No
dia 13 de maio de 2013, o porto de Salvador estará completando 100 anos de
existência.
Construído
e operado pela iniciativa privada, mediante um contrato de concessão pública, o
porto já foi um dos mais importantes do Atlântico Sul.
Estatizado
durante o regime militar, o porto, vem desde então, gradativamente, perdendo
importância e eficiência operacional, resultado de seguidas e desastrosas
administrações federais.
Somente
nos últimos 10 anos, governos Lula e Dilma, a Companhia Docas do Estado da
Bahia, empresa estatal criada para gerir os portos de Salvador, Aratu e Ilhéus,
esteve sob o comando de seis diferentes presidentes. Em comum entre todos eles
o fato de não terem nenhum conhecimento especializado sobre a atividade
portuária antes de assumirem seus cargos.
Pesquisa
anualmente realizada pelo Instituto de Logística e Suplly Chain – ILOS, junto
aos principais operadores e usuários dos portos brasileiros, apontou pela
terceira vez, o porto de Salvador, como o pior entre os 11 principais do
Brasil.
Enquanto
isso, os estados de Pernambuco e Ceará, apostaram na atividade portuária como
questão estratégica para o desenvolvimento da economia regional. Criando empresas
públicas estaduais para construírem os portos de Suape e Pecem e, delegando à
iniciativa privada a operação dos mesmos, estes modernos portos retiraram de
Salvador a condição de porto de maior movimentação de cargas conteinerizadas e
de relevância econômica do Nordeste.
Com
um novo prefeito eleito na cidade do Salvador, surge uma esperança para o porto
de Salvador. A legislação brasileira permite ao município assumir a gestão do
porto. Temos no Brasil, um exemplo de sucesso, que pode servir de paradigma
para Salvador: o porto de Itajaí, em Santa Catarina. Municipalizado em 1996, o
porto vem apresentando notável crescimento na movimentação de cargas, e se
destacou como quarto melhor porto brasileiro na mesma pesquisa do ILO´s.
Não
devemos nos esquecer que os principais portos europeus, como Roterdã, Antuérpia
e Hamburgo, adotam o modelo “Land Lord”, onde o município controla a gestão do
porto e a iniciativa privada é responsável por sua operação. Este é o modelo
ideal para Salvador. Muito semelhante à gestão de um grande shopping center,
onde a empresa gestora do shopping arrenda a empreendedores privados áreas para
a exploração e cobra eficiência e rentabilidade dos lojistas. No caso do porto,
a exploração dos serviços de movimentação de cargas é feito pelos Operadores
Portuários privados, que também podem arrendar áreas, instalações e
equipamentos nos portos públicos, sendo responsabilidade da Autoridade
Portuária, o planejamento e a fiscalização das metas estabelecidas nos
contratos de arredamento e de operação.
Lembremos que o movimento para a delegação da administração e
exploração dos portos para Estados e municípios, surgiu e foi viabilizado no
Congresso Nacional, através do então deputado José Carlos Aleluia, quando da transferência para os Estados de algumas rodovias
federais através da Lei Federal 9.277 de 10 de maio de 1996. A citada lei,
“autoriza a União a delegar aos municípios, estados da Federação e ao Distrito
Federal a administração e exploração das rodovias e portos federais”. Desde
então, diversos convênios foram celebrados entre a União, Estados e Municípios,
sendo os principais portos delegados o de Itajaí, Recife, São Sebastião (SP),
Suape (PE), Pecém (CE), São Luiz (MA), Paranaguá (PR) e Rio Grande (RS).
A
grande dificuldade para a
municipalização do porto de Salvador será política. Tendo sido eleito por um
partido de oposição, ACM Neto contará com a boa vontade do Governo Federal?
Esperamos que prevaleça o bom senso e o interesse pelo bem público. Devemos
acreditar que a União, o Estado e o Município decidam o melhor para o
desenvolvimento da economia da cidade e do estado da Bahia, relegando
divergências políticas e ideológicas.
No
dia 13 de maio de 2013 o Porto fará 100 anos. A delegação seria um grande
presente para o porto e para a cidade. Esperemos que o diálogo e o bom senso
prevaleçam e que o porto de Salvador possa retomar o seu lugar de destaque no
cenário nacional.
*Engenheiro “Civil e Mestre
em Administração, escreveu a tese: ‘Portos e Competitividade – A questão
portuária na Bahia”. Trabalhou no Porto de Salvador por 16 anos.
A privatização nos portos ocorreu em 1993, com a Lei 9.830.
ResponderExcluirAs Companhias Docas deixaram de realizar os serviços de movimentação de cargas nos portos e foram criados os Operadores Portuários Privados. O novo papel das Companhias Docas é o de Regulamentar e Fiscalizar os agentes privados. Os equipamentos e instalações também foram arrendados aos Operadores Provados. O novo papel das Docas é semelhante ao dos donos de Shopping Centers, que não operam as lojas e recebem pelo aluguel das mesmas,