Antonio Imbassahy*
É constrangedor sentir vergonha perante os amigos da própria casa onde se vive. Põe a autoestima da pessoa ao rés do chão. Pois é isso que o cidadão de Salvador vem sentindo diante da perda de qualidade de vida na nossa cidade nos últimos anos, a cada dia que passa.
Envergonham e deprimem o abandono de drogados e desamparados pelas ruas e praças, feito molambos; lixo e entulhos não recolhidos; passeios e calçadas tomados por ambulantes, sem organização; a bagunça no centro da cidade e nas vias principais dos bairros, a falta de fiscalização, de ordenamento, de autoridade; a deterioração contínua do Centro Histórico; o descaso, a falta de conservação de nossas praças e largos com seus monumentos, um desrespeito à nossa história e cultura. E mais um verão de caos nas praias, por falta de um projeto decente para a nossa orla. Mais o estresse dos engarrafamentos, que tornam o trafegar agressivo e o ato de estacionar uma disputa; e o projeto do metrô mutilado para légua e meia que não anda, e virou chacota nacional. Por fim, o clima de insegurança pública que assusta e muda os hábitos baianos…
Há poucos dias, neste mesmo espaço editorial, o escritor e jornalista João Carlos Teixeira Gomes escreveu sobre a vergonha ao se deparar, depois de meses longe da Bahia, com a sua cidade tão degradada urbanisticamente, vilipendiada pelo descaso dos poderes públicos. Ele ainda citou o amigo escritor João Ubaldo Ribeiro, que já não consegue andar pelas ruas de nossa capital, hoje tão desumanizada. Entristece.
Por último, a administração do prefeito João Henrique teve as contas de 2009 re-jeitadas por unanimidade pelo Tribunal de Contas dos Municípios. Desde a administração de Fernando José (1989-1993) isso não ocorre. Não se tem notícia também de algo semelhante em outra capital do País.
As principais razões apontadas pelo TCM referem-se a infrações à Constituição Federal, reincidência de impropriedades e créditos suplementares além do limite estabelecido em lei. Pior: sabe-se que as contas de 2010 apresentam buracos alarmantes, irregularidades contábeis e administrativas bem maiores. Uma administração ruinosa.
É preocupante. A prefeitura não vem cumprindo suas obrigações. Há atrasos no pagamento de serviços terceirizados e de fornecedores. Diria que a prefeitura vive uma fase de deseconomia – quando a receita diminui, a gestão de arrecadação minora, os gastos aumentam e não há correspondência entre o valor dos tributos pagos e os serviços públicos oferecidos. Daí, o contribuinte se afasta porque não mais acredita na gestão pública e o investidor não arrisca.
Esse quadro já é real e não há perspectiva de reversão. Salvador é uma cidade histórica que depende de sua cultura, do turismo e vive um momento especial a três anos e meio da Copa do Mundo 2014, que nos impõe, como uma das sedes do evento, um grande volume de investimentos em infraestrutura, notadamente no campo da mobilidade urbana. A sabida incapacidade de endividamento do município e de gerenciamento da atual administração compromete qualquer projeto. E pasmem. Com todo esse quadro, o prefeito gasta dinheiro em propaganda para divulgar a implantação temerária de um parque infantil sob o viaduto no Bonocô.
Já tivemos dias melhores de cidade limpa, contas pagas em dia, serviço público decente, administração bem avaliada, o reconhecimento de toda a nação e o cidadão orgulhoso de seu espaço. É hora de uma mobilização geral pelo resgate de nossa dignidade, de nossa cidadania … Ou será tarde demais. É hora de uma mobilização geral pelo resgate de nossa dignidade, de nossa cidadania.
*Antonio Imbassahy, Deputado Federal eleito, é engenheiro eletricista e foi prefeito de Salvador entre 1997 e 2004.
É constrangedor sentir vergonha perante os amigos da própria casa onde se vive. Põe a autoestima da pessoa ao rés do chão. Pois é isso que o cidadão de Salvador vem sentindo diante da perda de qualidade de vida na nossa cidade nos últimos anos, a cada dia que passa.
Envergonham e deprimem o abandono de drogados e desamparados pelas ruas e praças, feito molambos; lixo e entulhos não recolhidos; passeios e calçadas tomados por ambulantes, sem organização; a bagunça no centro da cidade e nas vias principais dos bairros, a falta de fiscalização, de ordenamento, de autoridade; a deterioração contínua do Centro Histórico; o descaso, a falta de conservação de nossas praças e largos com seus monumentos, um desrespeito à nossa história e cultura. E mais um verão de caos nas praias, por falta de um projeto decente para a nossa orla. Mais o estresse dos engarrafamentos, que tornam o trafegar agressivo e o ato de estacionar uma disputa; e o projeto do metrô mutilado para légua e meia que não anda, e virou chacota nacional. Por fim, o clima de insegurança pública que assusta e muda os hábitos baianos…
Há poucos dias, neste mesmo espaço editorial, o escritor e jornalista João Carlos Teixeira Gomes escreveu sobre a vergonha ao se deparar, depois de meses longe da Bahia, com a sua cidade tão degradada urbanisticamente, vilipendiada pelo descaso dos poderes públicos. Ele ainda citou o amigo escritor João Ubaldo Ribeiro, que já não consegue andar pelas ruas de nossa capital, hoje tão desumanizada. Entristece.
Por último, a administração do prefeito João Henrique teve as contas de 2009 re-jeitadas por unanimidade pelo Tribunal de Contas dos Municípios. Desde a administração de Fernando José (1989-1993) isso não ocorre. Não se tem notícia também de algo semelhante em outra capital do País.
As principais razões apontadas pelo TCM referem-se a infrações à Constituição Federal, reincidência de impropriedades e créditos suplementares além do limite estabelecido em lei. Pior: sabe-se que as contas de 2010 apresentam buracos alarmantes, irregularidades contábeis e administrativas bem maiores. Uma administração ruinosa.
É preocupante. A prefeitura não vem cumprindo suas obrigações. Há atrasos no pagamento de serviços terceirizados e de fornecedores. Diria que a prefeitura vive uma fase de deseconomia – quando a receita diminui, a gestão de arrecadação minora, os gastos aumentam e não há correspondência entre o valor dos tributos pagos e os serviços públicos oferecidos. Daí, o contribuinte se afasta porque não mais acredita na gestão pública e o investidor não arrisca.
Esse quadro já é real e não há perspectiva de reversão. Salvador é uma cidade histórica que depende de sua cultura, do turismo e vive um momento especial a três anos e meio da Copa do Mundo 2014, que nos impõe, como uma das sedes do evento, um grande volume de investimentos em infraestrutura, notadamente no campo da mobilidade urbana. A sabida incapacidade de endividamento do município e de gerenciamento da atual administração compromete qualquer projeto. E pasmem. Com todo esse quadro, o prefeito gasta dinheiro em propaganda para divulgar a implantação temerária de um parque infantil sob o viaduto no Bonocô.
Já tivemos dias melhores de cidade limpa, contas pagas em dia, serviço público decente, administração bem avaliada, o reconhecimento de toda a nação e o cidadão orgulhoso de seu espaço. É hora de uma mobilização geral pelo resgate de nossa dignidade, de nossa cidadania … Ou será tarde demais. É hora de uma mobilização geral pelo resgate de nossa dignidade, de nossa cidadania.
*Antonio Imbassahy, Deputado Federal eleito, é engenheiro eletricista e foi prefeito de Salvador entre 1997 e 2004.