Como publicamos no site BahiaJá (www.bahiaja.com.br), dia 30/03, a senadora Lídice da Mata (PSB) "pôs fogo na sucessão" de Salvador, ano 2012, ao emitir uma nota partidária na qual afirma que seu partido não será mais coadjuvante do processo eleitoral em Salvador. Só lembrando, Lídice foi candidata a vice-prefeita na chapa de Walter Pinheiro (PT), em 2008, até hoje muito discutida se o melhor não seria o inverso. A sucessão do prefeito João Henrique (PP) está na ordem do dia. A imprensa tem comentado o tema porque, nos bastidores da política, há uma movimentação intensa de pré-candidatos, organizam-se assessorias e, cada qual, no âmbito partidário, procura se posicionar para não perder espaços. Geddel Vieira Lima, PMDB, está abraçando Salvador em peças de outdoor; Walter Pinheiro, do PT, saúda a capital, com megabanner; Nelson Pelegrino, PT, está em campo; ACM Neto, DEM, e Antonio Imbassahy, do PSDB, conversam; Edvaldo Brito, PTB, organiza-se; o PCdoB já anunciou pré-nomes com Alice Portugal e Olívia Santana; PRB, em bastidores, fala no nome de Raimundo Varela; PP no nome de João Leão; PDT, Marcos Medrado. Enfim, existem pré-candidatos para todos os gostos. A senadora Lídice, que até então vinha calada, acompanhando o desenrolar dos acontecimentos "interna-corporis", decidiu, apimentar o pré-processo sucessório anunciando que o PSB vai disputar a eleição como candidato cabeça da majoritária. É uma novidade e tanto porque, sozinho, com magro tempo na TV, o PSB não vai a lugar algum. Mas, coligando-se com outros partidos e sendo Lídice a candidata "cabeça", a chapa passa a ser competitiva. Lídice é um fenômeno na política. Emergiu das bases estudantis e depois de deputada federal constituinte, 1988, elegeu-se primeira prefeita de Salvador, pelo PSDB. Feito e tanto. Foi considerada a pior administração do país (1993/1996), entre as pesquisadas pelo DataFolha, e Salvador sofreu o"pão que o diabo amassou". Parecia um monturo tal era a quantidade de lixo e ratos nas ruas e avenidas. Em 1998, elegeu-se deputada estadual. Trabalhou a recuperação de sua imagem, consubstanciada na tese de que sofrera perseguições por parte de ACM, manteve-se na oposição ao "carlismo" e chegou a Câmara dos Deputados, em 2002, com boa votação na capital. Em 2006, repetiu a dose e estourou em votos em Salvador. Quatro anos depois, beneficiada por desistências de Otto Alencar e César Borges na chapa de Wagner, elege-se senadora da República. Há de se dizer que o movimento Lula/Dilma/Wagner elegeu Lídice. É verdade. Sem isso seria impossível. Mas, também se deve situar os méritos de Lídice porque, além de ser política, estar inserida no contexto da política, é um nome respeitável, de peso, e que soube e teve competência para interpor seu desejo de ser senadora, quando o processo ainda estava em andamento. Não caiu de pára-quedas. Agora, Lídice faz novo movimento em direção ao Palácio Tomé de Souza. A provável candidatura étnica por ela acenada é apenas "o bode na sala". Esta história de candidato negro, de povo-de-santo e congêneres não vinga. Salvador é plural e enigmática. Já elegeu um judeu, Mário Kértész, aclamado nos braços do povo; e um evangélico, João Henrique, duas vezes. Só lembrando, a atual administração passou tratores num terreiro de candomblé. inclusive nas imagens dos orixás. Então, o nome do PSD é Lídice. E isso assusta e atormenta o PT, pelo menos no 1º turno. Hoje, se o Ibope ou o DataFolha fizer uma pesquisa não tenho dúvidas que os nomes mais citados serão ACM Neto, Lídice, Imbassahy, Pinheiro/Pelegrino e Varela. Pode não ser nesta ordem, mas, são os competitivos. No mais são balões de ensaio e desejos.
* Jornalista e editor de blog sobre política
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