sexta-feira, 26 de abril de 2013

Economia criativa na Bahia

Ernesto Britto Ribeiro*

Sempre que falamos de economia criativa e suas relações com as indústrias locais, dizemos que uma tem tudo a ver com a outra e que a economia criativa faz desenvolver as indústrias de diversos segmentos. Dizemos ainda que as indústrias chamadas tradicionais fazem parte da economia criativa, ainda que alguns não percebam. Acreditando que isso é verdade, resolvi identificar os sindicatos industriais que têm maior proximidade com os segmentos nucleares da economia criativa.

Talvez por estar com fome, comecei pela área que mais me agrada, que é a gastronomia. Fazendo essa pesquisa, identifiquei pelo menos nove sindicatos de indústrias baianas que fazem parte, talvez sem saber, da economia criativa. Vamos a eles? Sindicato das indústrias do Açúcar e Álcool da Bahia, Sindicato das indústrias de Cerveja e Bebidas, Sindicato das indústrias de Óleos Vegetais, Cacau e Balas, Sindicato das indústrias de Café, Sindicato das indústrias de Carne e Derivados, Sindicato das indústrias de Laticínios e Produtos do Leite, Sindicato das indústrias de Panificação, Sindicato das indústrias de Congelados, Sorvetes e Sucos, Sindicato das indústrias de Trigo, Milho e Massas Alimentícias. Com isso fiquei pensando em diversas possibilidades de incremento dessas indústrias já instaladas e nas possibilidades de ampliação desses setores.
Será que as indústrias estão conectadas com os empreendimentos da ponta, bares, restaurantes, chefes de cozinha, que usam esses produtos? Está claro para todos que quanto mais a gastronomia se desenvolver, mais essas indústrias irão faturar?
Agora vamos para as áreas de Moda e Design. Identifiquei mais sete sindicatos industriais que fazem parte da economia criativa. São eles: Sindicato das indústrias de Calçados, Sindicato das indústrias de Vestuário, Sindicato das indústrias de Couro, Sindicato das indústrias de Papel e Celulose, Sindicato das indústrias de Fibras Vegetais, Sindicato das indústrias de Fiação e Tecelagem e o Sindicato de Mobiliário. Assim, podemos associar o crescimento de muitas dessas indústrias e seus sindicatos ao desenvolvimento dos segmentos da moda e do design.
Pensando nas indústrias do Sindicato do papel e celulose vale lembrar que em todos os produtos alimentícios ligados à gastronomia, anteriormente citados, existem as embalagens, que geralmente são feitas de papel ou de plástico, entrando ai também o Sindicato das indústrias de Artigos de Plástico. Ou seja, a economia criativa da moda e do design, assim como da gastronomia, faz crescer a indústria baiana. E o crescimento do design, assim como da arquitetura não beneficia as indústrias de Cerâmica e Olarias e as indústrias de Serraria? Então, decididamente, a economia criativa envolve partes importantes da indústria tradicional baiana.
Por falar em arquitetura, esse é outro segmento importante da economia criativa. Ligados a esse segmento encontrei pelo menos três sindicatos industriais que são o Sindicato da Construção Civil, Sindicato das Indústrias de Cerâmica e Olarias e Sindicato das Indústrias de Serraria. Além desses, observei também que existe na Bahia o Sindicato das Indústrias Gráficas e elas fazem parte da economia criativa da Editoração, assim como as empresas do Sindicato das Indústrias de Produtos Eletrônicos estão envolvidas na economia criativa do Design, da Comunicação e dos Games. Falando em Games, ouvi essa semana o Secretário de Cultura da Bahia, Professor Albino Rubim, dizer que a indústria de games, no mundo, já é mais importante do que poderosa indústria do cinema.
Confesso que foi uma agradável surpresa perceber que temos mais de vinte sindicatos de indústrias tradicionais na Bahia que fazem parte, de uma forma ou de outra, da economia criativa, esse novo conceito que reúne as empresas que têm a criatividade como insumo principal. Agora vêm os desafios para o desenvolvimento da economia criativa com suas ramificações industriais. Quais as redes produtivas e conexões comerciais existentes nesses segmentos? Como envolver nas mesmas redes produtivas indústrias de grande porte, prestadores de serviço e pequenos empreendedores criativos? Quais as diferenças entre o desenvolvimento de setores em cadeia, como as indústrias tradicionais, e o desenvolvimento de setores que se organizam em redes? Quais as lacunas existentes nessas redes produtivas e as dificuldades de conexão, articulação e para a geração de novos negócios? Isso é só o começo do desafio de desenvolver a economia criativa na Bahia, mas como dizem os chineses, toda grande caminhada começa com um primeiro passo.
*Ernesto é mestre em Administração Estratégica e trabalha com foco em desenvolvimento turístico desde 2001. Foi professor de disciplinas de Planejamento Turístico e Políticas Públicas de Turismo na Faculdade Visconde de Cairu e na Factur. Foi secretário municipal em Itaparica e sub-secretário em Salvador.

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