Osvaldo Campos Magalhães*
Com o início dos debates e da propaganda política na televisão, a eleição presidencial ganha nova dinâmica.
Coincidindo com os 25 anos da implantação da “Nova República”, o país terá pela primeira vez quatro candidatos sem qualquer vínculo político com a ditadura, sendo que Serra, Dilma e Plínio de Arruda, enfrentaram e foram perseguidos pelos militares.
Apesar da grande experiência política e administrativa de José Serra, sem sombra de dúvidas o mais preparado dos candidatos para ocupar a presidência, a grande popularidade do presidente Lula deverá conduzir a candidata do PT ao cargo maior da República.
Personagem obscura da política brasileira até seis anos atrás, Dilma foi alçada à linha de frente da política nacional graças aos escândalos que envolveram José Dirceu, Antônio Palocci, José Genoíno e João Paulo Cunha, principais quadros petistas durante o primeiro mandato do presidente Lula.
As fragilidades políticas de Aloísio Mercadante, Eduardo e Marta Suplicy, restringiram as opções de Lula a dois candidatos: Patrus Ananias e Dilma Roussef.
O primeiro, responsável pelo principal programa social do governo, o Bolsa Família e a segunda, coordenadora do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, principal instrumento de marketing político do segundo mandato de Lula.
Lembremos que com a queda de José Dirceu em decorrência do escândalo do “Mensalão”, a então Ministra das Minas e Energia foi instada ao cargo de Ministra da Casa Civil, e Lula praticamente a transformou em “primeira-ministra” durante o seu segundo mandato na presidência.
Com os altos índices de aprovação de seu governo e com PT fragilizado com os seguidos escândalos, não foi difícil a Lula impor o nome de sua preferência ao seu partido e também à maioria dos eleitores, como assim atestam as últimas pesquisas divulgadas.
Confirmando-se a vitória de Dilma, como podemos pensar o Brasil do Futuro?
As turbulências recentes no quadro financeiro mundial fazem supor que Dilma não encontrará o “céu de brigadeiro” que privilegiou Lula durante quase todo seu mandato. Sem a experiência política de seu antecessor e com um PMDB fortalecido com a vice-presidência, ficará Dilma refém do clientelismo e do fisiologismo dos partidos que a apóiam?
Dispondo como aliados os principais partidos de esquerda do país, que controlam os grandes movimentos sociais e sindicais, Dilma, uma vez presidenta, terá muito mais facilidades políticas que Serra. Uma grande vantagem, com certeza.
Por outro lado, os compromissos com os grandes investimentos assumidos em campanha, como a exploração do pré-sal, a construção da usina de Belo Monte, o trem bala ligando o Rio a São Paulo e os investimentos vinculados à copa do Mundo e Olimpíada, poderão se revelar o grande calcanhar de Aquiles de um eventual governo Dilma.
Num cenário de turbulência financeira internacional como enfrentar o desafio da exploração do Pré-sal? Os valores previstos pela Petrobras de mais de U$ 224 bilhões no médio prazo, vem trazendo freqüentes questionamentos quanto à capacidade do país em arcar com os investimentos necessários em outras áreas estratégicas, como a infra-estrutura de transportes, geração de energia, saneamento, saúde e educação.
Em recente artigo publicado no Financial Time, o economista Normal Gall, presidente do conceituado Instituto Fernand Braudell de Economia Mundial, adverte: “a euforia com o petróleo põe em risco todo legado do período de governo Lula”.
Diversos economistas de renome vêm argumentando que o aumento dos gastos governamentais recentes aliados com a controvérsia financeira da exploração do pré-sal e de outros mega-projetos do PAC II, poderá significar um retorno ao passado lamentável de descontrole dos gastos públicos e de um novo desequilíbrio fiscal para o Brasil.
Será que num eventual governo Dilma, as promessas de investimentos do Programa de Aceleração de Crescimento, principal instrumento do marketing político da campanha da candidata de Lula, poderão se transformar em nuvens sombrias pairando sobre o desenvolvimento econômico e social do Brasil?
Só o futuro poderá dizer.
* Engenheiro Civil (Ufba1979) e Mestre em Administração (Ufba2005).
Editor do Blog Pensando Salvador do Futuro – E-mail: magalhães.oc@gmail.com
Com o início dos debates e da propaganda política na televisão, a eleição presidencial ganha nova dinâmica.
Coincidindo com os 25 anos da implantação da “Nova República”, o país terá pela primeira vez quatro candidatos sem qualquer vínculo político com a ditadura, sendo que Serra, Dilma e Plínio de Arruda, enfrentaram e foram perseguidos pelos militares.
Apesar da grande experiência política e administrativa de José Serra, sem sombra de dúvidas o mais preparado dos candidatos para ocupar a presidência, a grande popularidade do presidente Lula deverá conduzir a candidata do PT ao cargo maior da República.
Personagem obscura da política brasileira até seis anos atrás, Dilma foi alçada à linha de frente da política nacional graças aos escândalos que envolveram José Dirceu, Antônio Palocci, José Genoíno e João Paulo Cunha, principais quadros petistas durante o primeiro mandato do presidente Lula.
As fragilidades políticas de Aloísio Mercadante, Eduardo e Marta Suplicy, restringiram as opções de Lula a dois candidatos: Patrus Ananias e Dilma Roussef.
O primeiro, responsável pelo principal programa social do governo, o Bolsa Família e a segunda, coordenadora do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, principal instrumento de marketing político do segundo mandato de Lula.
Lembremos que com a queda de José Dirceu em decorrência do escândalo do “Mensalão”, a então Ministra das Minas e Energia foi instada ao cargo de Ministra da Casa Civil, e Lula praticamente a transformou em “primeira-ministra” durante o seu segundo mandato na presidência.
Com os altos índices de aprovação de seu governo e com PT fragilizado com os seguidos escândalos, não foi difícil a Lula impor o nome de sua preferência ao seu partido e também à maioria dos eleitores, como assim atestam as últimas pesquisas divulgadas.
Confirmando-se a vitória de Dilma, como podemos pensar o Brasil do Futuro?
As turbulências recentes no quadro financeiro mundial fazem supor que Dilma não encontrará o “céu de brigadeiro” que privilegiou Lula durante quase todo seu mandato. Sem a experiência política de seu antecessor e com um PMDB fortalecido com a vice-presidência, ficará Dilma refém do clientelismo e do fisiologismo dos partidos que a apóiam?
Dispondo como aliados os principais partidos de esquerda do país, que controlam os grandes movimentos sociais e sindicais, Dilma, uma vez presidenta, terá muito mais facilidades políticas que Serra. Uma grande vantagem, com certeza.
Por outro lado, os compromissos com os grandes investimentos assumidos em campanha, como a exploração do pré-sal, a construção da usina de Belo Monte, o trem bala ligando o Rio a São Paulo e os investimentos vinculados à copa do Mundo e Olimpíada, poderão se revelar o grande calcanhar de Aquiles de um eventual governo Dilma.
Num cenário de turbulência financeira internacional como enfrentar o desafio da exploração do Pré-sal? Os valores previstos pela Petrobras de mais de U$ 224 bilhões no médio prazo, vem trazendo freqüentes questionamentos quanto à capacidade do país em arcar com os investimentos necessários em outras áreas estratégicas, como a infra-estrutura de transportes, geração de energia, saneamento, saúde e educação.
Em recente artigo publicado no Financial Time, o economista Normal Gall, presidente do conceituado Instituto Fernand Braudell de Economia Mundial, adverte: “a euforia com o petróleo põe em risco todo legado do período de governo Lula”.
Diversos economistas de renome vêm argumentando que o aumento dos gastos governamentais recentes aliados com a controvérsia financeira da exploração do pré-sal e de outros mega-projetos do PAC II, poderá significar um retorno ao passado lamentável de descontrole dos gastos públicos e de um novo desequilíbrio fiscal para o Brasil.
Será que num eventual governo Dilma, as promessas de investimentos do Programa de Aceleração de Crescimento, principal instrumento do marketing político da campanha da candidata de Lula, poderão se transformar em nuvens sombrias pairando sobre o desenvolvimento econômico e social do Brasil?
Só o futuro poderá dizer.
* Engenheiro Civil (Ufba1979) e Mestre em Administração (Ufba2005).
Editor do Blog Pensando Salvador do Futuro – E-mail: magalhães.oc@gmail.com
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