Osvaldo Campos Magalhães*
A avaliação dos oito anos do governo João
Henrique, prova mais uma vez, na Bahia, que nem sempre uma brilhante carreira
parlamentar é garantia para um bom desempenho no executivo.
Tendo iniciado sua carreira política em 1989,
quando se elegeu vereador em Salvador, o filho do ex-governador João Durval
Carneiro, logo se destacou na Câmara Municipal de Salvador, com uma atuação
voltada principalmente para a defesa dos direitos dos contribuintes. Foi
premiado como o “melhor vereador do ano” , em 1990, 1991, 1992, e 1993. Eleito
deputado estadual em 1994, foi reeleito nos anos de 1998 e 2002, tendo sido
agraciado pela imprensa especializada em 1998 como o “Destaque Parlamentar do
Ano”.
Filiado ao PDT, partido fundado quando do
retorno do exílio pelo carismático líder gaúcho Leonel Brizola, João Henrique,
consegue se eleger em 2004, prefeito do município do Salvador.
Concorrendo no primeiro turno em aliança com
o PSDB, João Henrique enfrentaria no segundo turno o candidato do PFL, Cezar
Borges, ex-governador da Bahia, indicado candidato pelo Senador Antônio Carlos
Magalhães. Apesar das excelentes avaliações populares dos seus mandatos, o
então prefeito Antônio Imbassahy não havia preparado um sucessor dentro do seu
partido.
Eleito para o cargo de Prefeito, JH, adotou o
sugestivo slogan “Prefeitura de Participação Popular”, e, contemplou com
secretarias e cargos, representantes de seu eclético arco de alianças formado
no segundo turno, que incluía entre outros partidos o PDT, PSDB, PT, PSB, PTB,
PV, PMDB, PSC etc.
Com a criação da Secretaria da Economia do
Emprego e Renda, e da Secretaria das Relações Internacionais, JH dava clara
indicação de sua estratégia de governo. Estruturar o município de Salvador para
enfrentar sua principal deficiência, a baixa arrecadação fiscal e a incapacidade
econômica de gerar empregos formais para sua população e, atrair investimentos
internacionais para Salvador. A indicação do urbanista Itamar Batista para a
Secretaria de Planejamento, também indicava seu desejo de retomar a questão do
planejamento urbano, relegado a segundo plano em Salvador, desde a época do OCEPLAN,
sob a liderança de Sérgio Gaudenzi,Auxiliadora Batista e Alberto Valença, ainda
na década de 70.
Infelizmente, a realidade se mostrou cruel
com o premiado parlamentar. Durante seus oito anos de governo, a secretaria de
planejamento foi dirigida por seis diferentes secretários. O arco de aliança
formado inicialmente, composto por partidos com linhas programáticas e
ideológicas contrárias, acabou por comprometer a capacidade de gestão do jovem
prefeito. Em busca de suporte financeiro para seu governo, JH, pragmaticamente,
sai em busca de alianças mais robustas, inicialmente com o PMDB, então compondo
o governo JW e Lula, e logo depois com o PP, que dirigia o forte Ministério das
Cidades, já no governo Dilma.
Durante os anos JH, a economia da cidade
cresceu, liderada pelo setor da construção civil e pela expansão da atividade
comercial, com destaque para a construção de quatro grandes shoppings centers e
inúmeros “bairros” verticais. Por outro lado, o planejamento estratégico foi
esquecido e o capital imobiliário acabou conduzindo a cidade ao caos urbano e
à imobilidade no setor de transportes, agravada com a
subserviência aos interesses do SETPS e a desastrosa gestão das obras do metrô.
A violência assumiu proporções inimagináveis, prejudicando uma das principais
atividades econômicas de Salvador, o turismo.
Contudo, o pior legado dos anos JH talvez
tenha sido no âmbito da Cultura. A cidade, outrora conhecida por sua vasta
produção e diversidade cultural está hoje relegada a uma baixa produção
artística e também dominada pelos fortes interesses econômicos. A Terra do
Encanto e da Magia deu lugar a Terra do Axé Music e do carnaval elitizado.
Que o jovem prefeito eleito saiba identificar
os erros e acertos de seu antecessor e reconduza Salvador a uma nova era, como
fez nos anos 60, ACM.
Que Salvador volte a ser a Terra da
Felicidade, da Magia e do Encanto, cantada e contada por Caymmi, Jorge, Ubaldo,
Bethânia , Gal e muitos outros.
Que não mais prevaleça a Iniquidade.
*Engenheiro
Civil e Mestre e Administração com foco em Tecnologia Competitividade e
Estratégia - UFBA- Coordenou o PELTBAHIA e foi candidato a vereador em 2008 pelo PSB.
Este seu texto me lembra outro evento do período JH com relação a mobilidade urbana, que foi a criação das faixas exclusivas de ônibus no início de seu primeiro mandato. Uma medida importante e necessária, entretanto JH não teve pulso para manter. Meu medo é que isso esteja se repetindo com a proibição do estacionamento na orla da Barra. Ou o governo ACM Neto leva adiante com raça essa medida ou estaremos fadados ao fracasso de nossa política de mobilidade urbana municipal. Tenho muito receio pela forma como se iniciou o trabalho, espero que esteja enganado, pois realmente desejo o sucesso das medidas prometidas pelo novo secretário para melhoria da mobilidade em nosso município.
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