Nivaldo Andrade*
No final da década de 1920 e o início da década seguinte testemunham a chegada, no Brasil e na Bahia, de uma nova arquitetura, que busca romper com o ecletismo então dominante e com o movimento neocolonial surgido alguns anos antes. O final da década de 1920 e o início da década seguinte testemunham a chegada, no Brasil e na Bahia, de uma nova arquitetura, que busca romper com o ecletismo então dominante e com o movimento neocolonial surgido alguns anos antes. A reação ao ecletismo e ao neocolonial se deu por meio de um conjunto de expressões arquitetônicas que se tornou mundialmente conhecido como “arquitetura moderna”, que se apropria dos novos materiais de construção, como o aço, o concreto e o vidro, e da liberdade decorrente da adoção de uma estrutura independente dos elementos de vedação (paredes), abolindo a estrutura mural e promovendo integração visual entre interior e exterior e continuidade espacial no interior das edificações. Também chamada de funcionalista ou racionalista, a arquitetura moderna se caracteriza, ainda, pelas formas geométricas e pela abolição dos ornamentos.
A primeira fase da arquitetura moderna na Bahia se caracteriza pelas influências das vanguardas europeias, como a Bauhaus e o expressionismo alemão. Dentre as obras dessa primeira fase, podemos destacar, em Salvador, o Elevador Lacerda (1930); a sede do Instituto do Cacau da Bahia (1939), no Comércio; a Escola Normal da Bahia (1939), no Barbalho, atual Instituto Central de Educação Isaías Alves - ICEIA; a Estação de Hidroaviões (1939), na Ribeira; e o Sanatório de Tuberculosos Santa Terezinha (1942), na Caixa d’Água. No interior do estado, merecem menção o Instituto Municipal do Ensino (1939) e o estádio atualmente batizado de Mário Pessoa (1942), ambos em Ilhéus. Todas estas obras foram projetadas por profissionais sediados no Rio de Janeiro, muitos deles estrangeiros, como os alemães Alexander Büddeus e Alexander Altberg, o sueco-americano Fleming Thiesen e o húngaro Adalberto Szilard.
Figura 01 - Escola Normal da Bahia, no bairro do Barbalho, em Salvador, atual Instituto Central de Educação Isaías Alves (Fonte: Acervo da Construtora Carioca Christiani-Nielsen) |
A partir do início dos anos 1940, a chamada escola carioca, liderada por Lucio Costa e Oscar Niemeyer e fortemente influenciada pelo arquiteto franco-suíço Le Corbusier, ganha reconhecimento internacional. Os ecos da escola carioca na Bahia se farão sentir seja através de obras projetadas por profissionais formados e sediados no Rio de Janeiro, como os arquitetos José Bina Fonyat Filho (Teatro Castro Alves, 1957), Paulo Antunes Ribeiro (edifício Caramuru, 1949; agência do Banco da Bahia em Ilhéus, 1951), Jorge Machado Moreira (Sanatório de Triagem do Parque Sanatorial Santa Terezinha, 1951) e Hélio Uchôa (Conjunto Residencial do IAPI, 1952) e o paisagista Roberto Burle Marx (reforma do Terreiro de Jesus, 1950), seja por meio de profissionais locais, como Diógenes Rebouças (Hotel da Bahia, com Paulo Antunes Ribeiro, 1952; Centro Educacional Carneiro Ribeiro, 1950-1964; Escola Politécnica da UFBA, 1960) e a dupla Antônio Rebouças e Lev Smarcevscki (diversas residências para a burguesia local, construídas no início dos anos 1950).
Figura 02 - Escola Politécnica da UFBA, no bairro da Federação, em Salvador (Fonte: Memorial Arlindo Coelho Fragoso / Escola Politécnica da UFBA) |
Como consequência da criação da Universidade da Bahia, em 1946; da incorporação à universidade, dois anos depois, da Escola de Belas Artes (EBA); e da federalização da universidade, rebatizada como UFBA, em 1950, ocorre, nos primeiros anos da década de 1950, a reformulação do curso de arquitetura da EBA. Esse processo, que culminará com a criação da Faculdade de Arquitetura da UFBA, em 1959, transforma um curso incipiente e irregular em um centro de formação de gerações e gerações de arquitetos, tendo Diógenes Rebouças como um dos seus professores mais atuantes.
*Arquiteto e Professor, foi presidente do IAB- Bahia’s
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