AGENOR GORDILHO SIMÕES*
A Salvador de hoje é, em tudo e por tudo, completamente diferente da bela, romântica e aprazível cidade que tive a grata felicidade de conhecer no alvorecer da adolescência e dos anos que se seguiram sem o medo e o sobressalto próprios de uma quase metrópole mal estruturada e planejada para os tempos atuais.
Muito embora forçado a admitir como muitos, sem dúvida alguma admitem, que a mudança é sinal dos tempos, dado que nada permanece estático neste mundo segundo a ordem natural das coisas, persisto, sem entretanto querer me contrapor à modernidade nem sempre benfazeja, e prefiro não apenas filosofar, mas viver de minhas lembranças e saudades da Salvador de outrora, não apenas por mero ou puro saudosismo, mas, sobretudo, tangido pela memória imorredoura de ter a sorte de viver numa bela e majestosa época desta cidade.
Justamente por isso, é que podíamos desfrutar da plena liberdade de circular livremente pela pacata cidade sem os temores e o pânico que se apoderaram das pessoas, em decorrência da avassaladora onda de assaltos e todo tipo de violência que passou a preponderar no momento atual.
Daí não se constituir qualquer exagero pensar deste modo, e para tanto basta ver as notícias diárias transmitidas pela mídia falada e escrita com relatos de casos de assaltos, roubos e atropelamentos, até mesmo em cima das calçadas e praças com vítimas fatais que ocorrem a toda hora, deixando o soteropolitano aterrorizado com a perspectiva de que poderá ser a próxima vítima, pois a ninguém é dado se considerar imune à sanha assassina que se apoderou de nossas vidas.
Lembro-me perfeitamente que a nossa única preocupação era com o retorno para casa após as andanças noturnas pelas ruas do centro da cidade, desde que a partir de meia-noite não existia mais transporte e se perdêssemos o horário, teríamos que voltar a pé, o que costumeiramente fazíamos sem qualquer preocupação e até mesmo com o prazer da caminhada madrugada a dentro, mesmo porque nada nos importunava, a não ser o cansaço do trajeto percorrido, abrangendo o percurso correspondente, por exemplo: do centro da cidade ao bairro da Barra, no meu caso especial, considerando-se que os pontos de diversão se situavam numa área que se estendia da Rua Chile até a Praça da Sé, onde estavam localizados o Tabaris e o Rumba Dancing e outras casas de diversão noturna.
Tudo isto, portanto, que muitas vezes se constituía até mesmo motivo de farra e de brincadeira, já hoje, nem se poderia cogitar em fazê-lo, a não ser correndo o grande risco de perder a vida antes de alcançar a casa, tal a onda de violência que graça nesta cidade.
Daí não se cometer qualquer exagero em afirmar que a vida era tão sossegada nessa ocasião que os moradores podiam se dar ao luxo de se reunir em frente das suas casas, acomodados em cadeiras de lona em animados bate-papos que varavam a madrugada, como era rotina acontecer defronte da casa de moradores da Avenida Oceania sem que nada de mal ocorresse nesses animados serões de amigos e moradores vizinhos.
Já na atualidade, tal prática prazerosa, além de se mostrar praticamente inviável, poder-se-ia se constituir no risco de vida para as pessoas que quisessem adotá-la, mercê de estarem sujeitas a assaltos, bala perdida e até atropelamento, como soe acontecer em várias bairros da cidade, a exemplo do mais recente caso de atropelamento fatal de três membros de uma família catarinense que foram colhidos por um carro em alta velocidade, cujo motorista se evadiu sem prestar qualquer tipo de socorro às vítimas agonizantes, esfacelando desta forma o interesse de viver dos membros sobreviventes.
Caso fossemos relatar os números de mortes decorrentes de assaltos, atropelamentos e o mais variegado tipo de violência e pedofilia, esgotaríamos várias laudas de papel ante a assombrosa e macabra estatística, daí nos deter em apenas se reportar a esse trágico acidente em que sobraram apenas pai, filha e um menino de nove anos em estado grave no hospital, conforme noticiado neste jornal [A Tarde], edição do dia 18 de dezembro do corrente ano.
Aliás, a Barra era um bairro estritamente familiar, vez que a maioria dos moradores era constituída por famílias tradicionais que se conheciam e mantinham entre si um saudável e amistoso tratamento e cujos membros mais jovens, livres das drogas e violência, podiam desfrutar de um ambiente salutar em todos os sentidos.
Basta dizer que quase não se dava conta da existência do carnaval, não fosse pelo pequeno número de foliões mascarados que desfilavam pelas ruas e cujas festas momescas, que no início se concentravam mais no centro da cidade e também em clubes sociais, livres, portanto, do insuportável ensurdecedor desfile de bandas e trios elétricos responsáveis diretos por todo o desassossego vivido por seus moradores. Destarte não bastasse o tormento oriundo das drogas e violência provocadas pelos excessos cometidos.
Apesar dos pesares, acreditamos firmemente que dias melhores ainda virão, desde que haja um combate sistemático e implacável ao tráfico de drogas, à corrupção, os piores males que afligem a sociedade brasileira na atualidade, e que com o banimento, sobretudo da corrupção, surja neste horizonte tenebroso uma réstia de luz de esperança capaz de ensejar melhor aplicação das verbas públicas e assim propiciar uma melhor condição de vida aos moradores desta acolhedora cidade e primeira capital do país.
A Salvador de hoje é, em tudo e por tudo, completamente diferente da bela, romântica e aprazível cidade que tive a grata felicidade de conhecer no alvorecer da adolescência e dos anos que se seguiram sem o medo e o sobressalto próprios de uma quase metrópole mal estruturada e planejada para os tempos atuais.
Muito embora forçado a admitir como muitos, sem dúvida alguma admitem, que a mudança é sinal dos tempos, dado que nada permanece estático neste mundo segundo a ordem natural das coisas, persisto, sem entretanto querer me contrapor à modernidade nem sempre benfazeja, e prefiro não apenas filosofar, mas viver de minhas lembranças e saudades da Salvador de outrora, não apenas por mero ou puro saudosismo, mas, sobretudo, tangido pela memória imorredoura de ter a sorte de viver numa bela e majestosa época desta cidade.
Justamente por isso, é que podíamos desfrutar da plena liberdade de circular livremente pela pacata cidade sem os temores e o pânico que se apoderaram das pessoas, em decorrência da avassaladora onda de assaltos e todo tipo de violência que passou a preponderar no momento atual.
Daí não se constituir qualquer exagero pensar deste modo, e para tanto basta ver as notícias diárias transmitidas pela mídia falada e escrita com relatos de casos de assaltos, roubos e atropelamentos, até mesmo em cima das calçadas e praças com vítimas fatais que ocorrem a toda hora, deixando o soteropolitano aterrorizado com a perspectiva de que poderá ser a próxima vítima, pois a ninguém é dado se considerar imune à sanha assassina que se apoderou de nossas vidas.
Lembro-me perfeitamente que a nossa única preocupação era com o retorno para casa após as andanças noturnas pelas ruas do centro da cidade, desde que a partir de meia-noite não existia mais transporte e se perdêssemos o horário, teríamos que voltar a pé, o que costumeiramente fazíamos sem qualquer preocupação e até mesmo com o prazer da caminhada madrugada a dentro, mesmo porque nada nos importunava, a não ser o cansaço do trajeto percorrido, abrangendo o percurso correspondente, por exemplo: do centro da cidade ao bairro da Barra, no meu caso especial, considerando-se que os pontos de diversão se situavam numa área que se estendia da Rua Chile até a Praça da Sé, onde estavam localizados o Tabaris e o Rumba Dancing e outras casas de diversão noturna.
Tudo isto, portanto, que muitas vezes se constituía até mesmo motivo de farra e de brincadeira, já hoje, nem se poderia cogitar em fazê-lo, a não ser correndo o grande risco de perder a vida antes de alcançar a casa, tal a onda de violência que graça nesta cidade.
Daí não se cometer qualquer exagero em afirmar que a vida era tão sossegada nessa ocasião que os moradores podiam se dar ao luxo de se reunir em frente das suas casas, acomodados em cadeiras de lona em animados bate-papos que varavam a madrugada, como era rotina acontecer defronte da casa de moradores da Avenida Oceania sem que nada de mal ocorresse nesses animados serões de amigos e moradores vizinhos.
Já na atualidade, tal prática prazerosa, além de se mostrar praticamente inviável, poder-se-ia se constituir no risco de vida para as pessoas que quisessem adotá-la, mercê de estarem sujeitas a assaltos, bala perdida e até atropelamento, como soe acontecer em várias bairros da cidade, a exemplo do mais recente caso de atropelamento fatal de três membros de uma família catarinense que foram colhidos por um carro em alta velocidade, cujo motorista se evadiu sem prestar qualquer tipo de socorro às vítimas agonizantes, esfacelando desta forma o interesse de viver dos membros sobreviventes.
Caso fossemos relatar os números de mortes decorrentes de assaltos, atropelamentos e o mais variegado tipo de violência e pedofilia, esgotaríamos várias laudas de papel ante a assombrosa e macabra estatística, daí nos deter em apenas se reportar a esse trágico acidente em que sobraram apenas pai, filha e um menino de nove anos em estado grave no hospital, conforme noticiado neste jornal [A Tarde], edição do dia 18 de dezembro do corrente ano.
Aliás, a Barra era um bairro estritamente familiar, vez que a maioria dos moradores era constituída por famílias tradicionais que se conheciam e mantinham entre si um saudável e amistoso tratamento e cujos membros mais jovens, livres das drogas e violência, podiam desfrutar de um ambiente salutar em todos os sentidos.
Basta dizer que quase não se dava conta da existência do carnaval, não fosse pelo pequeno número de foliões mascarados que desfilavam pelas ruas e cujas festas momescas, que no início se concentravam mais no centro da cidade e também em clubes sociais, livres, portanto, do insuportável ensurdecedor desfile de bandas e trios elétricos responsáveis diretos por todo o desassossego vivido por seus moradores. Destarte não bastasse o tormento oriundo das drogas e violência provocadas pelos excessos cometidos.
Apesar dos pesares, acreditamos firmemente que dias melhores ainda virão, desde que haja um combate sistemático e implacável ao tráfico de drogas, à corrupção, os piores males que afligem a sociedade brasileira na atualidade, e que com o banimento, sobretudo da corrupção, surja neste horizonte tenebroso uma réstia de luz de esperança capaz de ensejar melhor aplicação das verbas públicas e assim propiciar uma melhor condição de vida aos moradores desta acolhedora cidade e primeira capital do país.
* Advogado e procurador do Estado
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