Nizan Guanaes*
Nascí em 9 de maio de 1958, numa casa bem modesta no Carmo, em Salvador.
Tem gente que tem vergonha de sua origem. Eu tenho muito orgulho. O chão da nossa casa era de cimento, não havia água encanada. Tomávamos banho a partir de uma lata de água esquentada no fogo, usando a embalagem de queijo prato como cuia.
Inesquecível.
Televisão e refrigerante, só aos sábados. Meu avô era comunista ferrenho, me botava para ler Castro Alves, Monteiro Lobato.
São essas coisas que dão forma à vida. Você é o que você é. A sua história é a sua maior diferença. O que só você pode contribuir será sempre a sua maior contribuição ao longo da sua vida toda.
Hoje, tenho 52 anos, e tudo isso ecoa numa carcaça cada vez mais velha. Ter 52 anos é chato, mas a outra opção é dramática...
Passei 157 dias no exterior no ano passado. Vendo, ouvindo, me reciclando e aprendendo.
Sou de 1958, e não há quem seja de 58 que não precise de uma boa reforma.
Sou um homem de meia-idade.
Tenho gastrite, quase uma hérnia de disco, refluxo, minha memória, principalmente a recente, se foi, minha vista é péssima.
Por causa do refluxo, meu médico disse que devo evitar gelo, água com gás, refrigerante, bebida, cigarro, pimenta, comidas condimentadas.
Ou seja, ele está pedindo a um baiano que seja um suíço.
Tudo na vida tem seu lado bom.
Eu, que sempre fui arrogante, intolerante, de péssimo humor, eu, que de tão mala, quando viajo sem mala, pago excesso, estou aprendendo com os anos a não me levar tão a sério.
Tenho três filhos. Uma menina de 25 anos e dois aborrecentes.
Os dois aborrecentes me botaram o apelido de Júnior. Porque, segundo eles, sou mais infantil e mais mimado do que eles dois.
Nem meu pior inimigo poderia ter me dado um apelido mais cáustico e mais cirúrgico.
É uma desmoralização e ao mesmo tempo uma graça ser chamado de Júnior.
Delícia maior é viajar com eles e ser esculhambado e desmoralizado na frente dos outros por criaturas que eu amo tanto.
Antes, ser pai era ensinar. Hoje, ser pai é aprender.
A última campanha do Itaú foi criada com eles. Eles me ensinam muito. Animam-me quando estou triste, baixam a minha bola quando estou me achando demais.
Adoro viajar sozinho com eles para descobrir o mundo em dimensões diferentes da minha. Passam semanas e dias inteiros comigo na China, em Roma, em Dubai, na Cidade do Cabo, na Sardenha.
Odeio e amo. Além de me chamarem de Júnior na frente das outras pessoas, no particular eles ainda me chamam de Juju.
Juju é a suprema desmoralização.
A verdade é que, como pai tardio, sou quase como um avô para meus filhos. E eles me renovam mais do que qualquer vitamina. Tantas vezes eles já me fizerem mudar de roupa, de cabelo, de pensamento.
A moral da história deste artigo é que, se você quer pensar diferente, se quer ver como o mundo está mudando, posicionar sua empresa na forma moderna, para que o futuro não seja uma ameaça, mas uma promessa, não contrate só consultores.
Ouça seus filhos, seus netos, a turma deles.
Eles esculhambam a gente, o nosso trabalho, os nossos clientes. Mas eles são ar puro entrando pela janela, guias para o presente e um atalho para o futuro.
A gente fica possesso na hora da esculhambação, dorme pensando e acorda iluminado.
E eu, Júnior, agradeço aos meus filhos por me desmoralizarem a cada segundo e me iluminarem a cada dia.
*Nizan Guanaes, é soteropolitano. Publicitário, é presidente do grupo ABC
Nascí em 9 de maio de 1958, numa casa bem modesta no Carmo, em Salvador.
Tem gente que tem vergonha de sua origem. Eu tenho muito orgulho. O chão da nossa casa era de cimento, não havia água encanada. Tomávamos banho a partir de uma lata de água esquentada no fogo, usando a embalagem de queijo prato como cuia.
Inesquecível.
Televisão e refrigerante, só aos sábados. Meu avô era comunista ferrenho, me botava para ler Castro Alves, Monteiro Lobato.
São essas coisas que dão forma à vida. Você é o que você é. A sua história é a sua maior diferença. O que só você pode contribuir será sempre a sua maior contribuição ao longo da sua vida toda.
Hoje, tenho 52 anos, e tudo isso ecoa numa carcaça cada vez mais velha. Ter 52 anos é chato, mas a outra opção é dramática...
Passei 157 dias no exterior no ano passado. Vendo, ouvindo, me reciclando e aprendendo.
Sou de 1958, e não há quem seja de 58 que não precise de uma boa reforma.
Sou um homem de meia-idade.
Tenho gastrite, quase uma hérnia de disco, refluxo, minha memória, principalmente a recente, se foi, minha vista é péssima.
Por causa do refluxo, meu médico disse que devo evitar gelo, água com gás, refrigerante, bebida, cigarro, pimenta, comidas condimentadas.
Ou seja, ele está pedindo a um baiano que seja um suíço.
Tudo na vida tem seu lado bom.
Eu, que sempre fui arrogante, intolerante, de péssimo humor, eu, que de tão mala, quando viajo sem mala, pago excesso, estou aprendendo com os anos a não me levar tão a sério.
Tenho três filhos. Uma menina de 25 anos e dois aborrecentes.
Os dois aborrecentes me botaram o apelido de Júnior. Porque, segundo eles, sou mais infantil e mais mimado do que eles dois.
Nem meu pior inimigo poderia ter me dado um apelido mais cáustico e mais cirúrgico.
É uma desmoralização e ao mesmo tempo uma graça ser chamado de Júnior.
Delícia maior é viajar com eles e ser esculhambado e desmoralizado na frente dos outros por criaturas que eu amo tanto.
Antes, ser pai era ensinar. Hoje, ser pai é aprender.
A última campanha do Itaú foi criada com eles. Eles me ensinam muito. Animam-me quando estou triste, baixam a minha bola quando estou me achando demais.
Adoro viajar sozinho com eles para descobrir o mundo em dimensões diferentes da minha. Passam semanas e dias inteiros comigo na China, em Roma, em Dubai, na Cidade do Cabo, na Sardenha.
Odeio e amo. Além de me chamarem de Júnior na frente das outras pessoas, no particular eles ainda me chamam de Juju.
Juju é a suprema desmoralização.
A verdade é que, como pai tardio, sou quase como um avô para meus filhos. E eles me renovam mais do que qualquer vitamina. Tantas vezes eles já me fizerem mudar de roupa, de cabelo, de pensamento.
A moral da história deste artigo é que, se você quer pensar diferente, se quer ver como o mundo está mudando, posicionar sua empresa na forma moderna, para que o futuro não seja uma ameaça, mas uma promessa, não contrate só consultores.
Ouça seus filhos, seus netos, a turma deles.
Eles esculhambam a gente, o nosso trabalho, os nossos clientes. Mas eles são ar puro entrando pela janela, guias para o presente e um atalho para o futuro.
A gente fica possesso na hora da esculhambação, dorme pensando e acorda iluminado.
E eu, Júnior, agradeço aos meus filhos por me desmoralizarem a cada segundo e me iluminarem a cada dia.
*Nizan Guanaes, é soteropolitano. Publicitário, é presidente do grupo ABC
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