domingo, 10 de janeiro de 2010

Rumo à salvação da cidade

Ilustração de BRUNO AZIZ
LOURENÇO MUELLER*
Diz um ditado espanhol que mais sábio é o diabo por ser velho do que propriamente por ser diabo: o arquiteto Paulo Ormindo de Azevedo publicou recentemente um artigo que mexeu com os leitores atentos e pelo menos um se mobilizou no sentido da sugestão de que o jornal A TARDE assuma discutir as questões da cidade. O arquiteto não é velho nem diabo mas foi sábio; brilhante também foi o artista gráfico Cau Gomez, ilustrador do artigo, que o fez fiel à ideia: a igual disputa do mesmo" guarda chuva" pelo pobre e pelo rico.
Por dever de ofício e de leitor devo destacar que Paulo Ormindo não tem sido o único a denunciar o abandono e o equívoco de percepção urbanística a que os governos das três esferas relegaram a nossa cidade/região.
.. O trânsito insano: " ...Não precisamos continuar vivendo atropelos, assaltos, engarrafamentos(...) só porque nossas cidades não se adaptam às novas tecnologias e permitem que este reizinho do consumo, o automóvel, tome o lugar de quase tudo" ( 19/05/2009, " Ouçam os Urbanistas" ).
Dificuldade de compreensão pelos "novos gestores" do regional versus local: ..." Salvador não tem muitas opções de crescimento. O principal problema é que não há um planejamento regional. Hoje, nenhum organismo pensa de forma conjunta a RMS, integrando o Estado, os municípios e o governo federal. O Estado tem sido muito eficiente em captar estes investimentos, em "vender" a região, mas não em planejá-la". ( 19/12/2009 - Sylvio Bandeira Revista Mais. ...
A Tarde se me afigura o fórum apropriado para essas discussões e um campo mais ou menos neutralizador de ideologias que vicejam facilmente no seio das estruturas institucionais como governo, empresa, terceiro setor e até universidade.
Como organizar eixos temáticos para objetivar os discursos e as discussões, selecionar palestranes para se pronunciarem sobre os assuntos referidos acima já será uma tarefa assumida pelo jornal.
Poderámos avançar em em três eixos, que deverão ser tratados ao nível das políticas públicas, sempre integradas com a própria urbanização regional e construção de um novo modelo de cidade.
Infraestrutura: - Abastecimento de água e esgotamento sanitário pensado em conjunto com a macrodrenagem e a contenção de encostas. Sistema viário revisto em função de uma nova matriz de mobilidade, que privilegie o transporte público de massa, o pedestre e o ciclista, dê espaço para portadores de deficiência e minimize, sobretudo nos centros da cidade, o papel do automóvel.
Habitação Popular:- A definição, a partir de um plano diretor metropolitano, das novas áreas de crescimento da cidade, da região e do uso e ocupação do solo indicativos da expansão da cidade-sede regional e suas limitações.
Cultura - A revisão de conceito no que concerne às atividades artísticas ocorrentes e a preparação das mesmas para o casamento da arte com o urbanismo.
*Lourenço Mueller, arquiteto e urbanista, trabalha no Departamento de Planejamento Urbano e Ambiental /Companhia de Desenvolvimento Urbano da Bahia – CONDER

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