terça-feira, 1 de setembro de 2009

A baía da Bahia na Copa

Eduardo Atayde
Descoberta no dia de Todos-os-Santos, 1 de novembro de 1501, por Americo Vespúcio, a exuberante baía foi abençoada pelos santos do dia. Com certidão de nascimento, a Baía de Todos-os-Santos conferiu identidade aos baianos e ao Estado da Bahia. Hoje, é a mais nova integrante do poderoso Clube da Most Beautiful Bays of the World (Mais Belas Baías do Mundo), entidade sediada na França, chancelada pela Unesco. Integrada na rede internacional de informações, a Baía de Todos-os-Santos foi eleita como a baía da Copa do Mundo de 2014. A Baía de São Francisco, na Califórnia, que está estabelecendo parcerias com a Baía de Todos-os-Santos, tem um estuário que drena 40% dos recursos de água do estado mais rico dos EUA com um PIB de 2 trilhões de dólares, monitora depósitos de sedimentos proibindo despejo de efluentes industriais na baía. Cercada por uma região metropolitana de 18 mil km2, com população de 7,5 milhões de pessoas, 9 municípios, 101 cidades, indústrias, portos, aeroportos e ferrovias, São Francisco usa tecnologias de ponta para garantir a qualidade da água e prevenir impactos ambientais. Diagnóstico realizado pelo Instituto de Meio Ambiente (IMA), seguindo o Programa Baía Azul, financiado pelo BID, onde US$ 440 milhões foram investidos na despoluição da Baía de Todos-os-Santos, registra concentrações de hidrocarbonetos de petróleo e metais pesados além dos limites estabelecidos pela legislação. A suspensão de lançamentos de efluentes da Refinaria Landulfo Alves, esgotamento sanitário e a sustentabilidade das populações do entorno, estão no alvo das atenções. Eventos marcam épocas. 513 anos separam o descobrimento de Vespúcio e a Copa, quando a baía da Bahia, revelada pela força penetrante da mídia, será monitorada pela imprensa internacional. Águas tropicais limpas, populações e economias sustentáveis e culturas locais, estarão no foco. O show que precede e culmina na Copa, além de seleções de futebol, seleciona potencialidades e mazelas das localidades para revelar globalmente, enaltecendo ou manchando as imagens locais. A China que o diga.
Eduardo Athayde é diretor do WWI-Worldwatch Institute. Email:
eduardo@uma.org.br

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