quinta-feira, 17 de julho de 2014

Economia criativa em alta

Adriana Guarda*
Como as pessoas podem fazer dinheiro com ideias? Foi respondendo a essa pergunta que o jornalista britânico John Howkins conseguiu formular um dos conceitos mais difundidos do que é a chamada economia criativa. O termo é utilizado para agrupar atividades econômicas que usam a criatividade e a exploração da propriedade intelectual como base de seu negócio. Assim, figuram na lista cultura, comunicação, artes, tecnologia, moda, design, fotografia e tantas outras.
No mundo, ela já representa 7% do Produto Interno Bruto (PIB) e se destaca em países desenvolvidos como Inglaterra, Estados Unidos e Austrália. O conceito ganhou destaque durante o governo do primeiro-ministro britânico (1997 a 2007), Tony Blair, com uma série de incentivos a atividades que envolvem a criatividade, como software, design e mídia”, explica o professor do Departamento de Economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), José Carlos Cavalcanti.
A Inglaterra é o país de maior crescimento da economia criativa, com taxa de 8% ao ano, além de participação de 8,2% no PIB e 6,4% da força de trabalho empregada na área. No Brasil ainda existe pouca estatística disponível e o uso do conceito é recente. Mas na experiência mundial já surgiu até faculdade de indústria criativa, a exemplo da Austrália”, compara Cavalcanti.
Na tentativa de identificar como o Recife poderá se posicionar diante do novo ciclo da economia pernambucana, a prefeitura decidiu encomendar um estudo prospectivo sobre cadeias produtivas com potencial de inovação. Nossa intenção foi mapear que cadeias são essas para fomentar o desenvolvimento de setores vocacionados, afirma o secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Recife, José Bertotti Júnior. O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) fez o levantamento de dez cadeias produtivas e contratou a consultoria Porto Marinho para elaborar o capítulo sobre indústria criativa.

Nos próximos anos o que vai bombar é a economia criativa. O futuro está na indústria de serviços modernos, que tem maior empregabilidade e agrega mais investimentos. Por isso, é necessário mudar a maneira como a gestão pública vê esses setores. Suape é importante, mas uma refinaria de petróleo gera poucos empregos na fase de operação”, analisa o consultor Cláudio Marinho, da Porto Marinho. Ele alerta, ainda, sobre a importância de inovar no modelo de negócio, que necessita de um arcabouço diferente do praticado pela economia conservadora.
O consultor também compara que o crescimento da economia criativa é superior ao da economia tradicional. Segundo ele, entre 2006 e 2009, a expansão da indústria criativa foi de 21%, diante de 6% da formal. A base de dados sobre o setor ainda é escassa, mas a estimativa é de que a atividade empregue 7.573 pessoas no Estado.
EXPERTISE
O Porto Digital poderá alavancar a criação de um polo de economia criativa em Pernambuco, com sua experiência de dez anos como um parque tecnológico urbano de sucesso. A proposta é criar um Centro de Excelência em Tecnologia para a Economia Criativa e Inovação do Porto Digital (Cetec). O projeto já parte com recurso de R$ 5 milhões de emendas parlamentares no orçamento do Ministério de Ciência e Tecnologia.
O centro teria três eixos principais: formação de profissionais em tecnologia, experimentação, por meio de uma estrutura de laboratórios e estúdios, e empreendedorismo e incubação, a partir de fomento à criação de negócios inovadores. O presidente do Porto Digital, Francisco Saboya, está negociando um casarão no Recife Antigo para abrigar o Cetec. O centro teria uma estrutura com edifício empresarial para locação de espaço para as empresas, uma área para instalação de laboratórios e estúdios, um prédio para pesquisa, desenvolvimento e inovação, além de um museu do futuro imaginário.
A Porto Marinho também sugeriu a criação de um Centro de Multilinguagem da Economia Shopping da Música, com estúdios e auditórios para ensaios de bandas, bares e lanchonetes, áreas de convivência e lojas de produtos relacionados à música pernambucana”, adianta Cláudio Marinho.
*Jornalista - adrianaguarda@jc.com.br

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