrâneo nestes dois segmentos. Com a implantação do Porto Sul em Ilhéus, o Governo da Bahia deveria criar uma empresa portuária como fizeram o Ceará, Pernambuco e até o nosso vizinho estado de Sergipe e assumir a gestão dos portos públicos do estado, ( foto: Terminal de conteineres de Salvador)direcionando os mesmos para um novo ciclo de investimentos e modernização.
Engenheiro e Mestre em Administração, foi gerente de operações e diretor da Codeba (1983-1999) e Superintendente de Transportes da Bahia (2001-2006). É autor da tese : Portos e Competitividade - A questão Portuária na Bahia. Atualmente é Conselheiro da Fieb (Infra-estrutura).

Nenhum comentário:

Postar um comentário