Nelson Cadena*
Era para o jornal circular em 12 de outubro de 1912, mas na hora H a máquina enguiçou, um prelo usado alugado por Ernesto Simões Filho à Tipografia Reis & Cia. O jornalista providenciou um mecânico, fez os reparos necessários, adiou a logística de distribuição e em 15 de outubro editou o exemplar número um; a sede do jornal ficava num pequeno prédio de dois andares da rua Manoel Vitorino, não existe fotografia dele, apenas uma aquarela de Mário Paraguassu.
A Tarde não era um nome original. Em agosto de 1901 circulara em Salvador um jornal registrado com esse título que teve vida curta. Mas não foi referência para Simões Filho que teve como modelo o jornal “A Noite” do Rio de Janeiro, propriedade de Irineu Marinho, pai do Roberto Marinho, fundador da Rede Globo. O jornalista baiano inspirou-se no nome e no visual. Foi denominado A Tarde por que sua circulação era vespertina. Do jornal caríoca, então tido como o mais moderno do país, Simões Filho assimilou a prática do olho da noticia, do lead e do destaque às fotografias nas matérias de primeira página.A Tarde nasceu num contexto político conturbado do qual o seu fundador tinha sido um dos protagonistas: a eleição de J. J Seabra ao Governo do Estado, que não teve oposição em função das sequelas do bombardeio da Bahia de 10 de janeiro de 1912. Simões Filho apoiara Seabra, mas A Tarde logo entraria em rota de colição com o governo. Nascia também num contexto de mídia competitivo. Seis jornais circulavam em Salvador, naquele tempo: Jornal de Noticias, Diário da Bahia, Diário de Noticias, Gazeta do Povo, A Bahia e Diário da Tarde.Tarde surpreendeu os soteropolitanos pela sua qualidade gráfica que era o seu diferencial em relação à concorrência. E continuou a melhorar o produto, adquirindo em 1913 uma impressora Koening-Bauer, de fabricação alemã. Na sequência montou uma clicheria; foi o primeiro jornal baiano a ter em suas próprias oficinas um processo de estereotipia. E mais tarde, em 1920, instalou o primeiro linotipo da imprensa baiana, introduzindo o processo de composição a chumbo quente, então inovador.
A máquina chegou no porto de Salvador, procedente de Nova Iorque, com John Oldman, o técnico encarregado da montagem e treinamento.m 1930 o jornal concluía a obra do prédio que foi sua sede durante mais de quarenta anos, um edificio de sete andares construido na Praça Castro Alves pela firma Kenitz & Cia em tempo recorde, menos de dois anos. As fotos que ilustram este post são daquele tempo e até recentemente inêditas, duas delas publicadas no Almanaque Bahia de Comunicação 2012 em matéria de minha autoria. Mostram a maquete do prédio, o bate-estaca da pedra fundamental por Alfredo Marback, diretor do jornal, e a inauguração solene com Dom Augusto abençoando as instalações.
A máquina chegou no porto de Salvador, procedente de Nova Iorque, com John Oldman, o técnico encarregado da montagem e treinamento.m 1930 o jornal concluía a obra do prédio que foi sua sede durante mais de quarenta anos, um edificio de sete andares construido na Praça Castro Alves pela firma Kenitz & Cia em tempo recorde, menos de dois anos. As fotos que ilustram este post são daquele tempo e até recentemente inêditas, duas delas publicadas no Almanaque Bahia de Comunicação 2012 em matéria de minha autoria. Mostram a maquete do prédio, o bate-estaca da pedra fundamental por Alfredo Marback, diretor do jornal, e a inauguração solene com Dom Augusto abençoando as instalações.
*Nelson Cadena é jornalista e escritor. Pesquisador das áreas de comunicação e história da Bahia há mais de 30 anos. Escreve para o Jornal Propmark, Revista Propaganda, Jornal Correio, Revista Imprensa e no site do Sinapro-Bahia. Idealizador e editor do maior site de pesquisa sobre comunicação do Brasil (www.almanaquedacomunicacao.com.br). Autor dos livros: Brasil. 100 Anos de Propaganda; e 450 Anos de Propaganda na Bahia.
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