Altamirando Santana*
Com a morte de Oliveiros Guanais de Aguiar, no dia 21 de novembro de 2010, a comunidade médica da Bahia perdeu um anestesiologista de projeção nacional, da melhor formação ética e humana.
Nasceu em 19 de agosto de 1936, na cidade de Caetité, tradicional centro educacional e cultural do sertão baiano, berço de grandes talentos. Dotado de inteligência privilegiada, a vasta cultura filosófica e humanística que Guanais cristalizou, no curso de sua vida, honra seus conterrâneos. Primeiro de sua classe desde o curso fundamental em sua terra natal ao curso secundário no colégio dos jesuítas em Salvador. Primeiro lugar, também, no vestibular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, na qual se graduou com louvor, em 1961, proferindo primorosa oração em nome dos seus colegas na solenidade de formatura.
Vocacionado para as ações coletivas, Guanais era um brilhante orador, foi líder estudantil consagrado, presidente da União dos Estudantes da Bahia (UEB) e da União Nacional dos Estudantes (UNE), numa época na qual o movimento estudantil exercia vigorosa influência na política brasileira.
Na vida médica associativa, foi presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado Bahia (SAEB), na Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) exerceu quase todos os cargos: membro do Conselho Editorial da Revista Brasileira e da Comissão do Titulo Superior, dentre outros, e não chegou a sua presidência porque não quis.
O gosto pelo debate e o seu espírito questionador marcaram época nas Assembleias de Representantes da Sociedade, em que o seu conceito de debatedor perspicaz e as suas citações latinas ainda hoje são lembrados. No Conselho Regional de Medicina da Bahia e no Conselho Federal de Medicina, seus pronunciamentos em plenário, seus pareceres bem fundamentados sempre foram acatados com respeito e atenção pelos seus pares.
Tive o privilégio de viver muito proximamente de Guanais por mais de meio século; conhecemo-nos ainda estudantes e presenciei a grandeza de sua alma na intimidade do trabalho e na vida familiar. Gostava de conversar com os colegas de trabalho nos centros cirúrgicos, sobretudo com enfermeiros, enfermeiras e auxiliares. Era sempre uma fonte de consultas sobre os mais variados assuntos, desde temas existenciais até os problemas relativos à área médica. Por onde passou deixou o sinal de sua sabedoria.
No Hospital das Clínicas da Universidade Federal da Bahia, exerceu a função de professor e contribuiu para formar várias gerações de médicos anestesiologistas. A sua ação se fez presente praticamente em todos os hospitais de Salvador, com destaque para o Hospital da Beneficência Portuguesa na Bahia, no qual trabalhou e viveu seus últimos momentos, cercado do carinho e respeito de todos, dos mais humildes aos mais destacados colegas de jornada. Durante a sua longa enfermidade, em nenhum momento perdeu a sua verve espirituosa, foi um estoico, celebrou a vida até os últimos dias de consciência. Conhecedor de sua finitude, Guanais conferiu aos seus mais próximos o sentido do viver e morrer em paz.
Casado com Simone Campos Guanais há 45 anos, constituiu família bonita e harmoniosa, com os três filhos Frederico, Juliana, Oliveiros Filho, e os dois netos, Henrico e Fátima, presença constante em sua vida. Merece registro especial o conforto físico e espiritual de suas irmãs Esméria, Palmira, Cecê e Terezinha.
A saudade é a presença do espírito ao longo do caminho da vida.
*Dr. Altamirando Santana, médico, foi presidente da Sociedade Brasileira de Anestesiologia
Com a morte de Oliveiros Guanais de Aguiar, no dia 21 de novembro de 2010, a comunidade médica da Bahia perdeu um anestesiologista de projeção nacional, da melhor formação ética e humana.
Nasceu em 19 de agosto de 1936, na cidade de Caetité, tradicional centro educacional e cultural do sertão baiano, berço de grandes talentos. Dotado de inteligência privilegiada, a vasta cultura filosófica e humanística que Guanais cristalizou, no curso de sua vida, honra seus conterrâneos. Primeiro de sua classe desde o curso fundamental em sua terra natal ao curso secundário no colégio dos jesuítas em Salvador. Primeiro lugar, também, no vestibular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, na qual se graduou com louvor, em 1961, proferindo primorosa oração em nome dos seus colegas na solenidade de formatura.
Vocacionado para as ações coletivas, Guanais era um brilhante orador, foi líder estudantil consagrado, presidente da União dos Estudantes da Bahia (UEB) e da União Nacional dos Estudantes (UNE), numa época na qual o movimento estudantil exercia vigorosa influência na política brasileira.
Na vida médica associativa, foi presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado Bahia (SAEB), na Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) exerceu quase todos os cargos: membro do Conselho Editorial da Revista Brasileira e da Comissão do Titulo Superior, dentre outros, e não chegou a sua presidência porque não quis.
O gosto pelo debate e o seu espírito questionador marcaram época nas Assembleias de Representantes da Sociedade, em que o seu conceito de debatedor perspicaz e as suas citações latinas ainda hoje são lembrados. No Conselho Regional de Medicina da Bahia e no Conselho Federal de Medicina, seus pronunciamentos em plenário, seus pareceres bem fundamentados sempre foram acatados com respeito e atenção pelos seus pares.
Tive o privilégio de viver muito proximamente de Guanais por mais de meio século; conhecemo-nos ainda estudantes e presenciei a grandeza de sua alma na intimidade do trabalho e na vida familiar. Gostava de conversar com os colegas de trabalho nos centros cirúrgicos, sobretudo com enfermeiros, enfermeiras e auxiliares. Era sempre uma fonte de consultas sobre os mais variados assuntos, desde temas existenciais até os problemas relativos à área médica. Por onde passou deixou o sinal de sua sabedoria.
No Hospital das Clínicas da Universidade Federal da Bahia, exerceu a função de professor e contribuiu para formar várias gerações de médicos anestesiologistas. A sua ação se fez presente praticamente em todos os hospitais de Salvador, com destaque para o Hospital da Beneficência Portuguesa na Bahia, no qual trabalhou e viveu seus últimos momentos, cercado do carinho e respeito de todos, dos mais humildes aos mais destacados colegas de jornada. Durante a sua longa enfermidade, em nenhum momento perdeu a sua verve espirituosa, foi um estoico, celebrou a vida até os últimos dias de consciência. Conhecedor de sua finitude, Guanais conferiu aos seus mais próximos o sentido do viver e morrer em paz.
Casado com Simone Campos Guanais há 45 anos, constituiu família bonita e harmoniosa, com os três filhos Frederico, Juliana, Oliveiros Filho, e os dois netos, Henrico e Fátima, presença constante em sua vida. Merece registro especial o conforto físico e espiritual de suas irmãs Esméria, Palmira, Cecê e Terezinha.
A saudade é a presença do espírito ao longo do caminho da vida.
*Dr. Altamirando Santana, médico, foi presidente da Sociedade Brasileira de Anestesiologia
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