Horácio Brasil*
Passei a conhecer melhor o ilustre baiano Anísio Teixeira, através do professor João Augusto Lima Rocha, da Escola Politécnica da Ufba. João Augusto coordenou e editou "Anísio em Movimento", uma coletânea de artigos de pessoas que com o homenageado conviveram, de outras tantas que o conheceram ou foram pinçados da grande obra desse baiano que via a educação pública como a única maneira de sermos uma nação desenvolvida.
Anísio não entendia muito de futebol - se não me engano não tinha nenhum time de sua predileção -, no entanto, quando podia, não perdia uma boa partida. Clássicos do tipo Fla-Flu, Ba-Vi e por aí vai eram motivos para que o grande empreendedor da educação pública se deslocasse até os estádios. Movido pela curiosidade de como o esporte bretão arrebatava tantas paixões nos nobres e nos pobres tupiniquins, pretendia Anísio drenar parte dessa energia emocional para um apaixonante projeto de educação pública de qualidade no país. Talvez não tenha descoberto a fórmula de fazê-lo, mas nos legou uma boa ideia.
Depois de um longo período sem maiores modificações na infraestrutura viária, e sem, basicamente, nenhum investimento que objetivasse prover uma logística urbana para o crescimento da população e da renda, Salvador se vê agraciada com a possibilidade de abrigar jogos da Copa do Mundo de 2014. Como se sabe, a Fifa, patrocinadora do megaevento, estabelece, dentre outras exigências, que a cidade tenha uma arena esportiva reconfigurada e um bom projeto de mobilidade com base no transporte público, e aí... bingo!
O futebol passa a ser o grande "catalisador" de um processo já bastante atrasado de requalificação de nossa cidade, especificamente. Projetos como uma nova Fonte Nova e uma rede integrada de corredores de transportes com base no sistema BRT, lideram outros projetos e ações que, necessariamente, precisam ser implementados desde já. Ao projeto de mobilidade devem estar associadas intervenções referentes à urbanização de áreas contíguas, limpeza urbana, segurança pública, hospitais e postos de saúde, gerenciamento competente do tráfego e - o que norteia tudo isso - um competente projeto de educação, começando pela requalificação da escola pública e estendida ao cidadão que ainda dirige automóvel e motocicleta de maneira temerária, suja as ruas, ouve som em alto volume, não respeita os idosos nem pessoas com necessidades especiais e polui o meio ambiente.
É muito importante relacionarmos o slogan "terra da felicidade", com terra da mobilidade, da acessibilidade, da urbanidade, da limpeza, da segurança e, sobretudo, da educação pública de qualidade. Vale lembrar que Anísio Teixeira já houvera pensado no futebol como o grande motor de tudo isso.
*Horácio Brasil é mestre em engenharia de transporte
Passei a conhecer melhor o ilustre baiano Anísio Teixeira, através do professor João Augusto Lima Rocha, da Escola Politécnica da Ufba. João Augusto coordenou e editou "Anísio em Movimento", uma coletânea de artigos de pessoas que com o homenageado conviveram, de outras tantas que o conheceram ou foram pinçados da grande obra desse baiano que via a educação pública como a única maneira de sermos uma nação desenvolvida.
Anísio não entendia muito de futebol - se não me engano não tinha nenhum time de sua predileção -, no entanto, quando podia, não perdia uma boa partida. Clássicos do tipo Fla-Flu, Ba-Vi e por aí vai eram motivos para que o grande empreendedor da educação pública se deslocasse até os estádios. Movido pela curiosidade de como o esporte bretão arrebatava tantas paixões nos nobres e nos pobres tupiniquins, pretendia Anísio drenar parte dessa energia emocional para um apaixonante projeto de educação pública de qualidade no país. Talvez não tenha descoberto a fórmula de fazê-lo, mas nos legou uma boa ideia.
Depois de um longo período sem maiores modificações na infraestrutura viária, e sem, basicamente, nenhum investimento que objetivasse prover uma logística urbana para o crescimento da população e da renda, Salvador se vê agraciada com a possibilidade de abrigar jogos da Copa do Mundo de 2014. Como se sabe, a Fifa, patrocinadora do megaevento, estabelece, dentre outras exigências, que a cidade tenha uma arena esportiva reconfigurada e um bom projeto de mobilidade com base no transporte público, e aí... bingo!
O futebol passa a ser o grande "catalisador" de um processo já bastante atrasado de requalificação de nossa cidade, especificamente. Projetos como uma nova Fonte Nova e uma rede integrada de corredores de transportes com base no sistema BRT, lideram outros projetos e ações que, necessariamente, precisam ser implementados desde já. Ao projeto de mobilidade devem estar associadas intervenções referentes à urbanização de áreas contíguas, limpeza urbana, segurança pública, hospitais e postos de saúde, gerenciamento competente do tráfego e - o que norteia tudo isso - um competente projeto de educação, começando pela requalificação da escola pública e estendida ao cidadão que ainda dirige automóvel e motocicleta de maneira temerária, suja as ruas, ouve som em alto volume, não respeita os idosos nem pessoas com necessidades especiais e polui o meio ambiente.
É muito importante relacionarmos o slogan "terra da felicidade", com terra da mobilidade, da acessibilidade, da urbanidade, da limpeza, da segurança e, sobretudo, da educação pública de qualidade. Vale lembrar que Anísio Teixeira já houvera pensado no futebol como o grande motor de tudo isso.
*Horácio Brasil é mestre em engenharia de transporte
Esse cidadão é mestre em pilantragem. Isso sim!
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