Osvaldo Campos Magalhães*
No
dia 24 de abril a FIESP promoveu em São Paulo a apresentação da Agenda de
Projetos Prioritários consolidados pela União das Nações Sul-Americanas -UNASUL, através do Conselho
Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento. No evento, denominado “Fórum de
Infraestrutura da América do Sul - 8 Eixos de Integração”, foram apresentados os 88 projetos
individuais, integrados em 31 projetos estruturantes. A
maioria dos projetos é de transporte – apenas dois são de energia – e deverão representar
investimentos estimados em 21 bilhões de dólares. A meta é que os projetos
sejam concluídos até 2022.
O principal objetivo do evento realizado
pioneiramente pela FIESP, e que será replicado em outras cidades da América do
Sul, foi o de divulgar os 88 projetos para o setor empresarial brasileiro,
visto que , a maioria deles será realizada através das diversas modalidades de
parcerias público privadas, já institucionalizadas nos diversos países
integrantes da UNASUL.
Lembremos que a Comunidade Sul-Americana de
Nações, foi criada em 2003 e posteriormente denominada União das Nações
Sul-Americanas. Por decisão dos Chefes de Estado e de Governo da América do Sul,
foi criado, em 2009, o Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento
(COSIPLAN). Finalmente, em 2011, entrou em vigor o Tratado Constitutivo da
UNASUL, ano em que, sob a presidência brasileira do foro, foi aprovada a Agenda
de Projetos Prioritários de Integração (API).
Conforme enfatizado pelo Ministro das Relações
Exteriores Antônio Patriota durante o evento na FIESP “a América do Sul é a prioridade da política externa do Brasil e o
projeto sul-americano em que estamos engajados reflete uma visão de Estado”.
É certo, que os projetos definidos como
prioritários pela COSIPLAN, representam apenas 11,8% do Portfólio de projetos
de infraestrutura da UNASUL, que atingem o montante de 116 bilhões de dólares e
compreendem nove eixos de integração.
O que não se justifica é que o único eixo de
desenvolvimento e integração da América do Sul que não foi contemplado na sua
Agenda de Projetos Prioritários foi justamente o que contempla a Bahia e o
Nordeste brasileiro. Denominado de eixo “Interoceânico”, prevê como sua obra
mais emblemática a ligação ferroviária entre portos do oceano Pacífico com os
portos do oceano Atlântico localizados no litoral do Estado da Bahia. Ainda
mais estranho é que a Ferrovia de Integração Leste-Oeste é um dos projetos
prioritários do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, e já está sendo
construída, apesar dos contínuos obstáculos criados pela burocracia estatal
brasileira, e, certamente estará concluída antes de 2022, dentro do horizonte
definido pela UNASUL para sua Agenda de Projetos Prioritários.
A
ligação ferroviária entre o Pacífico e o Atlântico existe na América do Norte há
mais de um século, e, possibilitou a integração física e o impressionante
desenvolvimento econômico do Canadá e dos Estados Unidos no século XX. Na
América do Sul, foi planejada pioneiramente pelo engenheiro baiano Vasco Neto e,
incorporada ao planejamento estadual baiano através do PELTBAHIA, ainda em
2001. Lembremos que os grandes mercados consumidores dos produtos brasileiros
se encontram na ÁSIA, e que os custos logísticos para a exportação de grãos do
oeste baiano e do Brasil central seriam extremamente beneficiados pela
concretização do eixo “Interoceânico”.
Com
a decisão do COSIPLAN, sob a presidência brasileira, de excluir dos projetos
prioritários de integração e desenvolvimento da América do Sul o eixo
denominado “Interoceânico”, o que se constata, mais uma vez, é que o Nordeste
fica relegado a segundo plano em termos políticos e econômicos e que irá perder
esta oportunidade única, que irá implantar, em uma década, projetos de
infraestrutura para melhorar a conexão entre as quase 400 milhões de pessoas
que vivem na porção sul das Américas e suas respectivas economias.
Com
a reunião programada para acontecer em Salvador nos próximos dias entre os Secretários
de Planejamento do Nordeste, para discutir justamente projetos de
infraestrutura de transportes, este certamente será uma das principais questões
a serem analisadas.
*Osvaldo
Campos Magalhães, é membro do Conselho de Infraestrutura da Federação das
Indústrias do Estado da Bahia – Email: magalhaes.oc@gmail.com
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