Henrique Carballal
A situação do trânsito de Salvador está rumando para o caos total. Há três anos, os ônibus circulavam com velocidade média de 12 km/hora na cidade. Hoje, a média reduziu para 8 km/hora. O que ocorreu com a cidade foi o mesmo que aconteceu com o próprio Brasil a partir do projeto desenvolvimentista, com ênfase na indústria automobilística, implementado pelo presidente Juscelino Kubitschek, tendo como espelho os Estados Unidos. Hoje já é necessário se pensar em alternativas para reduzir o fluxo e também repensar os próprios viadutos, construídos visando suportar cargas em movimento e não cargas paradas, provocadas pelos imensos congestionamentos. Salvador conta hoje com 650 mil veículos nas ruas e mensalmente são adicionados outros cinco mil. O problema tende, e muito, a piorar. Um detalhe interessante é que, se colocarmos os carros em fila única – na média de três metros cada um –, formaria uma linha extensa o suficiente para ir, voltar e ir novamente a Porto Alegre. O modelo é individualista e altamente poluidor. O que seria a solução para o caos iminente, um transporte de massa com qualidade para a cidade, o metrô, já consumiu R$ 1,4 bilhão e continua sem previsão de término, esgotando o dinheiro público e a paciência dos soteropolitanos, que não suportam mais olhar para o concreto flutuante sobre a Avenida Bonocô. Pior ainda é saber que a primeira fase será entregue com apenas seis quilômetros de extensão. Uma dúvida ainda paira no ar: qual a razão de ele ser construído elevado do chão, já que as pilastras se multiplicam sobre o canteiro central por toda a extensão da avenida? As denúncias de superfaturamento continuam aparecendo, e é necessário que o Tribunal de Contas da União, que já encontrou irregularidades na obra, continue investigando onde foi parar tanto dinheiro. A Câmara Municipal de Salvador tem o papel de investigar a “novela” do metrô. Um outro problema que certamente virá à tona assim que – quem sabe um dia – o primeiro trecho do metrô começar a funcionar é a questão da origem/destino. Os dois pontos finais ficam localizados em áreas não-habitacionais. Tanto a Lapa, quanto a Rótula do Abacaxi não são, necessariamente, áreas de moradia. Quer dizer, para chegar à Estação da Lapa, o usuário terá de se deslocar de um outro lugar de transporte coletivo, da mesma forma que para a Rótula do Abacaxi. Ao usuário, restará pagar tarifa dobrada.Aos custos atuais, a passagem do metrô, para se tornar sustentável, seria R$ 14, o que é inviável e proibitivo. Não é possível se gerir dinheiro público de forma tão irresponsável, e até mesmo criminosa, e sair ileso. É importante que se encontrem os culpados para essa situação que já virou motivo de piada. O metrô de Salvador vai entrar para o Guiness Book como o menor do mundo, o que mais tempo levou para ser concluído, além de ser o mais caro. O que deve ser pensado é um transporte de massa que incorpore a Região Metropolitana de Salvador, já que muitos dos cidadãos que trabalham na capital moram em cidades próximas, como Simões Filho, Camaçari e Lauro de Freitas. É necessário também se pensar a situação do subúrbio ferroviário, com seus mais de 400mil habitantes, retornando o acesso do trem metropolitano para as cidades da RMS e todo o Estado. Precisamos encontrar uma saída que garanta o término das obras da primeira etapa e discutir formas para dar prosseguimento ao projeto. Pouco se comenta sobre o assunto, mas quem vai pagar os subsídios das tarifas quando, finalmente, o metrô entrar em funcionamento? E quais os modelos dos modais a serem implantados? Terão tarifas integradas? Pelo bem do desenvolvimento de Salvador e o futuro da cidade – incluindo aí a realização da Copa de 2014 – tem que ser decidido quem vai assumir a operação, até pelo fato de que tanto dinheiro foi investido e ainda é necessário se injetar mais recursos para que a obra seja concluída. O projeto deve atender aos interesses do público, que com um transporte de qualidade poderia deixar o automóvel em casa e utilizar um meio de transporte confortável, seguro e que cumpra seus horários. Todos os seus horários.
A situação do trânsito de Salvador está rumando para o caos total. Há três anos, os ônibus circulavam com velocidade média de 12 km/hora na cidade. Hoje, a média reduziu para 8 km/hora. O que ocorreu com a cidade foi o mesmo que aconteceu com o próprio Brasil a partir do projeto desenvolvimentista, com ênfase na indústria automobilística, implementado pelo presidente Juscelino Kubitschek, tendo como espelho os Estados Unidos. Hoje já é necessário se pensar em alternativas para reduzir o fluxo e também repensar os próprios viadutos, construídos visando suportar cargas em movimento e não cargas paradas, provocadas pelos imensos congestionamentos. Salvador conta hoje com 650 mil veículos nas ruas e mensalmente são adicionados outros cinco mil. O problema tende, e muito, a piorar. Um detalhe interessante é que, se colocarmos os carros em fila única – na média de três metros cada um –, formaria uma linha extensa o suficiente para ir, voltar e ir novamente a Porto Alegre. O modelo é individualista e altamente poluidor. O que seria a solução para o caos iminente, um transporte de massa com qualidade para a cidade, o metrô, já consumiu R$ 1,4 bilhão e continua sem previsão de término, esgotando o dinheiro público e a paciência dos soteropolitanos, que não suportam mais olhar para o concreto flutuante sobre a Avenida Bonocô. Pior ainda é saber que a primeira fase será entregue com apenas seis quilômetros de extensão. Uma dúvida ainda paira no ar: qual a razão de ele ser construído elevado do chão, já que as pilastras se multiplicam sobre o canteiro central por toda a extensão da avenida? As denúncias de superfaturamento continuam aparecendo, e é necessário que o Tribunal de Contas da União, que já encontrou irregularidades na obra, continue investigando onde foi parar tanto dinheiro. A Câmara Municipal de Salvador tem o papel de investigar a “novela” do metrô. Um outro problema que certamente virá à tona assim que – quem sabe um dia – o primeiro trecho do metrô começar a funcionar é a questão da origem/destino. Os dois pontos finais ficam localizados em áreas não-habitacionais. Tanto a Lapa, quanto a Rótula do Abacaxi não são, necessariamente, áreas de moradia. Quer dizer, para chegar à Estação da Lapa, o usuário terá de se deslocar de um outro lugar de transporte coletivo, da mesma forma que para a Rótula do Abacaxi. Ao usuário, restará pagar tarifa dobrada.Aos custos atuais, a passagem do metrô, para se tornar sustentável, seria R$ 14, o que é inviável e proibitivo. Não é possível se gerir dinheiro público de forma tão irresponsável, e até mesmo criminosa, e sair ileso. É importante que se encontrem os culpados para essa situação que já virou motivo de piada. O metrô de Salvador vai entrar para o Guiness Book como o menor do mundo, o que mais tempo levou para ser concluído, além de ser o mais caro. O que deve ser pensado é um transporte de massa que incorpore a Região Metropolitana de Salvador, já que muitos dos cidadãos que trabalham na capital moram em cidades próximas, como Simões Filho, Camaçari e Lauro de Freitas. É necessário também se pensar a situação do subúrbio ferroviário, com seus mais de 400mil habitantes, retornando o acesso do trem metropolitano para as cidades da RMS e todo o Estado. Precisamos encontrar uma saída que garanta o término das obras da primeira etapa e discutir formas para dar prosseguimento ao projeto. Pouco se comenta sobre o assunto, mas quem vai pagar os subsídios das tarifas quando, finalmente, o metrô entrar em funcionamento? E quais os modelos dos modais a serem implantados? Terão tarifas integradas? Pelo bem do desenvolvimento de Salvador e o futuro da cidade – incluindo aí a realização da Copa de 2014 – tem que ser decidido quem vai assumir a operação, até pelo fato de que tanto dinheiro foi investido e ainda é necessário se injetar mais recursos para que a obra seja concluída. O projeto deve atender aos interesses do público, que com um transporte de qualidade poderia deixar o automóvel em casa e utilizar um meio de transporte confortável, seguro e que cumpra seus horários. Todos os seus horários.
* Professor e Vereador de Salvador
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